O Brasil é o país com a maior rede de postos de coleta e bancos de leite do mundo. Ainda assim, a quantidade doada supre apenas 60% da demanda necessária para alimentar bebês prematuros e de baixo peso internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). A principal razão para esse déficit é o desconhecimento sobre o tema, segundo os especialistas. Para disseminar informações relevantes e incentivar a doação, o Ministério da Saúde lançou em maio uma campanha de conscientização. Veja os principais mitos sobre o assunto:

1- Para doar é preciso cumprir requisitos especiais

Basta estar amamentando o próprio bebê e ter boa saúde. É recomendado ter uma alimentação balanceada, mas não é necessário seguir uma dieta específica. A mulher que amamenta só não pode ingerir álcool ou usar drogas. Alguns medicamentos, como quimioterápicos, impedem a amamentação e,consequentemente, a doação deleite. Mas eles são exceção. O mais indicado é procurar um banco de leite para sanar as dúvidas.

2- Pode faltar leite para o bebê da doadora

O organismo da lactante se autorregula. Se ela extrair leite, as glândulas mamárias produzirão mais. Segundo Andrea Fernandes, coordenadora do Banco de Leite do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, logo após o parto, a mulher passa por uma “explosão hormonal” e, muitas vezes, acaba produzindo mais leite do que o necessário para seu bebê. “Muitas mães extraem o excesso em algum momento. Em vez de jogar fora, elas podem doar”, diz.

3- É complicado

Ao entrar em contato com um banco de leite, a doadora receberá orientações sobre como fazer a extração corretamente. Além disso, na maior parte das cidades é possível agendar a coleta domiciliar. Consulte o banco mais próximo de sua casa.

4- É preciso juntar uma quantidade mínima

Não existe porção mínima. “Todo leite é precioso”, diz Fernandes. Segundo a médica, um recém-nascido de baixo peso às vezes começa ingerindo 1 ml de leite, o ou até menos. Ou seja, uma quantidade pequena de leite doado pode alimentar vários bebês.

5- Bancos de leite servem exclusivamente para coletar, processar e distribuir o leite doado

Além de tudo isso, eles também fornecem orientações para mães que estão com dificuldades para amamentar. Esse serviço é importante para estimular o aleitamento materno e incentivar a doação.

6- A fórmula artificial é igual ao leite materno

O leite artificial não é igual ao leite materno, que é superior em qualidade. Apesar de ter uma composição semelhante, a fórmula é produzida a partir do leite de vaca, e sua ingestão pode aumentar o risco de o bebê desenvolver uma alergia à proteína do leite. Além disso, o alimento artificial não contém os anticorpos que ajudam a fortalecer o sistema imunológico. Outra diferença é que o leite materno contém prebióticos e probióticos, substâncias importantes na formação da microbiota, que é o grupo de bactérias que vive no intestino e ajuda a regular o sistema digestivo. O alimento promove a proliferação harmônica dasbactérias “do bem”, prevenindo infecções.

7- Só é possível colaborar com um banco doando leite

Bancos de leite precisam de grandes quantidades de potes para armazenar o alimento. Qualquer pessoa pode ajudar juntando recipientes de vidro com tampas de plástico rosqueáveis e levando-os até um banco, posto de coleta ou hospital com banco de leite.