Vistas de relance, as salas de aula podem ser muito parecidas. Em ambas será possível encontrar alunos falando em outros idiomas e aprendendo sobre diferentes nacionalidades e culturas. Quando vistos mais de perto, contudo, esses modelos de ensino apresentam diferenças cruciais.

A primeira delas é a base curricular. “No Brasil, a educação bilíngue geralmente ocorre no contraturno ou é inserida nas próprias aulas, seguindo o currículo brasileiro. A escola internacional, por sua vez, segue parâmetros do país estrangeiro de onde provém”, explica Erica Coutrim, doutora em Linguística Aplicada e Educação e coordenadora dos cursos de Letras e Pedagogia na Universidade Unime.

No Brasil, a educação básica é legislada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que rege aspectos como disciplinas obrigatórias a serem lecionadas, calendário letivo, nível de formação docente exigido em cada etapa e o idioma a ser utilizado em sala, entre outros pontos. No caso da escola internacional, todos esses aspectos são regulamentados por órgãos internacionais. Por exemplo, um colégio alemão pode seguir o calendário escolar da Alemanha e iniciar o ano letivo em setembro, como acontece naquele país e em outros da Europa.

De acordo com Mara Rubia, coordenadora da Especialização em Metodologias para Educação Bilíngue do Centro Universitário Opet (Uniopet), as escolas bilíngues, por sua vez, são registradas como brasileiras, mas ensinam em dois ou mais idiomas. “Elas seguem o calendário de aulas nacional e as regras da LDB, mas podem perfeitamente oferecer vivências culturais internacionais”, esclarece.

Organização das aulas
A formação do corpo docente nas escolas internacionais e bilíngues também pode variar. No primeiro caso, geralmente são recrutados professores estrangeiros que tenham experiência no país de origem da escola. Nas bilíngues, o grupo de educadores costuma ser de maioria brasileira, embora muitas escolas já estejam diversificando a nacionalidade de seu quadro de profissionais.

Educação global
A competência global oferecida nos dois tipos de ensino é considerada um dos pilares da educação no século 21. Tanto as Nações Unidas como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) priorizaram a cidadania global em suas publicações lançadas nos últimos anos – e por bons motivos. Estudos mostram que pessoas globalmente competentes estão cientes, curiosas e interessadas em aprender sobre o mundo e como ele funciona. Elas reconhecem as perspectivas dos outros e são capazes de interagir e se comunicar com culturas e regiões alheias de maneira apropriada.

Nesse sentido, as escolas podem fazer uma diferença importante. Por serem o primeiro lugar onde as crianças encontram a diversidade da sociedade, os colégios podem capacitar seus estudantes a desenvolver atitudes de empatia e solidariedade. Dentre as práticas comuns, os alunos são envolvidos em experiências que facilitam as relações internacionais e interculturais, promovendo a diversidade. “A escolha entre um modelo de ensino e outro vai depender dos objetivos de cada escola e de cada família. Os dois casos apresentam vantagens. O importante é conhecer bem cada modelo antes de se decidir por um”, conclui Mara.

Intercâmbio

Por levar em conta as disciplinas obrigatórias e o idioma oficial de cada nacionalidade, a escola internacional também se destaca por permitir que os alunos terminem o ensino básico com um diploma que facilita o ingresso em universidades estrangeiras. “Muitos pais querem oferecer essa vivência a seus filhos e buscam as escolas internacionais para que eles se adaptem à cultura de um determinado país”, afirma Mara Rubia.

Outra vantagem é que eles trabalham com uma gama de atividades complementares, que visam desenvolver empreendedorismo, colaboração, voluntariado e criatividade, dentre outras competências valorizadas em instituições de ensino de países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, campeões de intercâmbio.