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22 de outubro de 2018

Educação a distância ainda cresce no ensino superior do Brasil

EAD teve quase um milhão de novos alunos no ano passado, e o total de estudantes deve continuar a aumentar até 2020

SÃO PAULO – Após mais de uma década em processo de consolidação, o dilema inicial de que falta qualidade na educação a distância (EAD) está ultrapassado. Quase um milhão de pessoas ingressaram no sistema em 2017 no Brasil, total que tende a crescer até 2020. São pessoas que optam por ter mais flexibilidade e quase sempre veem nos custos de EAD um atrativo para obter um diploma de ensino superior. “Após 10 a 12 anos de desenvolvimento, a educação a distância está consolidada como uma alternativa”, afirma Alcir Vilela Junior, gestor do ensino superior de educação a distância do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Expansão. Para Vilela Junior, do Senac, qualidade é preocupação constante. Foto: Senac EAD

Os especialistas estimam que, em pouco anos, o número de alunos nos cursos presenciais será o mesmo dos cursos a distância. Hoje, de cada quatro estudantes, um faz sua graduação por meios virtuais. O Brasil tem menos de 20% dos seus jovens entre 18 e 24 anos matriculados no ensino superior, somando as modalidades presencial e a distância. Enquanto Argentina e Chile têm por volta de 30%. Os Estados Unidos, na mesma faixa etária, conta com mais de 60% da população cursando cursos superiores.

Mudança

Apesar do sucesso de cursos de EAD, existem novos desafios, segundo Vilela Junior. “Temos, neste momento, a abertura de muito polos de educação a distância, fora das chamadas sedes. Fazer essa expansão sem perder a qualidade deve ser uma preocupação constante”, diz. Os polos não presenciais são centros de ensino credenciados pelo Ministério da Educação (MEC) para o desenvolvimento de atividades pedagógicas. Nesses polos, os estudantes terão atividades de tutoria presencial, bibliotecas, laboratórios, teleaulas e avaliações. Com a mudança na legislação em 2017, a criação dessas unidades ficou mais fácil. A regulamentação do MEC permitiu às instituições oferecer exclusivamente cursos a distancia, sem a obrigatoriedade de ter cursos presenciais de forma simultânea.

A ambientação dos estudantes de EAD é outro aspecto importante. No Senac, de acordo com Vilela Junior, os ingressantes passam meses em atividades presenciais para se prepararem para as aulas online. “Os alunos que chegam fizeram toda a vida estudantil no sistema presencial. É preciso uma boa ambientação.” Na Fundação Getulio Vargas (FGV), também há a preocupação em valorizar as interações físicas com os estudantes. Segundo Henrique Heidtmann Neto, chefe do Centro de Graduação em Administração da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da FGV, 20% das aulas dos cursos de EAD são presenciais. “Não temos graduação exclusivamente a distância.”

Números

778 mil é o total aproximado de alunos em cursos regulamentados a distância ou semipresenciais no Brasil

20% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior, somando presencial e a distância / EDUARDO GERAQUE, ESPECIAL PARA O ESTADO

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