De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no inverno os casos de infarto crescem 30% em média, e os de acidente vascular cerebral, o AVC, 20%. Isso acontece porque o organismo tem um termostato natural que faz de tudo para manter o corpo com cerca de 36o C, como forma de proteger o funcionamento dos órgãos vitais. “Para esse processo, entram em cena substâncias, como a adrenalina, que levam à contração dos vasos sanguíneos, obrigando o coração a fazer mais força para bombear o sangue”, conta o cardiologista Heron Rached, coordenador do Serviço de ardiologia do Hospital Leforte. Para piorar, com esse tipo de clima as pessoas acabam tomando menos água, o que deixa o sangue mais viscoso e pode levar a um aumento na pressão sanguínea.

E esse não é o único fato pouco conhecido sobre o ataque cardíaco (veja quadro). O problema é caracterizado pela obstrução das artérias coronárias, fazendo com que haja uma redução na quantidade de sangue e, consequentemente, na oferta de nutrientes e oxigênio para o coração. Distúrbios relacionados ao sono, em especial a apneia, que leva ao estreitamento das vias respiratórias durante o descanso, também colocam em risco a saúde. Nos casos mais intensos, a pessoa tem uma baixa no índice de oxigênio na circulação, e o sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para reagir diante de situações extremas, como medo e estresse, libera adrenalina para manter o organismo funcionando adequadamente. “Isso provoca uma contração dos vasos sanguíneos”, explica Dr. Rached. Ele esclareceu também que as mulheres costumam apresentar esse tipo de quadro após a menopausa, quando há uma baixa no estrógeno, hormônio que ajuda a proteger o coração delas. Além disso, quando um infarto acontece em pessoas mais jovens, por volta dos 40 anos, tende a ser mais grave. “Nesses casos, provavelmente já havia um fator genético determinante. Hoje em dia isso está se tornando mais comum, já que cada vez mais brasileiros dessa faixa etária apresentam fatores de risco, em especial obesidade, hipertensão, sedentarismo e tabagismo”, acrescenta Dr. Rached.

Fatores de risco

As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte no País. Cerca de 300 mil casos de infarto agu­do do miocárdio ocorrem por ano no Brasil, e os problemas descritos até aqui são alguns dos motivos que contribuem para que ocorram. E esse panorama tende a piorar: uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2024 devemos ocupar o topo da lista mundial de mortes por doenças cardiovasculares.

Tomar cuidado com os fatores de risco é a principal forma de não entrar para essas estatísticas. Fazem parte dessa lista o diabetes, o tabagismo, o estresse e o colesterol alto. E em relação a esse último item, não vale só cuidar da alimentação: é imprescindível praticar atividades físicas. “Cerca de 80% do colesterol é produzido dentro do corpo, e são necessários 30 minutos para para o seu controle”, afirma Rached. Fazer exames periódicos também é importantíssimo. Pode parecer uma recomendação meio óbvia, mas dados recentes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apontaram que 67% da população não sabe quais as suas taxas de gordura no sangue.

Os medicamentos para baixar o colesterol, como as estatinas, por exemplo, entram em cena quando apenas as alterações na dieta e a prática de exercícios não são suficientes para reduzir o nível da substância na circulação. As mais conhecidas são a rosuvastatina e a atorvastatina.

Como deve ser o atendimento de emergência

Cada minuto pode significar a diferença entre a vida e a morte

Os médicos seguem um protocolo que alia agilidade e eficácia. Para isso, ao tirar a senha na entrada do pronto-socorro, o paciente ou seu acompanhante já optam pelo item dor no peito. Isso garante que ele seja encaminhado para um departamento especializado em emergências cardíacas, que tem leitos individuais. “Do momento de abertura da ficha até a obtenção do laudo de eletrocardiograma, são 8 minutos”, conta Rached.

A presença de tecnologia de ponta e de profissionais que tenham capacidade de manejá-la e analisar os seus resultados também é imprescindível. Por isso, no Leforte, os médicos contam com parque tecnológico de ponta, que inclui o cateterismo e a angiotomografia das artérias coronárias. Nesse cateterismo, um tubo flexível e extremamente fino, chamado de cateter, é inserido no braço ou na perna do indivíduo e vai até o coração, onde é capaz de detectar lesões e acúmulos de placas de gordura e removê-las, se necessário.

Os especialistas também podem recorrer à angioplastia, que é a utilização do cateter para a colocação de um balão ou um stent, uma espécie de rede, na região afetada para permitir a passagem do sangue. Isso sem falar em todos os exames de imagem de última geração, como a angiotomografia, que pode substituir o cateterismo.