A tecnologia está cada vez mais presente em nossas casas, nossos smartphones e no ambiente profissional. Então por que a segurança pública ainda caminha em passos tão curtos nessa direção? Imaginar que se trata de algo caro e difícil de ser implementado é pensar na contramão de todas as soluções que têm sido desenvolvidas para agilizar processos, otimizar a fiscalização e evitar fraudes.

São várias as ferramentas já em funcionamento e que são fundamentais em processos que podem ser burocráticos e passíveis de erros. Um exemplo é a biometria, incluindo a tecnologia de reconhecimento facial, recurso que tornará vários processos mais eficazes em breve. Edson Rezende, diretor técnico da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital (ABRID), falou sobre a importância de avanço neste setor, e a falta de empenho dos governos em investir no segmento.”Existe a tecnologia e a condição de fazer um trabalho sério, mas às vezes falta interesse, pois tecnologia não dá a mesma popularidade que viaturas ou armas”, afirma.

O uso de dispositivos que compartilhem dados entre várias instituições e possam integrar seus sistemas também é defendido por Maciel Aguiar Filho, Diretor do Instituto de Identificação do Estado de Goiás. “A tecnologia é fundamental para prestar um bom serviço ao cidadão, sobretudo no que diz respeito à segurança”, afirma. Para ele, esse investimento em funções avançadas e sistemas inovadores rapidamente tem seu retorno, levando em consideração a queda no número de fraudes, por exemplo. Recentemente, sua equipe em Goiânia monitorou e descobriu, por meio de dados biométricos, a atividade de um único criminoso que possuía 18 cédulas de identidade e usava todas elas para sacar benefícios do INSS.

Pedro Juliotti, Procurador de Justiça Criminal e membro da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, lembra também que a tecnologia e a instalação de câmeras de vigilância auxiliam muito no combate à criminalidade e passa a sensação de segurança à população. Aguiar Filho defende ainda que investir nesse tipo de inovação é uma necessidade para o Estado e acaba virando uma economia, pois permite otimizar diversas ações e evitar vários tipos de fraudes que são geradas pela fragilidade do sistema manual. “A tecnologia permite compartilhar dados para todos os órgãos do Estado. O custo-benefício é muito maior do que o governo imagina”, conclui.

Soluções reais

A ansiedade por implementar sistemas e facilitar processos antiquados não vem só das autoridades que os operam, mas também de quem os desenvolve. Wagner Coppede Jr., Diretor de Engenharia e Soluções da NEC, fala com orgulho dos cases que a empresa já tem no exterior e no Brasil, e defende que a tecnologia é um dos pilares da transformação digital. “Ela vai ajudar não só a sociedade e as empresas, mas o próprio trabalhador, que terá um novo nível educacional. E os empregos vão migrar para essa camada da sociedade que está se especializando”, afirmou.

No Brasil, a NEC foi escolhida pela Receita Federal para implementar a tecnologia de reconhecimento facial nos 14 aeroportos internacionais do País, com o objetivo de averiguar e prevenir contravenções. Neste caso, são câmeras, servidores e aplicativos que estão todos integrados com uma única base de dados para reconhecer em tempo real passageiros que tenham alguma contravenção.

A empresa também implantou com sucesso soluções em várias regiões da América Latina com características parecidas com as do Brasil. Na cidade de Tigre, na Argentina, o bem-estar social foi elevado com a monitoração 24h por meio de câmeras e dispositivos de reconhecimento facial instalados nas estações de trem e terminais rodoviários. Além de auxiliar a policia, o sistema também está integrado com a lista de pessoas desaparecidas.

A prova de que os sistemas inteligentes são confiáveis e facilitam nossas atividades cotidianas é que já aceitamos a tecnologia em nossa vida profissional e pessoal. O que falta para que os novos recursos sejam implementados na esfera pública é atenção ao setor e investimentos.