Rankings
Agricultura e Pecuária

Resultados que

Vêm de fora

As exportações do setor de agricultura e pecuária vão muito bem. Entretanto, o valor da
produção nacional vem caindo

O agronegócio exportou US$ 45 bilhões no primeiro semestre de 2016, puxando a balança comercial brasileira. Com aumento de 4% em relação aos primeiros seis meses de 2015, o setor é responsável por 49,9% de tudo que o País vendeu para o exterior no período, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O superávit foi de quase US$ 39 bilhões. Mas, se as exportações vão bem, não se pode dizer o mesmo da produção nacional. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) referente ao mês de junho ficou em R$ 514,4 bilhões, 3% mais baixo que o registrado no mesmo mês de 2015, que chegou a R$ 530,4 bilhões. No entanto, é o terceiro maior valor de uma série iniciada em 1989.

As lavouras de cana-de-açúcar, café, milho e soja representam 70% do VBP deste ano, projeção calculada pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Mapa. Essas culturas apresentam queda de 2%, e a pecuária, 4,9%. Entre os produtos que apresentam valor da produção real mais baixo que em 2015 destacam-se algodão herbáceo (-6%), laranja (-13%), mandioca (-14,9%), arroz (-15,4%), uva (-15,9%), fumo (-27%) e tomate (-47,9%).

Na pecuária, formada pelo faturamento de bovinos, suínos, frango, leite e ovos, observa-se que todos esses componentes estão em posição mais desfavorável. As maiores quedas no VBP podem ser notadas em suínos (-12%) e leite (-11,7%). De acordo com o estudo, os preços mais baixos neste ano são a principal causa desse comportamento.

“Neste ano, em que testemunhamos o aumento no preço das commodities, os custos de produção continuam altos e o crédito, cada vez mais difícil. Além disso, tivemos a questão climática com os efeitos do El Niño, que provocou uma quebra de safra. A colheita era estimada em 210 milhões de toneladas e foram colhidas 189 milhões toneladas. Ainda houve a redução no volume do seguro agrícola, que foi de R$ 400 milhões, quando o esperado eram R$ 700 milhões”, explica Bruno Lucchi, superintendente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, esse cenário complica a safra do ano que vem, pois os produtores estão descapitalizados e endividados. “Com o cenário incerto e juros altos, há receio de investir”, afirma Lucchi.

O complexo soja – composto por farelo, grão e óleo – foi o principal responsável pelo crescimento nas exportações. A quantidade exportada foi recorde para o semestre: 38,5 milhões de toneladas, crescimento de 19% em comparação com o mesmo período de 2015. As carnes também se destacaram. O principal produto foi a carne de frango. Os embarques chegaram a 2 milhões de toneladas, uma alta de 14,7%. No setor de cereais, o milho ficou com 85% das vendas. No último semestre, foram US$ 2 bilhões, alta de 104%. Já o café não teve bom desempenho: as exportações alcançaram a cifra de US$ 2,4 bilhões, o que representa uma queda de 24,4%.

Os principais parceiros comerciais do Brasil no agronegócio estão concentrados na Ásia. A China está comprando mais soja e carne bovina do País. Os chineses ficaram com 30% de tudo que o Brasil vendeu: compraram US$ 13,5 bilhões no primeiro semestre. Japão, Coréia do Sul e Paquistão também ajudaram a balança comercial a fechar no positivo. O cálculo é que, se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira no primeiro semestre deste ano estaria no vermelho em mais de US$ 15 bilhões. “A abertura do mercado norte-americano facilitou a entrada do Brasil em outros países como México, Japão e Canadá”, diz Lucchi.

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Nidera sementes

Crise não trava investimento

Empresas apostam em retração passageira e seguem investindo em melhorias de estrutura e processos

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Da Holanda para o mundo: A empresa nasceu em 1920. Hoje, opera em 19 países com foco em milho e soja

No Brasil desde 2005, a partir da aquisição das divisões de soja e milho da Bayer Crop Science no País, a Nidera foi fundada na Holanda em 1920 e hoje tem operações em mais de 20 países e importa ou exporta produtos para mais de 60 mercados. Focada no investimento em pesquisa genética, a empresa foi o destaque principal do setor de Agricultura e Pecuária do ranking Empresas Mais. Recentemente, com o objetivo de ampliar a capacidade de movimentação de cargas do sul do País, a Secretaria de Portos (SEP) autorizou investimentos do setor privado que juntos chegam a R$ 184 milhões. O primeiro contrato – de 25 anos de duração – foi feito com a Nidera Sementes, que irá investir cerca de R$ 70 milhões em um novo Terminal de Uso Privado (TUP) em Canoas (RS), voltado para a movimentação de soja, milho e trigo, com uma área total de 140,8 mil metros quadrados à margem do Rio dos Sinos.

Aurélio Pavinato, diretor presidente da SLC Agrícola, segunda colocada da categoria, atribui o bom desempenho da empresa à gestão corporativa bem estruturada. A companhia tem, espalhadas por seis Estados brasileiros, 15 fazendas. “Isso nos dá proteção climática e maior estabilidade durante o ano”, explica Pavinato. No ano safra 2015/2016, foram 377 mil hectares plantados – sendo 211,4 mil de soja, 93,6 mil de algodão, 60,9 mil de milho e 11,2 mil de outras culturas, tais como girassol, trigo, milho semente, soja semente e cana-de-açúcar. No primeiro semestre deste ano, a receita da SLC, que tem cerca de 2,3 mil funcionários, encolheu 14,7%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2015, seu faturamento foi de R$ 1,7 bilhão.

“Reduzimos nosso ritmo de crescimento para preservar nosso fluxo de caixa, mas a empresa sempre foi muito capitalizada e vemos a crise como passageira”, aposta o executivo, para quem os maiores entraves para o setor são a infraestrutura e a logística. “Portos com maior capacidade, rodovias pavimentadas e duplicadas e ferrovias são obras prioritárias no Brasil”, completa. Segundo ele, as perspectivas para a safra 2016/2017 são bastante animadoras. “Um dos fatores que merecem reforço é a probabilidade de consolidação do fenômeno La Niña que, historicamente, trouxe bons volumes de chuvas para a nossa região de atuação, o que inverteria a situação verificada na safra atual”, afirma Pavinato.

Para Ludmila Carneiro, diretora administrativa e de marketing da Companhia de Alimentos do Nordeste (Cialne), terceira colocada no ranking, o que torna a empresa mais competitiva em relação aos seus concorrentes é a sua cadeia verticalizada, com granjas de ovos, incubatórios, granjas de matrizes, granjas de frango de corte e a unidade industrial de abate de frangos. “Com isso, conseguimos a rastreabilidade de nossos produtos e o controle total da qualidade”, diz Ludmila. Assim como na avicultura, a atividade pecuária leiteira na Cialne também é verticalizada e coloca a empresa como a quinta maior produtora de leite do Brasil, com a marca Sabor e Vida. “Registramos um leve crescimento no último ano em um cenário nacional que a cada dia torna-se um desafio maior. Este crescimento é resultado de ações voltadas para nossos clientes, além da abertura de novos mercados em outros estados. No último ano, com a aquisição da marca Sabor e Vida, aumentamos nosso portfólio de produtos e ingressamos em mercados antes desconhecidos”, explica a executiva. De acordo com ela, a empresa está melhorando a qualificação da gestão e, por isso, tem investido bastante em treinamentos e conhecimento do mercado e negócio para toda a força de trabalho. “Pretendemos para o próximo ano investir em novos equipamentos e capacitação.”

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

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