O senso comum de que o brasileiro é um povo empreendedor foi comprovado pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, realizada pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). O relatório mais recente, relativo a 2014, mostrou que 34,5% dos brasileiros com idades entre 18 e 64 anos estão envolvidos em alguma atividade empreendedora – o maior índice de todos os tempos. “Quando comparado com os países que compõem o Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o nosso país é o que possui maior taxa de empreendedorismo, ficando quase oito pontos percentuais à frente da China”, disse o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, à Agência Sebrae.
Atualmente este espírito empreendedor vem sendo cada vez mais valorizado dentro das empresas. “Não são os mais fortes que irão sobreviver no mercado de trabalho, e sim os mais flexíveis. Essa habilidade é muito importante em um ambiente digitalizado, que muda o tempo todo”, diz o especialista em gerenciamento de carreira Fabricio Barbirato, diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos (IDCE).
Ele cita um estudo realizado pelo IDCE para exemplificar a afirmação. Dos 50 executivos de Recursos Humanos que responderam sobre as características mais valorizadas em um profissional, apenas 12% se lembraram de competências tradicionais, como formação acadêmica e conhecimentos técnicos. A maioria citou a flexibilidade e outras habilidades que descrevem o chamado profissional empreendedor.
Além da descrição de cargo
Esse tipo de profissional é aquele que tem a postura de dono. “Quem pensa e age dessa forma sempre busca alternativas pensando no melhor para a empresa”, afirma Barbirato. Entender o negócio como um todo, desde o portfólio de produtos, até o faturamento da empresa, passando pelo estudo dos principais concorrentes no mercado, fazem parte desse pacote também. “É preciso pensar local e agir globalmente”, diz o consultor. Isso significa que o funcionário deve entender de que maneira a atividade dele impacta no resultado final.
Outra característica destacada pelo especialista é o famoso “pensar fora da caixa”, que significa ir além da descrição de cargo. “Desempenhar a função para o qual foi contratado é o mínimo que qualquer empresa espera de um profissional. Aquele que se destaca é o que surpreende com ideias, inciativas e soluções”. Nem precisa ser algo grandioso, demonstrações de boa vontade e proatividade no dia a dia já fazem a diferença.
Por exemplo: a pessoa recebe um e-mail e não sabe como respondê-lo. Em vez de perguntar para o chefe e transferir o problema, o procedimento correto é tentar buscar uma solução e discuti-la com o superior, sugere Barbirato. “É preciso ser proativo. Se a pessoa pensar em realizar só as funções dela, nunca irá sair do lugar”.