Pesquisa realizada pela Belta (Associação das Agências de Intercâmbio) revelou aumento de 12% no número de interessados em passar uma temporada fora do Brasil. E quando a experiência envolve também a oportunidade de trabalhar, os dados são ainda mais expressivos. O STB (Student Travel Bureau), por exemplo, registrou aumento de 30% na procura por essa modalidade apenas no primeiro trimestre de 2017, em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Neste momento em que o Brasil começa uma retomada econômica, a possibilidade de viajar, aperfeiçoar a prática do idioma, vivenciar uma experiência de trabalho internacional e, ao mesmo tempo, conseguir cobrir os custos da viagem justificam este resultado”, explica Rosa- na Lippi, gestora de programas de trabalho no exterior do STB.

O diretor de operações da Belta, Allan Mitelmão, ressalta que apesar do aumento do desemprego e do orçamento apertado, muitos estudantes entendem o diferencial que a vivência em outro país oferece para quem quer se destacar no mercado de trabalho. “A possibilidade de trabalhar durante esse período torna o projeto financeiramente viável”.

E foi justamente a possibilidade de ampliar a experiência profissional e, ao mesmo tempo, cobrir suas despesas que motivou os namorados Elisa Bianco e Humberto Castro, ambos com 26 anos, a fazer um intercâmbio em Toronto, no Canadá, em 2016. “Eu lecionava em uma escola canadense no Brasil e tinha vontade de estudar educação em um país onde este assunto é prioridade”, conta Elisa. Já Humberto, engenheiro formado, percebeu que sua profissão começava a sentir os efeitos da crise e era o momento ideal para investir em qualificação. “Além de cursarmos a pós-graduação, conseguimos empregos nas nossas áreas. Assim, além da ajuda financeira para nos mantermos, ganhamos experiência no mercado em um país de primeiro mundo”, conta Humberto.

Os principais destinos

Segundo Eduardo Frigo, gerente de produtos da CI – Intercâmbio e Viagem, a legislação do país de destino é um diferencial na hora de escolher para onde viajar. “Canadá, Austrália, Irlanda, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido, por exemplo, permitem que o intercambista trabalhe 20 horas semanais com um visto de estudante”, conta. Mas outros fatores influenciam a decisão. “Enquanto o Canadá está em busca de mão-de-obra qualifica- da, a Austrália tem o dólar mais baixo que o norte-americano, salários mais altos e conta com um clima semelhante ao do Brasil. A Irlanda, por sua vez, é o país europeu com maior facilidade de entrada para quem deseja estudar e trabalhar, e por isso é bastante procurada pelos brasileiros”, ressalta Rosana, do STB.

Opções para todos os gostos

Confira alguns programas de intercâmbios que combinam viagem e trabalho:

AU PAIR: “Mulheres entre 18 e 26 anos passam um ano nos Estados Uni- dos vivendo na casa de uma família local, cuidando de crianças. O programa custa US$ 700 e inclui acomodação e refeições, bolsa de estudos, férias remuneradas, assistência médica internacional, passagem de ida e volta e treinamento. Isso faz com que o custo-benefício seja excelente”, conta Rosana, do STB.

MONITOR DE ACAMPAMENTO: acomodados em barracas ou tendas, os participantes passam os meses de junho e agosto cuidando de crianças e adolescentes em um acampamento nos EUA.

DISNEY CULTURAL EXCHANGE PROGRAM: para universitários que desejam trabalhar no Walt Disney World, em Orlando, durante as férias de verão americanas. Os estudantes passam por um rigoroso processo seletivo e durante cerca de 2 meses trabalham nos parques e hotéis em funções operacionais.

WORK & TRAVEL: semelhante ao programa da Disney, mas em outras empresas americanas. Os jovens trabalham em cargos operacionais e precisam passar por um processo seletivo.

WORK & STUDY: são intercâmbios mais longos – a partir de 13 semanas, dependendo do país –, em que se estuda em um período e trabalha no outro. Normalmente, esses programas são feitos com cursos de idioma, mas há opções para pós-graduação. Além da ajuda financeira, o trabalho representa a oportunidade de colocar em prática o que o aluno aprendeu na sala de aula.