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Saúde

Saúde não tem preço,

mas custa

O diagnóstico não é bom, mas é preciso encontrar soluções para salvar o setor, fundamental na prestação de serviços essenciais à população

Tal como outros importantes setores da economia, a saúde no Brasil também não vai nada bem. “A nossa atividade tem sido altamente prejudicada por diversos fatores, como o êxodo de usuários dos planos de saúde e a consequente migração desse contingente para o Sistema Único de Saúde (SUS); o achatamento da remuneração dos prestadores de serviços de saúde, que compromete sua saúde financeira; a dificuldade em manter padrões de qualidade; a criação de demanda reprimida em todas as áreas, principalmente no setor público, e a consequente insatisfação do cidadão”, informa Tércio Kasten, presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS). A entidade reúne oito federações e 90 sindicatos de saúde, representando todos os estabelecimentos de serviços de saúde no País, como hospitais, clínicas, casas de saúde, laboratórios de análises clínicas e patologia clínica, serviços de diagnóstico, imagem e fisioterapia, entre outros.

Diante desse cenário de retração, algumas perdas são mais preocupantes. Uma delas é o desemprego. “Até meados de 2014, em que pese as dificuldades pelas quais o setor passava, o nível de emprego se mostrava positivo, com aumento da contratação em ritmo constante. Mas, a partir do último trimestre daquele ano até hoje, temos notado uma redução constante na empregabilidade. O setor, principalmente aquele que presta serviços na área estatal, está em franca decadência, com fechamento de leitos, de unidades de saúde, diminuição do número de atendimentos, entre outros pontos, o que provoca a deterioração da qualidade dos serviços prestados”, afirma Kasten. Segundo dados de 2015, somando-se os investimentos públicos e privados, o setor representou 9,1% do PIB, índice que, segundo o presidente da CNS, está um pouco inferior a outros países emergentes, como Argentina, Chile e Peru.

Como sair da UTI?

Ao contrário do que ocorre em outros segmentos em que, quando a crise aperta, uma das saídas é cortar custos por meio de demissões, na área da saúde o cenário parece um tanto mais complexo. “Cortar custos em saúde é muito complicado. Não há muitas soluções. Se diminuirmos o número de trabalhadores, estaremos expondo os pacientes a um grande risco de falta de assistência. Se reduzirmos a quantidade ou a qualidade dos insumos, podemos ficar impedidos de cuidar corretamente do usuário. Se deixarmos de pagar impostos, o castigo futuro é penoso. Se diminuirmos a qualidade em geral, seremos penalizados por desídia ou dolo”, explica o presidente da CNS. “Para piorar o quadro, já que a retração econômica não tem poupado ninguém, quem detém o poder de compra dos serviços, para conter ou reduzir seus custos, pode simplesmente diminuir a alocação de recursos ao limitar pagamentos e deixar ao prestador a alternativa de exercitar sua criatividade para solucionar os problemas e tentar não comprometer a qualidade assistencial”, acrescenta Tércio Kasten.

Entre as possíveis medidas que podem dar mais fôlego ao setor e tirá-lo da UTI onde ele se encontra atualmente estão o aumento do financiamento pelo setor estatal (principalmente da área federal), a recuperação do emprego e a oferta de mais facilidade para que o segmento incorpore inovações tecnológicas. Outra medida importante seria reduzir a carga tributária, já que, em média, os impostos respondem por um terço do valor do serviço ou produto médico-hospitalar, o que encarece os custos de prevenção e tratamento de doenças. O lema na área é conhecido e uma boa radiografia do setor como um todo: “A saúde não tem preço, mas tem custos e alguns deles são elevadíssimos”.   

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Rede D’Or São Luiz

Força para continuar crescendo

Hospitais, centros de diagnósticos e institutos de pesquisas driblam a crise para oferecer à população o melhor atendimento em saúde

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Saúde financeira: Decisões tomadas em 2014 permitiram que a rede obtivesse bons resultados um ano depois

Mesmo em um ambiente recessivo, que trouxe muitos impactos ao mercado de saúde como um todo, a Rede D´Or São Luiz tem conseguido excelentes resultados. Em 2015, por exemplo, registrou um faturamento bruto 28,4% superior ao de 2014, incluindo unidades adquiridas ao longo do ano passado. “Começamos a nos preparar para a crise em 2014, tomando algumas decisões importantes. Uma delas foi a criação do Centro de Serviços Compartilhados (CSC), que nos permitiu rever todos os processos referentes às atividades de suporte e transações rotineiras, renegociar contratos com fornecedores e prestadores de serviços e reduzir custos e despesas. Além disso, o CSC possibilitou combinar indicadores de desempenho ainda mais precisos com ferramentas de business intelligence (BI), o que constitui instrumento poderoso de acompanhamento e gestão. Assim, nossos hospitais passaram a ter foco exclusivo na assistência médica de qualidade aos pacientes e atender aos médicos com eficiência”, informa Otávio Lazcano, chefe do setor financeiro (CFO) da Rede D’Or São Luiz. Estes fatores ajudaram a Rede D´Or a se tornar bicampeã do estudo Empresas Mais do setor de Saúde, já que também liderou o ranking na edição de 2015.

Presente em quatro Estados, a rede tem 31 hospitais próprios, dois hospitais sob gestão, dois em fase de construção, 31,4 mil funcionários e 87 mil médicos credenciados. No segmento de saúde, no entanto, só números grandiloquentes não dizem tudo. Como essa área trata do que existe de mais valor para o ser humano – ou seja, sua saúde –, é importante também que se tenha um olhar atento em relação ao que é oferecido à população. “Regularmente todas as nossas unidades passam por processos de acreditação hospitalar conduzidos por entidades independentes brasileiras ou do exterior, como a Organização Nacional de Acreditação, Joint Commission International e Accreditation Canada – Qmentum, que garantem a qualidade dos serviços e a segurança do paciente”, acrescenta Otávio Lazcano.

A segunda colocada no ranking Empresas Mais foi a rede Dasa (Diagnósticos da América) que, como a Rede D´Or, tem planos de continuar a crescer. “Estamos focados no crescimento orgânico. Em 2015, investimos R$ 248 milhões e abrimos mais de 80 unidades. Em 2016, vamos investir ainda mais e abrir 50 unidades”, revela Pedro de Godoy Bueno, presidente da Dasa. Segundo o executivo, o fato de a empresa ter se destacado no setor se deve a vários fatores. “Fizemos uma ampla mudança de cultura, alicerçada em qualidade médica, excelência em serviços e eficiência. Trouxemos atributos como foco no cliente, postura de dono, agilidade e transparência para transformar nosso modo de trabalho. Introduzimos também a gestão por indicadores para mensurar nossas ações e nossos projetos”, informa Pedro de Godoy Bueno.

A Fundação Antonio Prudente, de São Paulo, principal polo de pesquisa do câncer e o maior centro de formação de oncologistas do Brasil, terceira colocada no ranking, reforçou sua atuação como referência internacional, se destacando como a principal instituição da área na América Latina. “Apesar dos desafios macroeconômicos e do setor de saúde em 2015, a performance econômico-financeira apresentou tendência de melhoria consistente, considerando a disciplina de gestão dos custos, das despesas e do capital de giro e a administração efetiva do caixa, promovida para enfrentar as turbulências do período”, conta Vivien Navarro Rosso, superintendente geral da fundação, também chamada de A.C. Camargo Cancer Center. Em 2015, foram realizados na instituição 3,7 milhões de procedimentos, entre consultas, exames diagnósticos, cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia, um crescimento de 3,2% em comparação ao ano anterior.

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