Avançar, reciclar e incorporar novas técnicas à gestão do sistema de saúde, urgentemente. Este foi o consenso entre os debatedores da terceira edição do encontro ‘O Brasil que o Brasil Quer’, realizada na Casa do Saber, em São Paulo, no dia 12 de agosto.
Os especialistas convidados para a discussão foram: Dr. Gonzalo Vecina Neto, médico superintendente do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Armando Correa Lopes Junior, vice-presidente sênior da divisão Healthcare da Siemens, e Dr. Nacime Salomão Mansur, médico conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
Questão de gerenciamento
As descobertas e os avanços da medicina contribuem profundamente para que vivamos cada vez mais. Se em 1980 a expectativa de vida no Brasil era de pouco mais de 62 anos, em 2013 o senso apontou 75 anos.
No entanto, viver mais não significa viver melhor: para isso é necessário o acesso à saúde de qualidade, com todos os instrumentos facilitadores de um sistema que funcione. Exatamente aqui é onde mora a questão do sistema de saúde no País, que carece de aprimoramento gerencial para oferecer melhores condições de atendimento para a população.
Para o Dr. Gonzalo Vecina Neto, do Sírio-Libanês, “Há um problema de gestão tanto no setor público quanto no privado.” E ressalta: “Precisamos colocar essa discussão na sociedade de forma inteligente e cuidadosa, pois não podemos gerar mais exclusão social”.
Na opinião do Dr. Nacime Salomão Mansur, do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, há muitos desafios neste sentido. “Um deles é a escala: 80% dos hospitais no Brasil têm até 100 leitos, enquanto na Inglaterra 90% dos hospitais possuem acima de 200 leitos. Precisamos de gestão eficiente para melhorar essa realidade e, sobretudo, incluir mais pessoas”, afirma.
Por onde começar
Um dos desafios do setor é o financiamento. “Se a economia não cresce, não há de onde retirar dinheiro. Temos de voltar a crescer para gerar mais bem estar social”, pondera Dr. Gonzalo Vecina Neto. Na opinião do médico, o Brasil é um país que aprendeu a incorporar e dar acesso à tecnologia.
Além de citar como exemplo os avanços nacionais conquistados no campo da Aids, Vecina Neto ressalta ainda a importância do País no setor de transplantes: “O Brasil hoje é o segundo maior transplantador líquido do mundo. Nós sabemos fazer, a questão é regular melhor e, ao fazê-lo, garantir a inclusão social”, pondera Dr. Gonzalo Vecina Neto.
Outro problema que passa pela gestão é lembrado pelo Dr. Nacime Salomão Mansur: a abertura indiscriminada de escolas médicas. “Há 293 escolas aprovadas e 247 já funcionando, formando indivíduos sem qualificação técnica , que não vão saber sequer utilizar qualquer tecnologia. Portanto, precisamos fazer gestão, até para conseguirmos incorporar a tecnologia”, afirma ele.
Força tecnológica
“Tecnologia não é um custo, é um investimento”, afirma Armando Correa Lopes Junior, da divisão Healthcare da Siemens. E ressalta: “É essencial provarmos, ao longo do tempo, o quanto o uso da tecnologia pode auxiliar na gestão do sistema de saúde em suas mais variadas escalas. Isso significa melhorar a qualidade de vida do paciente, dos profissionais e do sistema como um todo”, diz.
O Dr. Nacime completa: “A tecnologia é um bem da humanidade. Permite proximidade com a população, monitoramento à distância e melhor controle de doenças crônicas”.
Um investimento bem feito oferece retorno. O mal feito, sem dúvida, é um desperdício. Nesse sentido, Lopes Junior ressalta como exemplo o uso de imagem para guiar uma cirurgia de coluna vertebral. “Com isso, tem-se uma amplitude maior e reduz-se o tempo de cirurgia de oito para quatro horas, além de melhorar a colocação de certos elementos e evitar o retrabalho”.
Com esse investimento, consequentemente, é possível dobrar a capacidade e ampliar o acesso. “Isto significa melhorar a qualidade de vida do paciente e diminuir o tempo de internação, permitindo que a pessoa volte antes para a sua vida produtiva e normal”, conclui.
Segundo o Dr. Gonzalo, a mortalidade por causas cardíacas nos Estados Unidos, em 1971, era de 350 por 100 mil casos. Em 2005, essa mortalidade estava em 110 por cada 100 mil casos. “Como? Os americanos ficaram mais magros, pararam de fumar, estão controlando a pressão, não comem mais gordura e são todos vegetarianos? Não. É tecnologia”, resume. E complementa: “Foi ela quem mudou a mortalidade. Temos que ter uma vida saudável, obviamente, mas hoje essa tecnologia à disposição está sim salvando vidas.”
Para finalizar o debate, Armando Correa Lopes Junior lembrou da complexidade do desafio por conta do tamanho geográfico do País, das desigualdades sociais e da quantidade de pessoas – e de como a tecnologia pode contribuir neste ponto. “A tecnologia dará subsídios para que essa gestão melhore, pois sua função é dar acesso e, portanto, melhorar a qualidade de vida”.
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