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14 de maio de 2019

Tradição e inovação no Direito da FGV

Engana-se quem pensa que só áreas ligadas à tecnologia, ou que tenham disciplinas modernas, como os cursos de comunicação, tecnologia da informação e marketing, é que podem investir em atualizações e novas experiências na grade curricular. No Brasil, coordenadores, professores e alunos de áreas como a do direito já estão lançando olhares curiosos para as novas plataformas digitais e o que elas podem oferecer para a profissão. Um bom exemplo dessas novas iniciativas vem da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Na instituição, os professores e coordenadores do Centro de Ensino em Pesquisa e Inovação (CEPI) da Escola de Direito, Marina Feferbaum e Alexandre Pacheco, estudam, há cerca de três anos, o impacto das tecnologias no ensino e na aplicação do Direito. Os dois já promoveram uma série de laboratórios, ou disciplinas livres aos alunos da graduação.

Nelas, eles podem aprender noções básicas de programação, a produção de programas inteligentes de conversação e ainda ter contato com startups, empresas e estudantes de outros cursos ligados à comunicação ou tecnologia. “No primeiro laboratório que montamos, os alunos passaram pelo desafio de automatizar quatro documentos específicos. E aí tiveram que aprender a programar. Eles sofreram bastante durante uns três ou quatro meses, mas aprenderam. Foi interessante e desafiador”, conta Marina.

O segunda iniciativa foi montar um Chatbot, um programa virtual em que se constrói um robô que conversa com os internautas através de um chat de conversação. O foco era tentar responder à dúvidas no âmbito jurídico de forma online, rápida e prática. “Laurianne, nossa aluna, trabalhou com a robô Suzy, que era responsável por dúvidas que envolviam a área de saúde e que chegavam ao Tribunal Superior de Justiça. Então eu sou o usuário, por exemplo, e faço uma pergunta. A robô então me responde com uma resposta automática, me perguntando o que eu gostaria de saber sobre aquele assunto”, explica o professor Alexandre.

O terceiro laboratório aconteceu em março deste ano e uniu os alunos de direito da FGV e os de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. O evento Crianças e Youtube: aspectos jurídicos e comunicativos do fenômeno dos Youtubers mirins, apresentou uma série de questões ligadas à regulação e intervenção jurídica no tema, assim como os impactos desses problemas dentro da comunicação. “Nós temos iniciativas tanto para pensar soluções criativas para regulação de novas tecnologias como para entender a forma de prestação de serviços de um profissional do direito que hoje já pode, por exemplo, utilizar várias ferramentas tecnológicas”, completa Alexandre.

Professores e alunos de áreas como a do direito já estão lançando olhares curiosos para as novas plataformas digitais (Foto: Pixabay)

 

Universo digital. Lucas Culler, de 24 anos, é recém-formado em direito pela FGV e participou do primeiro laboratório de programação. Para ele, saber o que é necessário para programar e automatizar simples documentos jurídicos abriu os horizontes para além do uso da ferramenta. Mais do que tudo, a experiência foi, para ele, um diferencial na hora de pensar na inserção no mercado de trabalho. “Quando a gente chega no mercado de trabalho isso é valorizado, porque a gente não entrega só aquela solução jurídica ou o raciocínio lógico que aprendemos na faculdade. A gente também olha para um problema como um programador ou um administrador. Assim podemos oferecer uma solução nova e diferente para ele”, comenta.

Laurianne-marie Schippers, aluna do quinto ano de Direito, participou das duas outras experiências tecnológicas e destaca pontos importantes do aprendizado. “O primeiro, quando falamos sobre os youtubers mirins, a gente trouxe uma discussão bastante atual, porque temos o direito se colocando no debate da tecnologia. O fato de existirem youtubers mirins é um problema? Se for um problema, já teríamos uma regulação que é suficiente para lidar com ele?”, ela explica. “E o segundo ponto é a tecnologia à serviço do direito. Temos temas complexos discutidos pelos tribunais superiores ou inferiores e aqui vimos como traduzir essas questões para a população em geral. Essa foi a questão mais relevante, através da criação do chatbot, por exemplo.”

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