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Transportes

Muitas pedras no meio

do caminho

O setor de transporte e logística depende intimamente do desempenho de áreas como indústria e agronegócios. Neste ano, só resta torcer para a recuperação geral

Por ser atividade meio, com atuação diretamente vinculada a outros segmentos ligados à produção econômica, o setor de transporte e logística foi enormemente impactado pela forte redução das produções industrial e agropecuária. Conforme o IBGE, o desempenho dos segmentos de transporte, armazenagem e logística teve uma retração de 7,4% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015. Esse resultado foi puxado, principalmente, pela contração das atividades de transporte e armazenamento de cargas, o que resultou na demissão de 32 mil pessoas somente neste ano. A indústria, por sua vez, recuou 7,3% em relação aos primeiros três meses de 2015. A queda mais expressiva foi na de transformação, de 10,5%. Isso porque foram produzidos menos veículos, equipamentos, máquinas, móveis, produtos metalúrgicos, de metal, de borracha e material plástico.

Já a indústria extrativa mineral caiu 9,6%, puxada pelo resultado das atividades de extração de minérios ferrosos e de petróleo e gás. A agropecuária também teve desempenho negativo, de 3,7%, por causa da menor produtividade de culturas relevantes no primeiro trimestre do ano. “O cenário está bastante instável e, além de tudo, o setor de transportes sofre bastante com a infraestrutura brasileira, que é muito ruim”, afirma Clésio Andrade, presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Nesse cenário, já no final de 2015, a entidade entregou ao então governo federal seu plano de Recuperação Econômica e voltou a apresentá-lo ao governo interino em abril deste ano. O Plano prevê o investimento de R$ 987 bilhões em 2.045 projetos de infraestrutura de transporte em todos os modais. Entre os projetos estão a duplicação de 6 mil quilômetros de rodovias federais e a construção de 300 armazéns para integração multimodal.

O plano é composto por três pilares. O primeiro deles é a implementação do Programa de Sustentabilidade Veicular, que institui uma política de caráter ambiental para promover a contínua renovação e reciclagem da frota de veículos. Andrade destaca que há uma expectativa de geração de 285 mil empregos, R$ 18 bilhões em tributos e crescimento de 1,3% do PIB com a implementação desse programa.

“Também defendemos as propostas para a dinamização do setor de transporte e logística, com fortes investimentos em infraestrutura de transporte e participação da iniciativa privada”. Essas propostas, que fazem parte do segundo pilar, incluem a criação de um Conselho Gestor, a garantia de segurança jurídica, a mudança na lei de licitações, implementação da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI), entre outras medidas. “O governo precisa criar segurança jurídica para os futuros contratos. O País perdeu uma oportunidade de atrair investimentos estrangeiros porque não foi capaz de garantir a segurança necessária. Isso precisa ser modificado”, pondera Andrade. “A CNT, com seus escritórios na China e na Alemanha, poderá auxiliar na atração de investimentos estrangeiros para infraestrutura de transporte no Brasil”, aposta.

O terceiro pilar do Plano da CNT diz respeito a medidas de recuperação econômica e geração de empregos, como as reformas tributária, trabalhista, política, da Previdência e administrativa. Andrade destaca ainda a necessidade de reduzir o número de órgãos que atuam no setor. “Um novo governo precisa reduzir o número de ministérios, com no máximo 20. Na área de transporte, os processos precisam ser simplificados”.

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CCR

Desafios atravancam retomada

Ambiente para investimento em infraestrutura precisa melhorar para o País voltar a crescer

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Grandes obras: O Grupo CCR está presente em vários negócios, como projetos de mobilidade urbana e concessões de aeroportos e de estradas, como a Rodovia dos Bandeirantes (SP)

Fundado em 1999, o Grupo CCR, o grande destaque da categoria, é uma das maiores companhias de concessão de infraestrutura da América Latina. Controla atualmente 3,2 mil quilômetros de rodovias e emprega cerca de 11 mil colaboradores. Sua receita líquida cresceu 9,6% em 2015 em comparação com o ano anterior e pretende investir em torno de R$ 6 bilhões em 2016, um valor recorde para a companhia em um único ano. “Acreditamos no potencial dos nossos negócios e do Brasil. Os desafios atuais da economia brasileira, apesar de certamente nos afetarem também, não chegam a ameaçar nossa solidez”, afirma Renato Vale, presidente do Grupo CCR, que ainda aponta desafios a serem superados. “É preciso melhorar o ambiente para o investimento em infraestrutura – e isso não é importante somente para a CCR ou para o setor, mas para todo o Brasil, pois o investimento em infraestrutura pode impulsionar a retomada do crescimento do País. E a melhor forma de garantir esse investimento, sem onerar ainda mais o poder público, é a parceria com a iniciativa privada, por meio do programa de concessões”, conclui Vale.

Segundo ele, as empresas precisam de um cenário de previsibilidade para os investimentos, com a manutenção e o aperfeiçoamento do marco regulatório das concessões, transmitindo a certeza do cumprimento dos contratos vigentes e dos que virão a ser assinados. “É importante ainda melhorar as condições de financiamento, passando-se a aceitar também o chamado project finance, em que as receitas futuras do próprio projeto a ser financiado são aceitas como garantia”, complementa o executivo.

Novos negócios

A recessão parece também não ter atingido a Transpetro, a segunda colocada no ranking do setor, que obteve em 2015 um lucro líquido de cerca de R$ 1 bilhão – o maior de toda a sua história. O desempenho da subsidiária de logística da Petrobras foi 14,1% superior ao obtido em 2014 e a geração operacional de caixa (Ebitda) consolidada foi de R$ 2,036 bilhões. “Esses resultados foram alcançados graças à busca constante pela eficiência operacional, ao alto grau de competência técnica nas suas operações e melhor alocação de seus recursos com redução de gastos, otimização de custos e geração de novas receitas”, explica Antônio Rubens Silva Silvino, presidente da Transpetro, que incorporou à sua frota seis novas embarcações construídas no Brasil entre janeiro de 2015 e junho de 2016 e deve, até o final de 2017, entregar outras cinco embarcações, duas delas ainda neste ano.

“Isso reforça o faturamento da companhia e aumenta a presença da Transpetro no segmento de transporte marítimo de petróleo e derivados na logística do sistema Petrobras. Seguimos com foco em novos negócios e fortalecemos os já existentes. Nosso maior desafio é prover soluções logísticas eficientes e seguras ao menor custo possível”, afirma Silvino, que coordena um conjunto de 47 terminais, 14 mil quilômetros de oleodutos e gasodutos e 56 navios.

A Transportadora Associada de Gás (TAG), que opera os gasodutos da Petrobras e figura no terceiro lugar do ranking no setor de transporte, deve alcançar, neste ano, uma receita líquida de R$ 8 bilhões. Para isso, de acordo com a empresa, contribuiu o final do ciclo de investimentos da companhia e também as aquisições, ao final de 2014, da Nova Transportadora do Sudeste S.A. (NTS) e da Nova Transportadora do Nordeste (NTN), ambas subsidiárias da TAG deste então. A rede de gasodutos da TAG inicia-se na Baixada Santista, em São Paulo, e se estende até o Porto de Pecém, no Ceará, transportando gás natural de forma integrada por 11 estados. A TAG possui ainda o gasoduto que interliga a região de produção de Urucu à capital do Amazonas, em Manaus.

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

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