Não há dúvidas de que a rápida assistência a um problema neurológico e a análise de um especialista podem ser a diferença entre o paciente sobreviver ou não. Durante os plantões de fim de semana, quando o médico fica de sobreaviso, a telemedicina agiliza o atendimento: pois enquanto o especialista está a caminho, já vai orientando a equipe sobre os procedimentos.

A tecnologia também serve para auxiliar médicos especialistas disponíveis a trocar informações à distância nos casos em que é necessária rápida tomada de decisão.

Com a ajuda de uma videoconferência de alta tecnologia, o profissional consegue ter acesso remoto ao prontuário do paciente e analisar todos os detalhes referentes ao quadro de onde estiver, com a ajuda de um computador, um tablet ou mesmo um celular. “Podemos ver o relatório feito pelo médico que o atendeu no pronto-socorro, visualizar os exames em detalhes e orientar os tratamentos”, conta o neurologista José Luciano Monteiro da Cunha, que,  junto com seu colega de especialidade Bruno Miniello, coordena esse novo projeto no Hospital Leforte. A instituição oferece esse serviços para hospitais de pequeno porte ou que não possuem especialistas.

Os especialistas contam que, recentemente, atenderam dessa forma uma paciente com 77 anos que apresentava sintomas compatíveis com um AVC. “Fizemos os exames de maneira conjunta. Apesar de eu estar fora do hospital, indiquei o melhor procedimento para aquele momento, e diante dos resultados pedi para acionar neurocirurgião para fazer uma drenagem na cabeça dela”, relembra Cunha.

Multiuso

Essa tecnologia não se resume à neurologia, mas se adapta a todas as especialidades e vai além dos atendimentos de emergência. Pode ser empregada também nas unidades de terapia intensiva, as UTIs, e nas unidades de internação, dependendo da demanda do serviço. Outra modalidade da telemedicina é o monitoramento remoto de pacientes com doenças crônicas, que pode ser feito pelo médico, sem que o paciente tenha que sair de casa, especialmente quando ele está com a mobilidade reduzida. Podem ser utilizados dispositivos ligados ao indivíduo, que encaminham para o especialista informações sobre os seus sinais vitais, padrões de movimentação, alerta de quedas, entre outras coisas. Os estetoscópios digitais, por exemplo, têm a capacidade de transmitir em tempo real as nuances dos batimentos cardíacos. Além disso, eles contam com câmeras multifuncionais que permitem a avaliação com alta nitidez de estruturas como a pele, o fundo dos olhos e a pupila.

Graças a essa tecnologia, é possível detectar alterações importantes do estado da pessoa, levando a uma resposta mais rápida diante de uma emergência, e reunir de maneira completa e organizada os dados do seu prontuário, facilitando a tomada de decisões do médico. Isso não significa que as consultas pessoais serão abolidas; apenas serão mais eficientes.  A telemedicina também facilita o processo de discussão  entre especialistas que estejam distantes. Ainda é preciso que as pessoas se acostumem, e que os profissionais de diversas áreas da saúde sejam treinados para utilizar a inovação. Mas ela já está fazendo muita diferença na medicina e deve revolucionar ainda mais.