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Máquinas e Equipamentos

É hora de começar a

engrenar

Segmento de máquinas e equipamentos atravessa uma das piores crises de sua história, mas acredita que o cenário está para melhorar

O setor de máquinas e equipamentos deveria ser um dos mais parrudos e sólidos da economia brasileira. Deveria, mas, infelizmente, não é. Como várias outras áreas ligadas à indústria, o segmento parece mergulhado na crise, de onde não consegue emergir. “Está muito ruim. A gente já esperava que o ano de 2016 não fosse bom em função das várias incertezas políticas e econômicas. Mas está pior do que havíamos imaginado”, constata José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que representa cerca de 7,8 mil empresas dos mais diferentes segmentos fabricantes de bens de capital mecânicos. “Neste ano, os resultados não são nada animadores. Fechamos o primeiro semestre com uma redução de 29% no faturamento em relação a igual período de 2015. Se olharmos mais para trás, a visão é pior ainda. Em 2013, o setor faturava R$ 160 bilhões. Hoje, no máximo, chegamos a R$ 80 bilhões. Ou seja, 50%. É uma crise sem precedentes”, acrescenta Velloso.

Há outros índices ruins que só acentuam as dificuldades encontradas pelo setor. A ociosidade das plantas industriais, por exemplo, alcançou a marca de 40%, a carteira de pedidos não chega a três meses, quando o ideal seria de sete a oito meses, e o nível de empregabilidade também despencou. O setor empregava 385 mil colaboradores em 2013. Hoje, três anos e meio depois, o quadro total foi reduzido a 307 mil. “Em geral, o nosso setor emprega o dobro de pessoas do setor automotivo e costuma alavancar toda a cadeia produtiva da indústria. E isso não tem acontecido”, analisa José Velloso.

Um dos principais motivos, segundo ele, é a falta de investimento em máquinas e equipamentos. “O Brasil não investe. O País precisaria investir algo em torno de 25% do PIB. O melhor índice que chegamos foi 21%. Hoje, estamos paralisados em 17%. Com isso, nosso parque industrial vai se tornando cada vez mais obsoleto e perdemos competitividade em relação aos concorrentes externos”, revela o executivo, que faz sérias críticas à política econômica do Brasil. Segundo Velloso, a taxa de juros está matando a indústria, pois muitos investidores têm preferido deixar o dinheiro dormir no banco em vez de colocar na produção.

O que precisa mudar?

Numa situação assim de retração de vendas no mercado interno, uma das saídas seria a exportação. “O que também não tem sido fácil”, conta Velloso. “Pois o câmbio piorou. Desde janeiro de 2014 o real se valorizou em relação a outras moedas que competem conosco, como o euro, a libra, o iene e yuan. Isso também tira o poder de exportação da indústria brasileira. Em geral, éramos o setor que mais exportava. Em 2013, foram US$ 12 bilhões. Até agora, em 2016, menos de US$ 8 bilhões. O Brasil precisaria adotar uma taxa de câmbio de país pobre, aquele que faz com que a balança cambial fique equilibrada e traga competitividade para sua indústria.”

Entre as mudanças necessárias para que o setor volte a respirar e, assim, alavancar a cadeia produtiva, ele sugere que se melhore o acesso ao crédito, especialmente as condições de financiamento do programa de Financiamento de Máquinas e Equipamentos oferecido pelo BNDES por meio de instituições financeiras credenciadas. Além disso, é preciso trazer mais produtividade ao Estado, fazer a reforma da Previdência e reduzir a carga tributária. “Uma máquina hoje chega carregando 5,9% de impostos não-recuperáveis. A indústria não aguenta mais pagar tantos impostos. Mais da metade da indústria não consegue tirar uma certidão negativa”, conclui José Velloso, da Abimaq.

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WEG

Disciplina, inovação e foco nas pessoas

Alicerçada nestes três pilares, a WEG Equipamentos, segunda colocada do ranking em 2015, assume a liderança do estudo na edição atual

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Vendas aquecidas: Área de fundição da fábrica da WEG Equipamentos em Jaraguá do Sul (SC)

Mesmo em um ano marcado pela retração econômica, a WEG Equipamentos, fundada em 1961 em Jaraguá do Sul (SC), conseguiu obter, no comparativo de 2015 com 2014, um importante crescimento de 24,5% na receita operacional líquida. Segundo seu diretor-presidente, Harry Schmelzer Jr., as principais razões desse sucesso estão baseadas em três pilares. “O primeiro é a grande disciplina que temos em relação ao retorno do capital investido e à geração de caixa. Por isso, temos mapeado os objetivos de crescimento em cada negócio com uma visão de longo prazo. O segundo pilar é a inovação. Sabemos que, em momentos de baixo crescimento, é ela que fará a diferença e criará oportunidades de crescimento adicionais. Em 2015, 50% das nossas vendas foram com produtos criados há menos de cinco anos. Por isso, somos considerados uma das empresas mais inovadoras do Brasil. O terceiro é o foco nas pessoas. A palavra simplicidade, apresentada em nossa missão, remete ao apoio e incentivo à coletividade, mas mantendo a estrutura enxuta, desenvolvendo processos para dar o suporte a esse forte crescimento”, analisa o principal executivo da WEG, que passou a integrar o Índice Ibovespa em janeiro de 2016. A empresa está presente em cinco Estados e em diversos países e oferece produtos e serviços para vários setores, como agronegócio, siderurgia, óleo e gás, indústria naval, papel e celulose, alimentos e bebidas, açúcar e etanol, construção civil, energia, entre outros.

“Seguimos com disciplina nosso plano de investimentos ampliando nossa unidade no México e iniciamos uma nova fábrica de motores elétricos na China”, comenta Schmelzer Jr. Além disso, o crescimento orgânico da WEG se deu pela aquisição de algumas fábricas na Colômbia, na África do Sul e na Espanha. “Na Europa, estamos abrindo novas frentes em segmentos nos quais não estávamos tão presentes até agora. Um deles são as máquinas para a indústria de manufatura”, informa o executivo. Com relação ao Brasil, o presidente da WEG diz que, “enquanto não houver a retomada da economia, as oportunidades de crescimento continuam concentradas na ampliação de negócios na área de energia renovável, venda de produtos de mais eficiência energética e expansão internacional”.

Investimento em P&D

A segunda posição do ranking coube à Máquinas Agrícolas Jacto, fundada em 1948 na cidade de Pompeia (SP), que tem como um de seus lemas estar sempre ao lado do produtor. “Isso se traduz de muitas formas na filosofia da empresa”, afirma Fernando Gonçalves, presidente da Jacto Divisão Agrícola. “Uma delas é tratar como prioridade o atendimento das demandas do nosso público. Assim, a empresa investe constantemente em P&D e está focada em apresentar ao mercado equipamentos voltados à redução de custos de produção, proporcionando uma rentabilidade maior ao produtor”, acrescenta Gonçalves.

Para ela, 2015 foi um ano muito significativo, pois houve o lançamento de uma máquina chamada K3500, que trouxe mudanças importantes no processo de colheita do café. “Foi um marco que ocorreu 36 anos após o lançamento da primeira colhedora de café do mundo, a K3, também fabricada pela Jacto”, informa.

A Schulz ficou com a terceira posição do estudo. Fundada em Joinville (SC) em 1963 como uma pequena fundição, atualmente emprega 2.750 colaboradores em suas duas plantas industriais. Uma voltada à produção de compressores de ar comprimido e equipamentos para uso doméstico, serviços e industrial. E outra dedicada à fabricação de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, tratores e equipamentos de construção, além de soluções completas em autopeças de ferro nodular e cinzento.

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

Aguarde! Lançamento em 29/9