Um dos princípios do jiu-jitsu é o desenvolvimento da disciplina e do equilíbrio entre corpo e mente. Mas para os alunos do projeto Virando o Jogo, do Ministério do Esporte, os benefícios vão além: a prática dessa e de outras artes marciais oferece a oportunidade de fortalecer a autoestima e melhorar as relações com colegas, na escola e na família.

Tem sido assim desde que Gabriel, de 11 anos, começou a participar do projeto, conta a mãe Maria das Neves Ferreira. “Ele sempre quis praticar algum esporte, mas é caro. Com o projeto gratuito, ficou muito mais fácil. Ele consegue interagir com outras crianças, desenvolveu autonomia e também melhorou a atenção na escola”, diz.

Maria das Neves é moradora da comunidade do Salgueiro, na capital fluminense, onde funciona um dos 60 núcleos do Virando o Jogo, espalhados pelo estado do Rio de Janeiro. Ali, além de jiu-jitsu, são oferecidas aulas de boxe, basquete, vôlei, futsal e ginástica funcional, frequentada pelos adultos da comunidade. Cerca de 150 crianças e 50 adultos participam das atividades.

Adaptação às demandas da comunidade
A coordenadora do núcleo Raízes do Salgueiro, Rousemarie Henrique de Araújo, também criou uma brinquedoteca, onde são realizadas oficinas de artes e aulas de reforço escolar de Português, Matemática, História e Geografia.

“Quando implantamos o projeto, percebemos essa necessidade específica, e está dando super certo. As crianças melhoraram as notas e estão felizes com isso. Consequentemente, participam mais ativamente do projeto, se envolvem mais”, afirma Rouse.

Essa adaptação às demandas de cada comunidade também é um traço do projeto, com potencial de alcançar 18 mil beneficiados ao longo dos 11 meses de execução, que começaram em novembro. “A comunidade sabe quais são as suas necessidades. A ideia é seguir a diretriz do projeto e também olhar para a comunidade onde ele está inserido. Isso inclui atender necessidades daquele local e utilizar a estrutura já disponível, ocupando quadras e espaços construídos, por exemplo”, explica a gestora do Virando o Jogo, Vanessa Mendes.

Para ela, o objetivo principal do projeto é o resgate da cidadania. O projeto nasceu com o propósito de democratizar o acesso ao esporte em regiões de vulnerabilidade social. “Por meio do esporte, você consegue combater todos os tipos de violência e exclusão social, porque você valoriza o comportamento autônomo, o protagonismo daquela pessoa. O esporte é um instrumento de resgate da cidadania”, destaca.