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Estadão Blue Studio

Uso de tecnologia na área tributária ganha força no cenário pós-Covid

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26 de outubro de 2020

Como ocorre em todo o mundo desde o início da crise causada pela pandemia da Covid-19, as empresas brasileiras vêm trabalhando para garantir a sobrevivência, reorganizar seus negócios e reinventá-los frente ao novo cenário da economia e da sociedade. Nesse contexto, a complexidade do ambiente tributário brasileiro pode apresentar entraves para uma retomada rápida, segura e eficaz.

Impulsionar os negócios e retomar as atividades frente aos desafios impostos pela Covid-19 são apenas alguns dos pontos que precisam ser endereçados. As organizações precisam também procurar entender a reforma tributária, que tramita no Congresso desde julho e prevê novo modelo da tributação da receita de bens e serviços. Isso é necessário para mapear quais tipos de impactos o texto vai causar a suas atividades. A grande maioria das empresas (75%), porém, ainda não o fez.

A pesquisa “Tax do Amanhã”, da Deloitte, mapeou uma série de pontos de atenção comuns a empresas de todos os perfis e portes, além de levantar as expectativas das organizações para a área tributárias – levando em conta o surgimento de tecnologias que auxiliam a desvendar o cenário espinhoso dos impostos no País.

Um total de 159 empresas foram ouvidas para o estudo. De maneira geral, o relatório mostrou que elas querem simplificação de impostos e tecnologias que ampliem a eficiência tributária. Só a metade, porém, pretende adotar processos de inteligência artificial e automação robótica na área. A expressiva maioria (96% ) acredita que a qualidade das análises tributárias vai melhorar com o uso de inteligência artificial e tecnologias cognitivas. Também há expectativa de que a reforma tributária traga benefícios e simplifique o emaranhado fiscal e de impostos no País.

Gustavo Rotta, sócio de Tax Technology, Innovation e Business Tax da Deloitte, explica que a pesquisa foi realizada antes dos principais impactos da pandemia e, por isso, a evolução do cenário tributário deve ser ainda mais rápida diante da necessidade de retomada. A transformação digital, que já aparecia com destaque no radar das empresas, tende a ganhar força no cenário pós-pandemia. “Agora, a transformação passa a evoluir ainda mais rapidamente do que antes e a completa integração da tecnologia aos processos renovados, com equipes engajadas e habilitadas, será fundamental para lidar com antigos e novos desafios de um ambiente de negócios dinâmico, no qual o líder de Tax deve assumir seu protagonismo”, aponta Rotta.

O estudo da Deloitte mostrou que 63% das empresas perceberam, em 2019, um aumento na demanda por treinamento em novas metodologias de legislação e tecnologias para melhor atender a seus próprios processos de negócio e ao fisco, em relação ao ano anterior. “Com a complexidade da gestão fiscal e tributária no Brasil – e considerando os impactos da Covid-19 no ambiente de negócios –, a tecnologia é um recurso fundamental para que as empresas tenham resiliência e possam garantir a continuidade e a eficiência no cumprimento de suas obrigações tributárias. É preciso estar, mais do que nunca, atento e aberto a essas novas soluções”, destaca o especialista da Deloitte.

Entre essas tecnologias estão sistemas de machine learning, data analytics e automação de processos, que aprimoram a coleta das informações, e aceleram e trazem mais precisão às análises tributárias. “A maioria das empresas pesquisadas (96%) já trabalha com o auxílio de ferramentas digitais na área”, enumera Rotta – a emissão de notas fiscais, a entrega de obrigações e os lançamentos de saída são ações realizadas automaticamente por mais de sete em cada dez empresas pesquisadas, de acordo com a Deloitte. Ainda que esses dados possam parecer positivos em uma primeira análise, é importante chamar atenção para o fato de que 25% das empresas ainda não automatizaram o processo de emissão de notas fiscais.

“Já a adoção de cloud para hospedar tais processos está nos planos de 61% das organizações”, explica o executivo – por motivos que vão do interesse em ter acesso a essas novas tecnologias (47%), obter rápida escalabilidade (também 47%), facilitar a implantação (46%), ganhar com as inovações na área de tecnologia da informação (31%), acelerar o tempo de entrada no mercado (29%) e garantir a segurança de dados (2%). Sobre esse último item em específico, embora estudos tenham demonstrado que, na maioria das vezes, o cloud pode ser mais seguro do que as instalações tradicionais (on premises), essa percepção não é compartilhada pelos respondentes. As expectativas para o futuro, em especial em torno da reforma tributária são muitas – e a maioria (71%) espera cinco anos para a consolidação do novo modelo, assim que a reforma for aprovada.

Investimentos na área tributária

A pesquisa “Tax do Amanhã” mapeou os seguintes pontos previstos pelas organizações: a simplificação dos impostos (esperada por 61%); eliminação de redundância das obrigações acessórias (49%); menores custos de compliance tributário (43%); redução das obrigações acessórias (31%) e maior segurança jurídica (26%).

Ainda foram citados: melhor definição sobre fator gerador e conceitos em um cenário de IBS (o Imposto sobre Bens e Serviços, que está sendo proposto para unificar os atuais PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, citado por 18%); maior transparência da carga tributária, racionalização de processos, menor frequência de alterações de normas tributárias, menor proporção de impostos ao longo da cadeia produtiva, menor litigiosidade administrativa/judicial e substituição por um modelo de tributação sobre movimentações financeiras.

Entre outros pontos, a pesquisa da Deloitte levantou que, para atender aos desafios tributários, manter as obrigações em dia e responder adequadamente às demandas fiscalizatórias, 49% das empresas preferem manter profissionais próprios operando nesta área do negócio. As demais utilizam, em maior parte, terceirizados e colaboradores próprios atuando em conjunto.

Por conta das mudanças previstas no panorama tributário, os investimentos na área tributária também estão em estudo nas empresas, para identificar eventuais aumentos no orçamento, o que foi citado por dois terços dos executivos que responderam à pesquisa. Um quinto dos participantes do estudo indicou a otimização dos processos já existentes como um caminho provável para a jornada tributária.

 

 

 

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