Além de transformar o perfil dos profissionais, a digitalização também irá ampliar suas áreas de atuação, contribuindo para a construção do futuro do Brasil. Carreiras como engenharia, tecnologia da informação (TI) e finanças, por exemplo, já começaram a ganhar segmentações em decorrência da tecnologia. Um estudo do Bureau of Labor Statistics (BLS), do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, mostrou que as profissões de TI e engenharia vão crescer pelo menos 20% nos próximos anos.
No Brasil, essa tendência já pode ser observada, como mostram duas pesquisas divulgadas no ano passado pela consultoria de Recursos Humanos Kelly Services, especializada em engenharia e tecnologia da informação, sobre o panorama de trabalho nas duas áreas em São Paulo. A cidade concentra a maior parte dos profissionais e das oportunidades – 30% do total de empregos de TI, com aproximadamente 90 mil vagas, e 30 mil engenheiros empregados, o que representa 14% do total dos talentos de engenharia do País. O relatório indica ainda que o emprego em TI cresceu três vezes mais do que o total de empregos na região, de 2010 a 2013. Para os engenheiros, o cenário também é promissor.
Funções estratégicas
Um relatório do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que o Brasil precisará de 600 mil a 1,15 milhão de engenheiros para atender à expectativa das indústrias até 2020. As áreas em alta são engenharia da computação e de produção. No primeiro caso, os profissionais podem atuar em empresas e indústrias do setor de tecnologia e em centros de pesquisa e inovação. “Já os engenheiros de produção são profissionais estratégicos, que estão ligados diretamente ao negócio de uma determinada companhia, seja trabalhando com a cadeia produtiva, a logística ou garantindo a eficiência dos processos”, explica o engenheiro Maximiliano Bavaresco, sócio diretor da Sonne Consultoria.
Garantir a eficiência dos processos faz parte do dia a dia do engenheiro Lucas Vasconcellos, 46, gerente de produção de produtos de alta tensão da Siemens. “Através da aplicação de conceitos para eliminação de desperdícios, conseguimos melhorias de produtividade, redução de tempo, de custos e maior ganho de qualidade, trazendo benefícios para a área e para o próprio colaborador”, conta. O engenheiro aplica sua expertise nesses processos em metodologia Lean (que tem como objetivo melhorar a utilização dos recursos e aumentar a satisfação dos clientes), e o resultado é motivo de orgulho. “Os produtos que fabricamos na Siemens estão espalhados pelo País. Qualquer lugar que tenha uma linha de geração, transmissão e distribuição de energia fará parte do nosso trabalho”, diz.
Profissionais requisitados
Desde que a internet passou a integrar a rotina das pessoas, a tecnologia da informação (TI) vem se tornando uma área cada vez mais relevante. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o mercado já emprega 1,3 milhão de pessoas. E a contratação desses profissionais deve ter um aumento de 30% até 2016. “Há muitas oportunidades de negócios. Tudo que depende do mundo digital exige uma demanda por profissionais de TI, como programadores de sistemas, desenvolvedores de aplicativos e de infraestrutura”, diz o engenheiro Luís Testa, diretor de marketing da Catho. As vagas anunciadas no setor de tecnologia da informação pela empresa de seleção e recrutamento tiveram um aumento de 44% de janeiro a junho de 2015 em relação ao mesmo período no ano passado.
A expertise dos profissionais de TI está presente na Divisão Digital Factory da Siemens, cujo portfólio engloba as etapas fundamentais do ciclo de vida do produto, desde a concepção até os serviços de manutenção, passando pela engenharia e manufatura. No centro dessa gama de soluções, estão os princípios de automação totalmente integrada (Totally Integrated Automation – TIA). Entre os benefícios dessas tecnologias, podem ser citados custos menores (estima-se que a redução apenas na etapa de engenharia possa chegar a 30%), agilidade na atualização de processos e aumento significativo da disponibilidade de máquinas e equipamentos.
Evangelistas de tecnologia
A crescente automatização e a adaptação dos processos e políticas ao ambiente tecnológico também está transformando o papel dos profissionais de finanças dentro das empresas. O estudo global Empowering Modern Finance: The CFO as Technology Evangelist, patrocinado pela Oracle e pela Accenture e divulgado no ano passado, constatou que os CFOs (Chief Financial Officers) estão se tornando “evangelistas de tecnologia” e “estrategistas corporativos”. Ou seja, profissionais que reconhecem a relevância das tecnologias para os negócios em geral e as usa de forma estratégica na empresa.
Essa descrição se aplica ao administrador de empresas Rodrigo Lorenzo, 29, gerente de administração financeira e controladoria da Siemens na divisão de energia eólica. Ele se especializou em gestão de exposição cambial no início da carreira, criou ferramentas de gestão de projetos e atualmente busca, junto com sua equipe, a otimização tributária nas operações da Siemens. Rodrigo destaca a importância dos profissionais de finanças para a análise de risco e estratégia das companhias. “Não estamos trabalhando simplesmente com os números, tudo o que fazemos gera empregos, produtividade e aumento do crescimento do País”.