A imagem de um foragido é captada por uma das câmeras de vídeo interligadas à central de operações, e imediatamente é emitido um alerta para os policiais de plantão. A viatura mais próxima é acionada e a prisão acontece em questão de minutos. Noutra situação, um automóvel roubado é flagrado pelo mesmo sistema de monitoramento e, em pouco tempo, está cercado por viaturas. Cenas assim acontecem desde 2014, ano em que o Detecta, maior banco de dados e sistema de monitoramento da criminalidade da América Latina foi instalado pela Secretaria de Segurança Pública no Estado de São Paulo.

O governo estadual investiu cerca de 10 milhões de reais para adquirir a tecnologia da Microsoft que, por meio de big data, permite armazenar e processar grandes quantidades de informações de modo a estabelecer parâmetros sobre determinadas ocorrências. É o que possibilita à polícia, por exemplo, estudar o comportamento de uma quadrilha ou mapear os horários e locais de maior ocorrência de um crime em cada região.

Mesmo sistema utilizado pela polícia de Nova York, o Domain Awareness System (DAS, ou Sistema de Domínio da Consciência, em tradução livre) paulista integra 5 mil câmeras em todo Estado, além de dados das ligações para o 190 e 193 e dos sistemas de registro Digital de Ocorrências (RDO), do Instituto de Identificação (IIRGD) e de Fotos Criminais (Fotocrim). O sistema funciona como um grande buscador na internet: indexa informações e faz associações automáticas.

Detetive high-tech

Foi com o auxílio do Detecta que policiais civis identificaram a placa do carro utilizado no seqüestro de Aparecida SchunckFlosi Palmeira, sogra do empresário Bernie Ecclestone, ex-dirigente da Fórmula 1, em 2016. Ela foi libertada e sete pessoas foram presas – entre elas, o mentor do crime.

O sistema também contribuiu para que a Polícia Civil impedisse aquele que teria sido o maior roubo a banco da história, em 2017. Dezesseis bandidos de uma quadrilha foram presos enquanto escavavam um túnel de 600 metros entre uma casa alugada na Chácara Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, e o cofre da base de distribuição de um banco. As prisões aconteceram após três meses de investigações.

Segundo dados do Grupo de Tecnologia da Informação (GTI), graças ao Detecta, mais de 6 mil pessoas já foram presas em flagrantes, 4,6 mil veículos foram interceptados e cerca de 500 armas de fogo foram apreendidas.

Além de ser acompanhado nas telas do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), o sistema pode ser acessado por até 1 mil policiais simultaneamente  através de computadores, notebooks, tablets e smartphones.

Integração é a melhor arma

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, a integração de dados das polícias dos Estados é fundamental no combate ao crime organizado. Com base nisso os governos de São Paulo e Rondônia firmaram, no começo deste ano, parceria para compartilhar informações. Também estão viabilizadas parcerias com Amazonas e Sergipe.