Não há país desenvolvido sem pesquisa tecnológica. E o melhor exemplo dessa atividade estratégica essencial para o desenvolvimento das nações tem sido a busca permanente por inovação, em especial no mundo das telecomunicações e das tecnologias digitais em geral. Um dos casos concretos que melhor ilustram a importância da pesquisa no mundo contemporâneo é o dos laboratórios da antiga AT&T – conhecidos simplesmente por Bell Labs.

 

Imagine, leitor, que nesses laboratórios localizados em Murray Hill, Nova Jersey, nasceram inovações revolucionárias, como o transistor, a radioastronomia, os raios laser, a célula fotovoltaica, as centrais telefônicas digitais, a teoria da informação, o sistema operacional Unix e linguagens de programação como C, C++ e S. Não é
sem razão que de seus quadros de pesquisadores saíram nove ganhadores do Prêmio Nobel de Física.

 

Hoje, entretanto, os Bell Labs pertencem à finlandesa Nokia. Além desse exemplo, podemos citar instituições similares de grande prestígio, como, na França, o Centro Nacional de Estudos de Telecomunicações (CNET). E, no Japão, os laboratórios de pesquisas de telecomunicações da NTT (ex-Nippon Telephone & Telegraph). Ou ainda no Reino Unido: o Laboratório de Pesquisa da British Telecom.

 

Brasil em boa posição

 

E aqui entre nós? Como brasileiro, fico feliz em registrar que, nessa mesma área de pesquisa de ponta, o Brasil tem uma instituição da qual o País pode se orgulhar: é o CPqD, sigla do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento, criado há 42 anos pela antiga Telebras, que é hoje o maior centro de pesquisas e desenvolvimento da América Latina.

 

Ao escrever sobre o trabalho e o papel dessa instituição brasileira sem fins lucrativos, sentimos uma alegria comparável à que teríamos ao relatar a história de instituições como a USP, a Unicamp, o ITA, a Embraer e tantas outras que contribuíram para o desenvolvimento científico e tecnológico do País.

 

Situado em Campinas, o CPqD nasceu em 1976 sob a inspiração do idealismo do então presidente da Telebras, general José Antonio de Alencastro e Silva, para quem esse centro deveria ser “uma fábrica de tecnologia”. E completava: “mas de tecnologia nacional”. Logo após a privatização da Telebras em 1998, o CPqD se transformou m fundação, com o nome de Fundação CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em  Telecomunicações. Mas ainda é conhecido em todo País simplesmente como CPqD.

 

Algumas contribuições nacionais

 

Ainda nos anos 1970 e 80, o CPqD criou a primeira fibra óptica nacional, as centrais digitais Trópico, os sistemas de transmissão digital e os sistemas de comunicação via satélite, entre muitas outras contribuições inovadoras. Atualmente esse centro desenvolve grande número de projetos de pesquisas, que abrangem áreas tão diversificadas
quanto internet das coisas, cidades inteligentes, machine learning, inteligência artificial, computação em nuvem e outros voltados para o grande salto denominado quarta revolução industrial.

As soluções criadas pelo CPqD cobrem as áreas de tecnologias da comunicação e da informação (TICs), que se aplicam a setores como telefonia, comunicações digitais em geral, inovações de multimídia, as chamadas utilities, administração pública, defesa e segurança.