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Alimentos e Bebidas

Cortando na

carne

O setor de alimentos e bebidas em geral é o último a sofrer nos momentos de crise, mas vem amargando quedas também. A expectativa é de um 2017 melhor

O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, feito com base em consultas mensais dos estabelecimentos comerciais, incluindo na amostragem cerca de 6 mil empresas, indica que o setor de alimentos e bebidas sofreu recuo de 7,9% em julho deste ano quando comparado com julho de 2015. Dos seis segmentos pesquisados, a única elevação anual, de 2,9%, foi no setor de combustíveis e lubrificantes. De acordo com relatório da Serasa, “uma combinação de fatores críticos às vendas do comércio tem mantido a atividade varejista estagnada”. Entre os motivos apontados estão o baixo nível de confiança do consumidor; a manutenção da elevada taxa de desemprego; as condições restritivas do crediário, derivadas da inadimplência e alta do crédito; e o aumento da inflação, principalmente dos alimentos.

Para Antonio Uras, consultor da Ernst & Young, o setor de alimentos e bebidas fica relativamente blindado em momentos de recessão econômica por se tratar de uma necessidade essencial. Há pesquisas que atestam que, mesmo durante crises, o consumo de calorias não cai. “O setor demora para sentir a retração e a retomada é sentida mais rapidamente também”, afirma Uras.

O consultor explica que é possível observar três movimentos no segmento. O primeiro é a substituição por marcas mais baratas. “O consumidor tem deixado de lado as conquistas dos últimos anos por conta do aumento de renda e tem trocado as marcas premium pelas mais baratas. Nesse cenário, ganham força as marcas próprias das redes de distribuição”, diz Uras. “O segundo movimento que percebemos é que o consumidor compra em menores quantidades. Embalagens e garrafas menores. Pudemos verificar essa tendência no segmento como um todo. E o terceiro movimento é que as empresas, do seu lado, tentam diminuir seus custos fazendo embalagens mais acessíveis e têm tido um trabalho intenso para encontrar o preço ótimo dos seus produtos”, explica.

Comuns nos Estados Unidos, as embalagens econômicas despontaram nas prateleiras brasileiras há alguns anos, principalmente entre os itens de limpeza e higiene pessoal. Em pouco tempo, o modelo “leve mais, pague menos” foi incorporado aos produtos alimentícios – como laticínios, achocolatados, biscoitos e congelados. De acordo com uma pesquisa recente realizada pela MeSeems, é justamente esse setor que mais atrai compradores em busca de embalagens promocionais – 84% dos entrevistados afirmaram que preferem as embalagens econômicas por causa da relação custo-benefício. Até mesmo os alimentos congelados seguiram essa tendência.

Uras aponta ainda a estratégia adotada pelas empresas no momento da retomada econômica, esperada para 2017. “O ano que vem deve ser mais positivo. Esperamos pelo menos uma redução da queda, porém, a economia pode surpreender. Com essa perspectiva, a estratégia das empresas é aumentar o investimento em marketing e em produtos para lançar novidades”, pondera o consultor da E&Y. Isso porque, explica ele, normalmente, quando a economia melhora, as pessoas voltam aos seus hábitos de consumo pré-crise, mas também aprendem com ela. “Isso quer dizer que os consumidores podem se ver satisfeitos com marcas mais baratas e as empresas precisam investir para atrair seus consumidores novamente”, esclarece.

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AMBEV

Diversificação garante crescimento

Empresas ampliam segmentos de atuação e presença internacional para fugir da recessão econômica

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Linha de produção: Unidade da Ambev em Guarulhos (SP), uma das 34 fábricas da empresa no Brasil

Ambev, JBS e Cargill foram as empresas que mais se destacaram no setor de Alimentos e Bebidas do ranking Empresas Mais 2016. Com a Ambev como o grande destaque do estudo (leia reportagem nesta publicação), o mercado reconhece nas três empresas estratégias semelhantes – diversificação de produtos e de mercados. “Nosso principal diferencial é ter uma plataforma de produção global altamente internacionalizada combinada com uma gestão focada na excelência operacional. A internacionalização feita pela JBS nos últimos anos permite à companhia não estar exposta a um único mercado”, explica Wesley Batista, CEO global da JBS, segunda colocada no ranking do segmento.

Com capacidade para processar 81,5 mil cabeças de gado por dia, a JBS possui unidades de produção nos principais polos pecuários do mundo: Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Também é a maior processadora global de frangos. Tem capacidade instalada em operação para processar 13,8 milhões de aves por dia a partir de unidades produtivas no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, México e Porto Rico. No segmento de aves, atua ainda no processamento de perus, feito em uma unidade do Brasil, cuja capacidade é de 25 mil aves por dia. É líder, ainda, na produção de carne ovina, por meio de operações na Austrália. E em carne suína a JBS possui capacidade para processar 114,7 mil suínos por dia nas 14 fábricas espalhadas no Brasil, Austrália e Estados Unidos, abastecendo os mercados internos e externos.

Segundo Batista, ao longo de 2015 e no começo de 2016, a companhia fez importantes aquisições no exterior, como a Primo, na Austrália, a Moy Park, no Reino Unido, e a Cargill Pork, nos Estados Unidos. “Expandimos as operações no México e nos Estados Unidos por meio da compra de ativos estratégicos nos dois países que irão fortalecer o nosso portfólio”, explica.

A Cargill, terceiro destaque do setor, está no Brasil desde 1965 e tem cerca de 8,5 mil funcionários. Com sede em São Paulo (SP), a empresa está presente em 15 estados brasileiros por meio de unidades industriais, armazéns e escritórios em 137 municípios. São 18 fábricas e 191 filiais espalhadas pelo País.

A companhia vê o ano fiscal 2016/2017 como um período desafiador para o segmento de alimentos, pois 70% dos seus negócios são dedicados ao mercado doméstico. “Entretanto, alguns produtos aumentaram as vendas, como molhos de tomate, pois o consumidor passou a preparar mais alimentos em casa. Por isso, a empresa está apostando na ampliação de sabores e produtos com maior valor agregado”, afirma Luiz Pretti, presidente da Cargill Brasil. “Marcas consolidadas mostram como a empresa atua em diferentes segmentos alimentícios: Pomarola, Elefante, Gallo, Mazola, Liza, Ovomaltine, entre outras, são exemplos que traduzem o alinhamento entre o crescimento da companhia e o compromisso em atuar de maneira responsável para atender às necessidades do País”, diz Pretti.

A empresa teve, em 2015, uma receita líquida 24% superior em relação ao ano anterior. E isso só foi possível, de acordo com Pretti, porque a Cargill estava bem posicionada e seus investimentos são planejados de forma estruturada e constante. A Cargill Brasil é o segundo maior investimento da empresa fora dos Estados Unidos. Apenas em 2015, foram investidos em torno de R$ 618 milhões, destinados principalmente à logística e infraestrutura, com foco no arco norte do País. Entre os projetos está a construção da estação de transbordo em Miritituba (PA), a ampliação do terminal de Santarém (PA), a nova frota de barcaças no Rio Tapajós (do Mato Grosso ao Pará), a ampliação da fábrica de Três Lagoas (MS), e melhorias na unidade de atomatados, em Goiânia (GO), entre outros. Segundo Pretti, a Cargill ainda tem aproximadamente R$ 600 milhões para investir no Brasil neste ano. O foco está em infraestrutura portuária e logística e melhorias nas fábricas, armazenagem e aumento de capacidade.

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

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