Sintomas como febre, dificuldade para respirar e tosse intensa são comuns em crianças no outono, devido à diminuição da umidade do ar, ao aumento da concentração de poluentes, e às variações de temperatura ao longo do dia. E isso não acontece só por aqui. Um estudo recente realizado na Universidade de Ciências e Tecnologia, na Noruega, com 161 alunos da educação infantil, revelou que 43% deles apresentavam pelo menos um vírus no seu sistema respiratório nesta época. “Os resultados podem ser transportados para o Brasil, onde há um aumento de cerca de 50% nesse tipo de caso durante esses meses”, diz a Dra. Talita Rizzini, coordenadora da Pediatria da Unidade Liberdade do Hospital Leforte.

Gripe x bronquiolite

Neste ano, em especial, o que tem chamado a atenção dos especialistas é um surto de bronquiolite. Os sintomas da doença, que acomete crianças de antes mesmo dos 3 meses de vida aos 2 anos, são muito parecidos com os de uma gripe: tosse seca, coriza, falta de ar e febre. A grande diferença dessa inflamação, que atinge os bronquíolos, é deixar o paciente muito cansado. Se não for bem tratada, precisa de internação em UTI em 50% dos casos. O problema é mais arriscado em prematuros ou em quem já tem doenças respiratórias, como bronquite e asma, por exemplo. O mal, que costuma durar 7 dias, é transmitido por vírus, na maioria das vezes pelo sincicial respiratório, conhecido como VSR, facilmente passado de pessoa para pessoa. Tomar cuidado com ambientes fechados, lavar sempre as mãos, usar álcool em gel e evitar o contato com indivíduos doentes são atitudes importantes para diminuir as chances de contaminação, que pode levar a complicações sérias como pneumonia.

A importância da vacina

A pneumonia pode ser provocada por bactérias, vírus, fungos e protozoários, mas o grande vilão é uma bactéria chamada Streptococcus pneumoniae, ou pneumococo, responsável por três em cada dez casos. A boa notícia é que existe uma vacina contra ele, a pneumocócica. Quando o assunto é gripe, o micro-organismo que ganhou destaque este ano foi o H3N2, uma versão que não é nova, mas nos últimos meses infectou muita gente nos Estados Unidos e já fez vítimas por aqui. Por essa razão, a vacina da gripe de 2018 também oferece proteção contra esse vírus. “É por causa dessa variação que a prevenção é tão importante, e precisamos tomar novas doses anualmente”, explica a Dra. Talita. Outro detalhe importante em relação à doença é que existem diferenças entre as vacinas oferecidas pelas redes pública e privada. No primeiro caso, a disponível é a trivalente, que contém duas versões do influenza atenuado (o vírus que provoca a gripe) do subtipo A: o H1N1, e o H3N2, e um do subtipo B. Já a segunda, chamada de tetravalente, oferece ainda a proteção contra mais uma versão do subtipo B.

Outras razões para procurar um hospital

Vômitos, diarreias, alergias e acidentes domésticos, como quedas, queimaduras e intoxicações, também estão entre os principais problemas que fazem com que familiares aflitos levem seus filhos para uma avaliação especializada. E os pais estão corretos em procurar um médico. É essencial que a pessoa passe por uma análise detalhada e receba o tratamento adequado o quanto antes. “Crianças são mais vulneráveis”, afirma Dra. Franciane Benica, oncologista pediátrica do Hospital Leforte. Esses cuidados são ainda mais importantes diante de sinais como dificuldade respiratória, cansaço extremo, diarreia com vários episódios por dia, febre com mais de 48 horas e vômito. O zelo deve ser redobrado entre os pacientes com menos de 1 ano, cuja imunidade é mais delicada, e crianças que apresentaram mudanças de comportamento, vômito e sonolência após uma queda. “A parceria entre a família e os profissionais é primordial para o sucesso do tratamento”, afirma Talita.