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Metalurgia e Siderurgia

Em busca do

aço perdido

Siderurgia brasileira vive a pior crise de sua história. Mas mira o futuro à procura de soluções para retomar o crescimento

Considerada uma das principais indústrias de base do País, a siderurgia brasileira passa por maus bocados. “Vivenciamos a pior crise da nossa história. Foram quase 30 mil colaboradores demitidos em 2014 e 2015 e um total de cinco altos fornos parados”, lamenta-se Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, entidade que reúne 14 empresas privadas, controladas por 11 grupos empresariais que operam 29 usinas siderúrgicas localizadas em dez Estados brasileiros. De fato, os números não são animadores.

No primeiro semestre de 2016, foram produzidas 14,9 milhões de toneladas de aço bruto e 10,2 milhões de toneladas de laminados. No comparativo com 2015, houve uma redução na produção de, respectivamente, 13% e 14,7%. No acumulado dos seis primeiros meses de 2016, o consumo aparente foi de 9 milhões de toneladas (23,7% inferior na comparação com o mesmo período de 2015). As vendas internas foram de 8,2 milhões de toneladas (queda de 15,5% em relação ao período igual do ano passado). Segundo Marco Polo de Mello, as previsões do Instituto Aço Brasil para o final de 2016 também são decepcionantes. A produção de aço está estimada em 31 milhões de toneladas (6,8% menor que o total de 2015), as vendas devem ser de 16,4 milhões de toneladas (recuo de 10%) e o consumo aparente será de 18,2 milhões de toneladas (queda de 14,4%), retornando ao índice de dez anos atrás.

Os números comprovam que a siderurgia nacional é mais um setor a ser nocauteado pela retração econômica que se instalou no Brasil há dois anos e também, claro, por fatores externos. “O desempenho da indústria brasileira do aço vem caindo desde 2014. O ambiente político-econômico foi determinante para que os principais setores consumidores de aço – como o automotivo, a construção civil e o de máquinas e equipamentos – registrassem quedas sucessivas em seus resultados, encolhendo drasticamente o mercado interno do aço. No mercado externo as enormes dificuldades que, historicamente, a indústria nacional tem para competir com concorrentes internacionais também prejudicaram muito”, afirma Marco Polo.

Combate ao aço barato do Oriente

Exportar, claro, seria uma excelente solução a curto prazo para aumentar a utilização da capacidade instalada do parque siderúrgico nacional, hoje beirando 60%. “Mas aí surge um novo problema. O setor convive com excedentes de capacidade produtiva internacional que ultrapassam 700 milhões de toneladas, o que leva a práticas predatórias e desleais de comércio e preços depreciados”, analisa Marco Polo de Mello. Um bom exemplo, segundo ele, vem da Ásia. “Cerca de 400 milhões das 700 milhões de toneladas de aço excedentes no mundo estão na China. No ano 2000, o Brasil importava 12 mil toneladas de aço da China. Ou seja, 1,4% do total. Em 2015, esse número subiu para 1,6 milhão de toneladas. Ou 50,2% das importações brasileiras de aço. Esse fenômeno só ocorreu devido aos subsídios governamentais que permitem essas práticas. É uma competição desleal. As empresas brasileiras produtoras de aço têm que disputar mercado com o governo chinês, e não com as companhias da China”, comenta o executivo do Instituto Aço Brasil.

Algumas das medidas para combater o aço barato que vem do Oriente, segundo Marco Pollo, seria o governo investir em mecanismos de defesa comercial mais ágeis e eficazes, não reconhecer a China como economia de mercado e contribuir para o aumento da competitividade da indústria do aço brasileira. Fácil, como se vê, não será. Mas são medidas extremamente necessárias para dar início à recuperação de um dos setores mais importantes da economia de qualquer país.

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CBMM

Mina de lucro em Araxá

Há seis décadas criando mercado para seu principal produto, a CBMM é bicampeã do estudo Empresas Mais no setor de Metalurgia e Siderurgia

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De Minas Gerais para o mundo: 90% da produção da CBMM é voltada ao mercado externo

É de uma mina com cerca de 4,5 quilômetros de diâmetro e 800 metros de profundidade, localizada no município de Araxá (MG), que surge o nióbio, a principal matéria-prima usada na Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), primeira colocada no estudo Empresas Mais, mesma posição que ocupou no estudo realizado em 2015. A aplicação mais importante do nióbio, que é processado ao lado da mina, um dos minérios mais cobiçados atualmente pelas indústrias de alta tecnologia, é como elemento de liga, usado para aumentar a resistência e tenacidade do aço, sem comprometer sua maleabilidade. Como se usa um aço de melhor qualidade, tudo (veículos, navios, contêineres, caçambas de caminhões, pontes, aviões) fica mais leve e resistente e, portanto, mais eficiente. Em gasodutos, por exemplo, o aço com nióbio oferece mais segurança e suporta maior pressão. “Uma das principais razões do nosso sucesso é o planejamento de longo prazo”, afirma Tadeu Carneiro, presidente da CBMM, principal produtora mundial de nióbio e única empresa com presença em todos os segmentos do mercado de nióbio. “Quando começamos, em 1955, não havia mercado para nosso produto. Ao longo de 61 anos criamos esse mercado e desenvolvemos tecnologia para a aplicação do produto. Essa estratégia criou uma robustez que faz com que a companhia tenha tido bons resultados até em anos difíceis”, analisa Tadeu Carneiro.

Os números revelam que a estratégia é certeira. Em 2015, o faturamento foi
R$ 4,9 bilhões – 16% maior que em 2014
(R$ 4,2 bilhões). Foram produzidas 65 mil toneladas de ferro nióbio e mais 5 mil toneladas de outros produtos, sendo que 90% da produção é dirigida ao mercado externo. “Não há um só lugar do mundo onde se produza aço em que não estejamos presentes”, observa o principal executivo da CBMM.   

De olho nos chineses

Nesse cenário, a CBMM está preocupada com os ventos que sopram na economia mundial. “Nós dependemos muito de projetos de infraestrutura, em especial para transporte de gás, e alguns desses projetos devem começar a sair do papel em 2017”, afirma Tadeu Carneiro. Um deles deve ser a participação em gasodutos na China, que pretende dobrar sua rede de gasodutos de 120 mil quilômetros para 250 mil quilômetros.

A segunda posição do ranking Empresas Mais coube à Arcelormittal Brasil, que vem colhendo os frutos de um projeto que teve início há três anos. “Em 2013, começamos um processo para aumentar as exportações que avançou ao longo de 2014 e 2015, sobretudo no setor de aços planos. Nesse contexto, fornecemos placas de aço para a planta do grupo localizada em Calvert, no Estado do Alabama, nos Estados Unidos, o que nos assegura uma demanda contínua para os próximos anos. Também fizemos o dever de casa: aumentamos a produção e a eficiência operacional,  reduzimos custos fixos e elevamos a qualidade do mix de produtos”, diz Benjamim Mario Baptista Filho, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO de Aços Planos América do Sul. Ainda segundo o executivo, “na planta de Tubarão (ES), a maior unidade produtiva da empresa, há uma excelente escala de produção e muita facilidade para exportar, já que está próxima ao terminal portuário privativo. Com isso, se considerarmos os segmentos de aços planos, longos e mineração, exportamos em 2015 para mais de 30 países”.

O terceiro posto coube à Albras Alumínio Brasileiro que, de acordo com Og Bernardi, presidente e CEO da companhia, tem sua boa performance relacionada ao suporte recebido. “O apoio dos acionistas da joint-venture Albras – tanto da Hydro (que detém 51% das ações) quanto da Nippon Amazon Aluminium Co. (com 49%) – com a continuidade dos investimentos na fábrica foi fundamental. A Albras hoje é uma ilha de prosperidade, pois os acionistas deram suporte para implantar as mudanças organizacionais e melhorias gerais. Sem isso, o negócio seria insustentável”, observa Bernardi.

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