No dia 10 de junho, a Casa do Saber, no Jardim Paulista, em São Paulo, abriu espaço para um time de primeira linha debater um tema extremamente em voga em vários países: a Indústria 4.0 – e como ela pode fazer a diferença no futuro do nosso país, no primeiro debate promovido dentro do projeto “O Brasil que o Brasil Quer”.
Com o objetivo de discutir os rumos da indústria brasileira, bem como ressaltar seus desafios e oportunidades frente a uma grande transformação mundial, o debate contou com a expertise do economista Antonio Carlos Corrêa de Lacerda, de Carlos Arruda, gerente do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, e de Renato Corte Brilho Buselli, vice-presidente sênior da divisão Digital Factory, da Siemens do Brasil.
Olhar para o que virá
“Nosso desafio é recriar essa indústria do século 21”, afirmou o economista Antonio Carlos Corrêa de Lacerda. “É preciso recriar as condições para que produtores locais gerem valor agregado, inovação e pesquisa, tarefas que possam se traduzir em desenvolvimento sustentável para o Brasil.” Países que mantiveram sua indústria forte e competitiva, baseada na tecnologia, conseguiram se manter e até prosperar, mesmo nas crises econômicas globais mais recentes.
Para Renato Corte Brilho Buselli, da Siemens, esse momento é um “portal”. “É o quarto portal de oportunidades”, explica. “E, como todas as oportunidades, essa também é democrática. Em princípio, todo país pode abraçar esse momento e sair na frente. Precisamos levar em conta como está nossa capacidade de inovar, de treinar e desenvolver mão de obra e em que nível de industrialização nos encontramos.”
Já para Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, o Brasil possui “defasagens institucionais”, como sistema tributário e legislação trabalhista. “Ir para onde o Brasil quer exigirá reformas muito significativas”, aponta. “Se não, é como uma Ferrari com rodas de Fusquinha: a vontade é grande, mas as condições estruturais não são adequadas.”
Mudanças substanciais
No debate, o trio de especialistas não deixou de fora um tema polêmico quando se trata de digitalização e robotização na indústria: o emprego. Na opinião de Antonio Carlos Lacerda, “o Brasil passa por uma grande transformação demográfica. Nos anos 1970, a população crescia 3% ao ano. Hoje esse índice é de 0,6%. Isso significa que menos gente está constituindo a PEA – População Economicamente Ativa”, ressalta o economista. “Isso significa que a mão de obra, que sempre foi abundante no Brasil, num futuro próximo, será um fator escasso. A automação é um dos caminhos”.
Segundo Carlos Arruda, os empregos gerados nos últimos anos são de baixo valor agregado, fato que está associado à educação. “Empregos como aqueles de apertar parafuso são facilmente substituíveis por robôs. Mas criaremos, então, mais oportunidades daquele emprego que é característico do ser humano, que é o emprego do cérebro”, afirma. Para finalizar, Renato Buselli enfatizou a capacidade de o Brasil avançar como um dos líderes nesse cenário. “No setor empresarial e nas academias há grandes expoentes desse tema, com uma discussão bastante eficiente e aberta. Isso leva a soluções e à efetividade das ações para que avancemos.”
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