Rankings
Química e Petroquímica

Uma luz no

fim do túnel

Um pequeno crescimento nas vendas, percebido no primeiro semestre de 2016, é um alento para o setor que só registrava resultados negativos há mais de quatro anos

A indústria química, um dos principais segmentos econômicos do País, parece dar os primeiros e lentos sinais de que pode se recuperar do tombo ocorrido nos últimos anos. Os resultados ainda são tímidos e talvez incipientes, mas podem representar uma luz de esperança no fim do túnel. “Depois de vários anos de retração no consumo, percebemos uma pequena melhora nos números comparando-se o primeiro semestre de 2016 com o mesmo período de 2015. Houve um avanço de 0,2%. Melhor ainda foram os números do segundo trimestre, que revelou um crescimento de 2% em relação ao mesmo período de 2015”, comenta Marcos De Marchi, presidente do Conselho Diretor da Abiquim, entidade que reúne indústrias químicas de grande, médio e pequeno porte, além de prestadores de serviços ao setor nas áreas de logística, transporte, gerenciamento de resíduos e atendimento a emergências. Talvez esse índice mais recente seja o primeiro passo de vários outros que virão à frente para que o setor recupere o que foi perdido nos últimos anos.

“Parar de cair já é um alento. Mas ainda estamos longe do ideal, pois as perdas têm sido recorrentes há anos. Em 2015, por exemplo, registramos uma queda de consumo de 6,6% em relação a 2014”, diz De Marchi.

Há ainda outra boa notícia: segundo dados da Abiquim, o produtor brasileiro tem ganhado market share no mercado nacional. Em 2014, o consumo de produtos químicos importados representava 35% do mercado. Neste ano, caiu para 30%. Essa recuperação talvez ajude também a voltar a movimentar as máquinas das plantas industriais. Hoje, o setor utiliza apenas 79% de sua capacidade instalada (em 2015, foi 78%). Ou seja, 21% do parque industrial está desativado. Mesmo nesse ambiente recessivo, em 2015 o setor faturou US$ 112 bilhões, o que representou cerca de 10% do PIB industrial do País. Atualmente, o Brasil é o sexto maior produtor mundial, atrás de China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coreia do Sul. E ainda estamos à frente de alguns países de economia forte, como França, Inglaterra, Itália e Índia.

Encontro com Temer

Outra consequência negativa do momento que o segmento atravessa é relacionada ao emprego, não propriamente do setor, mas da cadeia produtiva que vem na sequência. “Totalizamos cerca de 400 mil empregos diretos, cuja produção irá impactar mais 1,6 milhão de trabalhadores indiretos, alocados nas indústrias que usarão os nossos produtos para fabricar outros itens. Se o nosso setor não anda, os outros param e demitem”, conclui o presidente do Conselho Diretor da Abiquim.

E na área de química e petroquímica demitir funcionários para reduzir os custos não é usual. Apesar de, em média, o salário ser o dobro no comparativo com o que é recebido por outros trabalhadores da indústria de transformação, o turn over costuma ser baixo. Um dos motivos é que, para funcionar bem, a área precisa ter quadros profissionais qualificados e bem treinados. “Demitir custa caro”, comenta De Marchi.   

Entre as iniciativas para colocar novamente o setor no rumo do crescimento, no final de julho, o então presidente interino, Michel Temer, recebeu em Brasília alguns representantes do Conselho Diretor da Abiquim. Na agenda foram debatidos alguns temas prioritários, como o aumento da competitividade no mercado interno, o preço das matérias-primas – como nafta e gás natural, que correspondem a cerca de 75% dos insumos básicos de produção –, o custo de transporte e logística entre os polos petroquímicos de Triunfo (RS) e Camaçari (BA) e os principais parques produtores, além de pontos relativos à inovação, equidade de competição com empresas internacionais e, claro, carga tributária elevada. 

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BAYER

Novos produtos para vencer a crise

Essa é uma das principais estratégias da Bayer, que, como em 2015, liderou o ranking da categoria Química e Petroquímica

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Mirando o futuro: A Bayer irá investir R$ 180 milhões na modernização de laboratórios, em P&D e em projetos socioambientais

Parece que a recessão que vem causando estragos na economia brasileira há cerca de dois anos não atingiu a Bayer, uma das mais importantes empresas químicas e farmacêuticas do mundo e primeira colocada no estudo Empresas Mais em sua categoria. Isso porque a empresa fechou o balanço de 2015 com números expressivos, levando-se em conta o cenário atual. Suas vendas totalizaram R$ 10,17 bilhões, crescimento de 26% em relação a 2014. “Estamos presentes no Brasil há 120 anos e sempre confiamos no País. Por isso, acreditamos que o momento econômico é passageiro”, conta Theo Van der Loo, presidente da Bayer Brasil, que tem acentuada atuação nas áreas de saúde feminina e masculina, oncologia, cardiologia, neurologia, oftalmologia, antibióticos, anti-inflamatórios, radiologia, suplementos vitamínicos, dermatologia e ortopedia.

Considerando essas premissas básicas, a empresa conseguiu excelentes resultados em várias áreas. Consumer Care, por exemplo, cresceu 30% em relação a 2014. A expansão de 37% da área de CropScience está relacionada ao investimento de R$ 31 milhões, que proporcionou a inauguração dos laboratórios de Monitoramento de Resistência a Fungicidas, Herbicidas e Inseticidas e do Centro de Tecnologia de Aplicação. “Esses novos espaços foram criados para atender especificamente às necessidades da agricultura do Brasil e de outros países da América Latina, integrando o Centro de Expertise em Agricultura Tropical, também idealizado pela Bayer Brasil, com sede em Paulínia”, comenta Theo Van der Loo.

O segmento de HealthCare (com vendas 16% maiores que em 2014) também ajudou a alavancar o resultado da empresa. Segundo Van der Loo, “um dos nossos diferenciais é manter o foco em inovação, investir em P&D de novos produtos e buscar soluções para as necessidades de nossos clientes e do mercado”. Nesse sentido, a empresa aportará R$ 180 milhões na modernização das instalações e dos laboratórios, em P&D e em projetos socioambientais. É bom lembrar também que, em meados de setembro, a empresa alemã fechou acordo de compra da Monsanto.

Internacionalização

Para a Braskem, que conquistou a segunda posição do ranking, o ano de 2015 foi desafiador. “A retração do mercado doméstico fez com que buscássemos oportunidades no mercado externo para manter as taxas de operação elevadas dos crackers brasileiros. Com isso, as exportações de resinas da companhia tiveram alta de 28% em 2015, totalizando 1,4 milhão de toneladas. As exportações dos principais petroquímicos básicos somaram 1,5 milhão de tonelada, expansão de 1% em relação a 2014”, informa Fernando Musa, presidente da Braskem.

Segundo o executivo, o processo de internacionalização da empresa se fortaleceu e contribuiu para o bom desempenho alcançado no período. “Em 2015, o projeto do México entrou em fase final de construção, até ser inaugurado em 2016. Já as operações nos EUA e na Europa trouxeram resultados significativos, em função do desempenho operacional, com recorde de produção, das margens petroquímicas elevadas e do aumento de demanda de produtos petroquímicos, impulsionada pelo crescimento econômico“, acrescenta. Com isso, em 2015, a Braskem registrou Ebitda recorde de R$ 9,37 bilhões, alta de 67% em relação ao ano anterior. O lucro líquido  alcançou R$ 2,89 bilhões.

Já para a Petrobras, terceira colocada, 2015 trouxe também o desafio da forte queda dos preços internacionais do petróleo, já que o preço do Brent foi inferior, em média, 47% em relação a 2014. Apesar disso, a petroleira elevou suas margens de operação, otimizou gastos operacionais e aumentou sua produção de petróleo e gás natural, contribuindo para uma maior geração de caixa operacional. A companhia alinhou seu plano de investimentos a esse cenário mais restritivo, tendo como consequência a apuração de um fluxo de caixa livre positivo.

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

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