Rankings
Construção e Serviços especializados

Pior do que o

esperado

Contexto macroeconômico e fim do boom da construção civil tornam a queda no nível de atividade do setor ainda maior do que o previsto

A desaceleração do setor de construção e serviços especializados, que teve uma queda de 1% no primeiro semestre deste ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não começou agora. O processo vem desde 2014, em decorrência da redução nos investimentos em infraestrutura e do fim do ciclo de obras imobiliárias. O contexto macroeconômico de alta dos juros, restrição do crédito e queda na renda exacerbou o processo e a construção sofreu enormemente. Assim, a diminuição do nível de atividade em 2015 superou até as expectativas mais pessimistas do início do ano. Segundo o IBGE, a queda do PIB foi de 3,8% e, no caso da construção civil, de 7,6%. O emprego nas construtoras, que chegou em dezembro de 2015 a 2,9 milhões de trabalhadores, teve redução de 14,3% na comparação com 2014.

Para José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), especialmente a partir de maio passou-se a observar um descompasso entre indicadores correntes e as expectativas. Os indicadores mostram uma atividade muito deprimida. No entanto, o anúncio de retomada de obras do Minha Casa Minha Vida, de novas contratações e de concessões na área de infraestrutura melhorou o ambiente de negócios. As sondagens com os empresários da construção mostram a mudança de ânimo. “A sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV) de julho indicou que as expectativas estão menos pessimistas e o indicador de situação atual sugere que o pior já passou”.

Para este segundo semestre Ferraz Neto acredita que, do ponto de vista das medidas macroeconômicas, o governo sinalizou na direção correta, mas a velocidade do ajuste está aquém do esperado. “O governo está mostrando dificuldade para aprovar as medidas necessárias, mas espera-se que elas sejam aprovadas, confirmando o otimismo existente na retomada do crescimento. A retomada imediata de obras paradas pode contribuir para atenuar a queda no emprego e no PIB da construção, mas o ano ainda terminará com retração”, explica.

“Existem desafios micro e macroeconômicos. A redução dos investimentos, a taxa de juros elevada, o crédito difícil e a renda das famílias em queda são variáveis que afetam profundamente a demanda por produtos da construção. E só a retomada do crescimento resolverá essa questão. Internamente, as empresas têm que lidar com o desafio de seguir a trajetória de elevação de produtividade mesmo na crise”, afirma Ferraz Neto.

A Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de junho deste ano, corrobora a opinião de Ferraz Neto ao apontar que o longo período de baixa atividade continua afetando as condições financeiras das empresas, que seguem deterioradas, e o acesso ao crédito permanece muito restrito.

Segundo o documento, “a falta de demanda foi o principal problema enfrentado pelas empresas da construção no segundo trimestre, seguido por elevada carga tributária e taxas de juros elevadas. Problemas que afetam a saúde financeira das empresas, como inadimplência dos clientes e falta de capital de giro, foram mais assinalados do que no trimestre anterior. As expectativas para os próximos meses, que vinham mostrando pessimismo cada vez menor desde o início do ano, não melhoraram em julho. As perspectivas para os próximos seis meses são tão pessimistas quanto no mês anterior”.

_0012_05_categoria_CONSTRUCAO-1

queiroz galvão

Resultados sólidos espantam crise

Empresas destaques do setor sobrevivem à recessão, apresentam crescimento em 2015 e fazem planos de investimentos em 2017

_0013_05_categoria_CONSTRUCAO-2

Santos-São Vicente: A Queiroz Galvão está presente nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em construção no litoral paulista

No ano passado, o Grupo Queiroz Galvão completou 62 anos de atuação com negócios nas áreas de construção nacional e internacional, desenvolvimento imobiliário, óleo e gás, indústria naval, siderurgia, alimentos, cimento e concessões (saneamento e rodovias). A construtora, que corresponde a 59% dos negócios do grupo e ficou em primeiro lugar no ranking do setor, tem participado de obras de mobilidade urbana como sistemas metroviários, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o monotrilho, corredores expressos de ônibus, complexos viários, pontes, túneis e viadutos. São obras de engenharia que prometem melhorar o trânsito e a circulação das pessoas em cidades como Porto Alegre, Natal, Recife, São Paulo, Santos e Rio de Janeiro.

A empresa está presente ainda em empreendimentos de grande porte como a usina hidrelétrica Belo Monte, a transposição do rio São Francisco, a Ferrovia Norte-Sul, o Porto do Pecém (CE) e o Píer IV da Vale no Maranhão – sem falar na usina nuclear Angra 3 e nas plantas industriais de óleo e gás da Refinaria Abreu e Lima. Se em 2014 tinha por volta de 47 mil funcionários, em 2015 a companhia viu esse número cair para 34 mil, apesar de seu faturamento ter se mantido no ano passado no patamar de R$ 10,7 bilhões, o mesmo montante do ano anterior. A companhia, alvo da operação Lava Jato, embora tenha demitido muita gente, parece não ter sentido em 2015 grandes impactos das investigações nas suas finanças.

Segunda colocada no ranking, a Atlas Schindler não tem do que reclamar. Sua receita líquida total teve um aumento de 3,89% em relação a 2014 e o lucro líquido foi 5,36% superior ao ano anterior. “A Atlas Schindler, assim como o Grupo Schindler, trabalha com uma visão de longo prazo e de uma forma muito sólida. Nossos clientes confiam em nossa marca, em nossos serviços e nas ações e estratégias defendidas pela companhia. Este é um atributo muito valorizado em nosso segmento”, aposta André Inserra, que acumula os cargos de CEO das Américas e presidente da Atlas Schindler no Brasil.

Para Inserra, merece destaque a utilização do FieldLink pela equipe de manutenção da empresa. Cerca de 3 mil técnicos passaram a contar com um iPhone, por meio do qual acessam todas as informações necessárias para a realização da manutenção de elevadores, escadas e esteiras rolantes dos clientes. A nova tecnologia trouxe maior agilidade e precisão ao trabalho de campo. A Atlas, entre 2016 e 2017, deve investir
R$ 100 milhões com foco em três áreas: melhoria das suas instalações com a ampliação da matriz e dos postos de atendimento; melhorias em processos com o objetivo de tornar o atendimento aos clientes mais eficaz e, por fim, investimentos na unidade de produção de Londrina, que passará a contar com processos alinhados com a plataforma global da Schindler.

A MRV, terceira colocada na categoria, teve em 2015 um ótimo ano. A geração de caixa anual foi a maior da história, com 14 trimestres consecutivos. Os lançamentos no ano passado foram os maiores desde 2012. Nos últimos 30 meses, a empresa entregou mais de 100 mil unidades, o equivalente a uma cidade de 330 mil habitantes. Houve ainda aumento do índice de produtividade, uma evolução de 9% em relação a 2014. Essa evolução é consequência do menor turnover, investimentos em treinamento e controle da produtividade da força de trabalho. Em relação à velocidade de produção, a MRV obteve um aumento de 23% em relação a 2014.

As vendas da companhia, em 2015, alcançaram R$ 5,5 bilhões. “Este resultado é reflexo de um mercado com alta demanda e com baixa concorrência, combinado com disponibilidade de crédito a baixo custo. O segmento de imóveis econômicos tem performance sólida, com características distintas da média e alta renda, mostrando-se resiliente aos impactos macroeconômicos”, explica Eduardo Fischer, presidente da MRV.

_0014_05_categoria_CONSTRUCAO-3

Fechar

O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

Aguarde! Lançamento em 29/9