Mondial de la Bière reúne cervejas artesanais do Brasil e do mundo

Cerca de 70 expositores participam da segunda edição paulistana do festival

Maior festival nacional de cerveja desembarca em São Paulo pela segunda vez trazendo mais de 600 rótulos e 70 produtores

Maior festival do Brasil dedicado à cerveja artesanal, o Mondial de la Bière desembarca pela segunda vez em São Paulo, entre os dias 30 de maio e 2 de junho, com a proposta de colocar produtores e consumidores para conversar e experimentar novidades cervejeiras. Nesta edição, os 9 mil metros quadrados da Arca, antiga metalúrgica na Vila Leopoldina, recebem cerca de 70 expositores da bebida, cada um trazendo vários rótulos, muitos deles lançamentos.

“O Mondial é voltado para a degustação e a descoberta de cervejas”, diz Luana Cloper, diretora de negócios da GL events Exhibitions, responsável pela feira Brasil Brau e pelo Mondial de la Bière SP e Rio. “Nossa comunicação trabalha com a ideia de ‘beba menos, beba melhor”. O Brasil é o único país a abrigar duas edições anuais do festival, que ocorre também no Canadá, onde foi criado, e na França.

Para estimular a experimentação, o visitante do Mondial ganha um copo de vidro com marcações de 100 ml e 200 ml. Munido dele e de um cartão de consumo recarregável, pode provar rótulos de diferentes estados e países, em estilos que vão desde os criativos e experimentais até os mais tradicionais.

Neste ano, uma tendência que deve aparecer forte nos copos são as cervejas de sabores ácidos, como as sour e as gose, com adição de sal. Tampouco vão faltar as lupuladas IPAs, já clássicas para o público da bebida artesanal.

Além de vender suas criações direto ao consumidor, as cervejarias podem inscrevê-las no concurso MBeer Contest Brazil, que tem entre os jurados o americano Randy Mosher, autor de livros como Radical Brewing (Fabrição Radical de Cerveja) Tasting Beer (Degustando Cervejas). Em um concurso paralelo, os visitantes votam nos seus rótulos favoritos para escolher os melhores na preferência do público.

Além da cerveja

Nem só de malte, lúpulo, levedura e água se faz o Mondial de la Bière. A cerveja, claro, está no centro do festival, mas há outras atrações.

Todos os dias, bandas e DJs se revezam fazendo a trilha sonora do evento. Para os fãs de esporte, haverá a transmissão da final da UEFA Champions League, em um telão, no dia 1º, e uma área montada para a prática de basquete, com monitores. Também haverá um Estúdio de Tatoo. Já os fãs de comida vão se encontrar nos food trucks que servem de tacos a hambúrgueres ou na Vila dos Botecos, espaço reservado aos petiscos botequeiros de São Paulo.

Duas novidades desta edição são o Mondial Arena, série de talks com nomes da cena cervejeira, e o Mondial Craft Village, com expositores vendendo de queijos e embutidos a destilados e kombuchas. “Nossa ideia é que a cerveja faça o papel de anfitriã abrindo espaço para outros produtos artesanais”, diz Luana.

Mondial de la Bière oferece oportunidade de experimentar diferentes estilos e sabores

Um ou vários estilos para chamar de seu

As grandes diferenças entre as cervejas são um mundo de experiências a explorar no Mondial de la Bière

Água, malte, lúpulo e levedura. Desses quatro ingredientes básicos, surgem bebidas tão diferentes quanto uma refrescante Pilsen, mais leve, e uma imperial Stout, forte e escura. Para os mestres cervejeiros, os estilos de cerveja são um amplo campo a explorar. Para os consumidores, também. E ambos podem se encontrar – e dialogar – no Mondial de la Bière, festival internacional que reúne cerca de 70 cervejarias, com mais de 600 rótulos, entre 30 de maio e 2 de junho no Espaço Arca, na Vila Leopoldina.

“Para cada momento há um estilo de cerveja”, diz David Michelsohn, sócio fundador da Cervejaria Júpiter e jurado do MBeer Contest Brazil, concurso que faz parte da programação do Mondial e que premiará as melhores bebidas. “Existe, por exemplo, cerveja para um momento de degustação contemplativa, como uma Sour complexa, envelhecida em barril”, diz o especialista. “Outras vezes, em uma mesa de bar com amigos, ela tem que ser boa, mas você não vai pensar nela. E há estilos interessantes para acompanhar uma refeição.”

A Júpiter leva dez rótulos ao festival. Não vai fugir da IPA (India Pale Ale) e de suas variações com lúpulo marcante — “É o estilo que domina a cena artesanal há anos”, diz David. Mas traz também outras opções, como uma witbier (de trigo belga) com pimenta-rosa e a gose Lemon Pepper, salgada, apimentada e cítrica.

“As cervejas ácidas são uma tendência forte que vai estar presente no Mondial”, diz Luana Cloper, diretora de negócios da GL events Exhibitions. Nessa vertente, entra a Catharina Sour. “Ela tem adição de frutas do bioma brasileiro e é o primeiro estilo do País reconhecido pelos órgãos que catalogam estilos para concursos internacionais.”

Esperam-se ainda no Mondial de la Bière muitas cervejas envelhecidas em madeira, tendência internacional que no Brasil ganhou personalidade própria com o aproveitamento de barris de cachaça. Também são usados barris que já receberam bebidas como gim, bourbon ou vinho.

Outro movimento internacional que deve se refletir por aqui é o resgate da Lager, com uma valorização da Pilsen e de outras mais leves e delicadas que a turma da cerveja artesanal por um tempo deixou meio de lado.

Ale e Lager

Os estilos de cerveja se dividem em dois grandes grupos, Ale e Lager, que se distinguem pelo processo de fermentação. No primeiro, a levedura age em temperaturas mais altas, na parte superior do líquido, e gera muitos complexos aromáticos, como os que lembram frutas ou condimentos. No segundo grupo, a levedura atua lentamente, no fundo do líquido, e produz menos aromas, deixando espaço para o malte se destacar.

A partir dessa diferença básica entre as leveduras, nascem centenas de estilos. Variam as quantidades dos ingredientes, o tipo de lúpulo, o grão transformado em malte, os tempos e as temperaturas, as técnicas, a origem dos insumos... Às vezes se adiciona uma fruta aqui ou um tempero ali e a lista de possibilidades cresce ainda mais. Um evento como o Mondial de la Bière, focado em degustação, é uma oportunidade de experimentar pelo menos algumas delas.

Inspiração em combinações do dia a dia, como café com leite, pode render boas experiências cervejeiras

Vamos combinar?

Sugestões de harmonização sem complicação para aproveitar o melhor da cerveja e da comida

Harmonização de cerveja e comida pode parecer conversa para especialistas, mas ninguém precisa ser sommelier formado para explorar combinações de sabores. Mais: pode até se divertir fazendo isso. “A gente já faz harmonizações no dia-a-dia, quando junta café com leite, pão com queijo, macarrão com molho…”, diz a sommelière e juiza internacional de cervejas Taiga Cazarine, jurada do MBeer Contest Brazil. O concurso vai eleger os melhores rótulos do Mondial de la Bière, festival internacional que reúne cervejarias, opções gastronômicas e outras atrações no espaço Arca, na Vila Leopoldina, entre os dias 30 de maio e 2 de junho.

Segundo Taiga, harmonizar é basicamente buscar prazer ao juntar elementos. Um profissional vai estudar detalhes da cerveja e os ingredientes do prato para combiná-los como quem monta um quebra-cabeças. Para um amador, a sugestão é se aventurar por novas experiências gustativas a partir do repertório que já tem em outras áreas da alimentação: o café com leite de toda manhã pode inspirar uma combinação de cerveja com notas tostadas como as do café, caso da Porter, com uma sobremesa de chocolate branco, que remete ao leite; ou de uma Milk Stout, adocicada e cremosa, com pão torrado.

Além de procurar referências do dia-a-dia, vale prestar atenção nas intensidades de pratos e bebidas, buscando o equilíbrio. “Uma cerveja forte, alcóolica, com muito amargor, precisa de um prato mais intenso, como assados, que a contrabalanceie”, diz Taiga. Uma Imperial IPA, por exemplo, aguenta o tranco de um churrasco de carne vermelha gordurosa; já com uma salada leve, faz mais sentido uma Saison, refrescante e de suave acidez.

Um passo seguinte é pensar no tipo de harmonização: por semelhança (quando o prato e a bebida têm elementos em comum, como doçura, acidez ou notas tostadas); por contraste (quando apresentam características que se opõem, como doçura e amargor, acidez e doçura, refrescância e picância...) e por complementação (quando um sabor completa o outro, como em um peixe acompanhado de uma Gose, salgada e ácida, lembrando uma espremida de limão).

Na dúvida, experimente. “A melhor coisa é testar”, diz o sommelier de cerveja Gustavo Renha, também jurado do MBeer Contest Brazil. “Harmonização é uma ciência complexa e não exata. Muita coisa é empírica.” Aventure-se!

BOX

O sommelier de cerveja Gustavo Renha dá ideias de harmonização para testar no Mondial de la Bière ou em outros momentos da vida:

  • Bolinho de bacalhau com Witbier, cerveja belga com notas cítricas e de condimentos que podem “temperar” o petisco.
  • Hambúrguer com IPA. “O amargor do lúpulo ‘corta’ a gordura, dando a sensação de limpar a boca”, diz Gustavo.
  • Porchetta com Weissbier, refrescante cerveja alemã de trigo, frutada e condimentada.
  • Pato ou frango e cerveja com notas de laranja, como uma Blonde Ale, para remeter ao prato clássico de ave com laranja.
  • Sorvete de creme com Stout — com maltes torrados que remetem a chocolate, a cerveja complementa a sobremesa, lembrando o papel de uma calda de chocolate.
  • Acarajé com Pale Ale (para o lúpulo intensificar a pimenta) ou com Red Ale (mais maltada, para atenuar a pimenta).
Inspiração em combinações do dia a dia, como café com leite, pode render boas experiências cervejeiras

Cerveja ou coquetel? Os dois

Cervejas artesanais podem ser usadas em diferentes estilos de drinks

Existe o movimento das cervejas artesanais e o da coquetelaria. E existem drinks que juntam os dois em um copo, criando opções na medida para quem aprecia tanto um quanto o outro. Até porque as duas ondas conversam bem. “O consumidor de cerveja artesanal e o de coquetéis procuram uma bebida bem trabalhada, de qualidade”, diz Rafael Cardoso Berçot, sócio do bar Guilhotina. O estabelecimento participa do festival Mondial de la Bière, evento que acontece entre os dias 30 de maio e 2 de junho, no espaço Arca, na Vila Leopoldina.

Segundo Rafael, a cerveja é um ingrediente versátil. Ou melhor, são vários ingredientes, já que existem centenas de estilos. Eles podem ser usados em drinks de diferentes perfis, dos amargos aos adocicados, passando pelos cítricos. “O interessante é aproveitar as notas que a cerveja tem, como madeira e chocolate, e procurar um equilíbrio com os outros elementos do coquetel”, diz o especialista.

Além de contribuir com sabor e aroma, a cerveja acrescenta efervescência aos drinks. “A carbonatação os torna mais palatáveis e fáceis de beber”, diz Waldemar Stocco, biersommelier da Meara, importadora e distribuidora que também estará presente no Mondial. “Fora o fato de ter baixo teor alcoólico, o que deixa os coquetéis suaves.”

Confira a seguir uma lista de drinks com cerveja – os três primeiros, você pode conferir no Mondial de la Bière.

Negroni des Flandres

Cerveja belga Bourgogne des Flandres, com notas que lembram vermute, Gin Hof Minna Marie Wood Aged e Campari – criação de Waldemar Stocco, da Meara, para o Mondial.

Bierllini Sun of a Peach

Nesta versão cervejeira do drink Bellini, Stocco usou cerveja Blumenau Catharina Sour Sun of a Peach, purê de pêssego e Triple Sec. Também estará disponível no Mondial.

Cerveja, uísque e chá

Neste coquetel preparado para o festival, Márcio Silva que , bartender do Guilhotina, pretende usar uma cerveja com notas achocolatadas.

Michelada

O clássico mexicano leva geralmente Lager, suco de limão, molho de pimenta e molho inglês e vem em um copo com a borda coberta de limão e sal.

Black Velvet

Metade Guinness (ou outra Stout), metade Champanhe (ou outro vinho espumante), esse coquetel teria sido criado por um bartender de Londres no século 19.

Shandy

Mistura de cerveja e limonada, faz sucesso como bebida refrescante de verão. Geralmente se escolhe uma Lager leve, mas funciona também com outros estilos, como as de trigo ou IPA. Tem variações com outros sucos ou refrigerantes.

Tom Collins com IPA

A combinação das notas herbáceas e cítricas da IPA com as botânicas do gim tem rendido coquetéis mundo afora. Nesta versão do Tom Collins, a cerveja entra no lugar do Club Soda na finalização do drink (ele também leva gim, suco de limão siciliano, xarope de açúcar e gelo).

Caipirinha de cerveja

Não só existe como tem versões com diferentes estilos da bebida. Quando se acrescenta IPA, a caipirinha ganha um amargor que contrasta com a doçura do açúcar.

Submarino

Aqui a brincadeira é servir um copinho de steinhäger (destilado alemão aromatizado com zimbro) submersa dentro de uma caneca maior de chope.