O que fazer com o tempo ocioso das crianças depois que elas saem da aula? O Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, propôs uma solução para esse problema, aliando  incentivo à prática de atividades físicas ao desenvolvimento da cultura esportiva. Criado em 2003, já atendeu a mais de 4 milhões de crianças e jovens ao longo dos 15 anos de funcionamento.

Na cidade de Itaperuna-RJ, que conta com 10 núcleos, são atendidas cerca de 800 crianças. As modalidades esportivas variam conforme a estrutura do local onde o núcleo é implantado. No Centro Poliesportivo, por exemplo, onde há uma piscina, os participantes têm aula de natação. Além disso, são oferecidos atletismo, handebol, basquete e vôlei, presentes também em outros núcleos.

Todas as atividades são gratuitas e orientadas por educadores físicos qualificados. Na prática, os benefícios vão além da melhora na saúde: “O programa Segundo Tempo contribui de várias maneiras. Uma delas é essa questão do afastamento de fatores de risco, como drogas, gravidez precoce, alcoolismo, e outras também na prevenção de doenças que estão relacionadas ao sedentarismo. Hoje nossos jovens e adolescentes estão muito ligados aos jogos eletrônicos, e o Segundo Tempo é uma opção de esporte, que estimula a cultura corporal de movimento”, observa o coordenador pedagógico em Itaperuna, Manoel Messias.

E as crianças percebem isso. “Eu me sinto bem jogando essas brincadeiras do Segundo Tempo. Faz bem para o corpo, bem para os ossos”, diz o aluno Thales Martins, 13 anos, um dos participantes. Ele ficou sabendo do programa na escola, durante uma aula, e logo resolveu participar. Pratica vôlei, atletismo e basquete, além da queimada.

Uma das colegas de Thales, Raymara Fonseca, 12 anos, conta que já gostava de esportes, mas foi só depois de conhecer novas modalidades dentro do programa que se apaixonou pela prática. “Quando eu conheci e passei a jogar queimada, vôlei, eu comecei a gostar de esporte de verdade”, confirma.

Para todas as idades
O Programa Esporte e Lazer da Cidade (Pelc) tem uma proposta um pouco diferente. Também criado em 2003, reúne não só crianças e jovens, mas toda a comunidade ao redor dos núcleos onde é implantado, incluindo idosos e pessoas com deficiência. Pode ser instalado em áreas rurais, urbanas e terras indígenas.

No Brasil, são mais de 690 núcleos, com 280,3 mil beneficiados. A partir dos dois anos de idade – e sem limite definido –, é possível participar das ações do programa.

O núcleo Tamoio, no bairro Ponto da Pedra, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, é um retrato dessa diversidade. “Aqui temos desde crianças pequenas, que começam na natação, até a terceira idade. Brinco que é dos dois aos 100 anos”, diz a coordenadora Lili Vieira.

Para os idosos, além das melhorias diretas na saúde e no bem-estar físico, a atividade cria uma rotina que estimula a integração social. “Muitos desses idosos são maltratados em casa, ou são sozinhos, então eles também consideram esse grupo como um espaço para vir desabafar, conversar, ter amigos. Para as crianças, o aprendizado é também de disciplina, atenção, conexão com o corpo”, observa Lili.