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Varejo

À espera

de 2017

Grande motor da economia e gerador de empregos, o varejo passou a última década em plena ascensão, puxado pela nova classe média, mas a euforia acabou há dois anos

Puxado pela ascensão da classe média, o segmento de varejo registrou faturamento anual bastante acima do Produto Interno Bruto (PIB) na última década, mas as boas novas acabaram a partir de 2013 e, de lá para cá, só amarga más notícias. “O setor teve seu pior momento no primeiro semestre deste ano”, afirma Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Consumo e Varejo (SBVC). O mercado de bens de serviços correntes, como supermercado, farmácia e cabeleireiro, sofreu menos com a crise, diferentemente do de bens duráveis, que inclui automóveis, motos, imóveis e eletrodomésticos, que foi largamente afetado. “São gastos maiores e eles caíram demais. Então, voltar a crescer é quase que um processo natural”, aponta Terra, da SBVC.

O aumento do desemprego e a queda da renda do trabalhador – aliados à falta de crédito, à dificuldade em se obter financiamento, ao aumento do custo do capital (altas taxas de juros cobradas ao consumidor) e à baixa confiança – contribuíram para as vendas caírem. Em maio de 2016, o comércio varejista nacional registrou variação de -9% na comparação com maio de 2015, segundo o IBGE.

A queda nas receitas das lojas impactou também os shopping centers. Luis Augusto, diretor institucional da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), apontou que os índices de vacâncias aumentaram. Uma pesquisa encomendada pela Alshop ao Ibope mostrou que, em fevereiro, os shoppings inaugurados após 2012 tinham índice de vacância médio de 43% e os abertos antes de 2012, de 9%, sendo que o índice em economia sadia gira em torno dos 3%. “A vacância traduz tudo: menos lojas abertas, menos empregos, menos receita”, diz.

“O consumidor, mesmo empregado, está se sentindo inseguro”, afirma Marcel Solimeo, superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A expectativa é que até o fim do ano a queda das vendas diminua. “Existe uma tendência de estabilização do desemprego. A sensação é de que vai piorar menos”, completou. 

Mesmo considerando uma reação nas vendas, não haverá tempo de o varejo se recuperar neste ano, segundo Fabio Gomes M. Bentes, da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “O consumo nas classes média e média baixa oscilam ao sabor da inflação. Esta nova classe média sustentou o consumo, mas, com a inflação disparando, colocou o pé no freio”, ressaltou.

A expectativa é de que, com a inflação voltando para o centro da meta e a economia dando sinais de recuperação, o varejo volte a ficar aquecido. Para Marcel Solimeo, da ACSP, o principal desafio do varejo hoje é vender, porque o consumidor está retraído. “Fora essa questão, o setor sofre muito com burocracia e tributação. O ICMS tem peso grande, principalmente porque o varejo está no fim da cadeia e incide sobre eles todos os impostos da fase anterior”, explicou. Luis Augusto, da Alshop, destaca que, de fato, existe uma relação bastante estreita entre o comportamento do varejo e o mercado de trabalho. Por isso, com o mercado de trabalho mostrando indícios de recuperação, pode haver melhoria no varejo no ano que vem.

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lojas americanas

Na contramão da retração

Lojas Americanas, Raia Drogasil e Lojas Renner mantêm confiança no mercado brasileiro e apresentam resultados positivos

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“85 anos em 5”: Apesar da crise, em 2015, a empresa definiu seu plano de investimento até 2019

A crise econômica não inibiu o crescimento das três companhias finalistas do ranking Empresas Mais. Lojas Americanas, Raia Drogasil e Lojas Renner apresentaram resultados positivos, na contramão da retração do setor varejista. Não perder o foco e manter a essência do negócio parece ser a receita para vencer em situações de dificuldades. Apesar do cenário desafiador, a Lojas Americanas, campeã no setor de varejo, mantém sua postura de confiança no mercado brasileiro. “Temos mais de mil lojas distribuídas por todo o País e planejamos abrir cerca de 800 novas unidades até 2019 em diversas cidades. Continuamos otimistas com as oportunidades”, ressalta Murilo Corrêa, diretor financeiro e de relações com investidores da Lojas Americanas.

A empresa segue seu plano de expansão “85 anos em 5”, que prevê investimento de R$ 4 bilhões de 2015 até 2019. No ano passado, a companhia investiu o total de R$ 677,3 milhões, com foco em expansão, reforma da rede de lojas e atualização tecnológica. “Estamos otimistas para seguir nossa trajetória de crescimento e manteremos o compromisso com a rentabilidade e a habitual disciplina nos estudos de viabilidade econômica para a abertura de novas lojas nos próximos anos”, diz o diretor.

Nos últimos anos, a evolução nas vendas, somada à forte geração operacional de caixa, permitiu a Lojas Americanas seguir investindo na expansão de lojas, na estratégia multicanal e em iniciativas para melhor atender nossos clientes. Como exemplo, Corrêa cita a criação da iniciativa +AQUI, promotora responsável pela comercialização de produtos e serviços financeiros, como cartões de crédito, seguros, empréstimos e cartões pré-pagos – o cartão é emitido pela Bradescard em um modelo de parceria por comissionamento.

Expansão de mercado

Fruto da fusão entre duas grandes marcas do varejo farmacêutico, a Raia Drogasil, segunda colocada no ranking, se beneficia do envelhecimento da população, uma vez que atua em um segmento que vende itens de primeira necessidade com menos propensão de serem cortados pelos consumidores. No entanto, não basta apenas contar com a demanda em alta. “Este é um mercado defensivo e sente pouco a crise, mas os bons resultados não caem do céu”, diz Marcílio Pousada, presidente da Raia Drogasil.    

A empresa revisou para cima o número de lojas a serem abertas, com previsão de inaugurar 200 unidades tanto neste ano como em 2017. Boa parte das aberturas em 2014 e 2015 ocorreu no Nordeste, onde a empresa também montou um centro de distribuição – o oitavo da companhia – para abastecer a região. Para lidar com duas marcas fortes, a empresa definiu que, nos Estados do Sul, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, a Raia seria dominante. Já em São Paulo, onde as empresas nasceram, Raia e Drogasil conviverão. E no restante do País a Drogasil será a principal. A estratégia da companhia é crescer organicamente. “Sabemos escolher esquinas e treinar pessoas”, enfatiza Pousada.

A Lojas Renner, terceira colocada no ranking, também seguiu com a abertura de lojas (foram inauguradas 27 lojas Renner, dez Camicado e 12 Youcom em 2015) e focou em novas coleções, no melhoramento do mix de produtos e na redução de despesas para atravessar a crise. Parte da estratégia de custos se deu por meio da implantação do mesmo modelo logístico para todas as marcas e do programa de desenvolvimento de fornecedores nacionais para melhorar a produtividade deles.

“Em situações de inércia como esta, podemos fazer algumas concessões, mas sem perder o nosso posicionamento de mercado”, diz José Galló, presidente da Lojas Renner, explicando que a empresa apostou em ter maior número de produtos com preços menores dentro do escopo de atuação e manter o público-alvo, formado pelo público feminino, das classes A-, B e C+. “Nossos três negócios têm o mesmo público-alvo. É isto que sabemos fazer, é este o público que conhecemos.”

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

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