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29 de julho de 2019
As novas tecnologias têm revolucionado a forma como as informações são tratadas, e com a área de finanças não poderia ser diferente. Se, tradicionalmente, o CFO (chief financial officer, sigla em inglês) sempre precisou ter entre suas características o raciocínio lógico, a habilidade com os números e um bom controle (Compliance), hoje o cenário é outro. “Atualmente, essa realidade não atende mais. Além das características tradicionalmente esperadas, o CFO precisa ser um bom comunicador e um bom influenciador, considerando sempre o impacto das ações nos números, procurando revertê-las para o negócio” pontua Renata Muramoto, sócia da Deloitte e líder do CFO Program da Deloitte – programa de relacionamento global destinado a atender esses executivos.
A executiva destaca a necessidade do olhar estratégico: “ele detém todos os dados importantes de uma organização, deve trabalhar cenários possíveis, interagir com as áreas de negócios, dando insights para melhores decisões”.
Impacto das ferramentas digitais nas Finanças
A série Crunch Time da Deloitte, em sua 8ª edição, analisa os diversos impactos das tecnologias digitais nas atividades dos CFOs. Ferramentas como Cloud Computing, Robótica, Analytics, Tecnologia Cognitiva e Blockchain pertencem à classe de inovações que transformam o modo de trabalhar com finanças.
O estudo revela que, no Brasil, os CFOs dedicam ainda 60% do seu tempo para a parte operacional, quando se espera que usem 30% para o operacional e 70% para o estratégico. Já no cenário global, as empresas pesquisadas gastam 48% de seu tempo criando e atualizando relatórios, enquanto somente 18% são empregados na comunicação com o negócio. Foram ouvidos 600 líderes financeiros globais em relatórios gerenciais.
As ferramentas digitais tornam os relatórios financeiros mais completos e menos custosos. “O uso da automação libera os profissionais envolvidos para tarefas analíticas e confere mais eficiência às atividades”, esclarece Renata Muramoto, que mostra resumidamente o caminho dos dados na produção dos relatórios, envolvendo diferentes tecnologias:
- Capacidade de capturar dados (com softwares especializados).
- Armazenamento de dados (Cloud Computing: explosão de dados estruturados e não estruturados que devem ser cruzados).
- Processamento de dados (In-Memory): é um sistema de gerenciamento de banco de dados que armazena dados totalmente na memória principal.
- Visualização dos dados para tomada de decisões (Analytics).
Entre essas tecnologias, Cloud Computing é a mais utilizada. Segundo pesquisa da Deloitte, 41% entre 3 mil executivos disseram que têm a tecnologia Cloud em operação ou em processo de implementação. Por outro lado, 16% afirmaram que ainda estão avaliando as opções que o Cloud pode trazer.
CFO precisa acompanhar os avanços
O estudo da Deloitte argumenta que os relatórios deverão evoluir em função dos custos, da geração de valor e da demanda do cliente.
“Acreditamos que, até 2022, globalmente falando, teremos superado muitos desafios e chegaremos aos relatórios inteligentes, interativos e em tempo real”, declara Renata. Ela alerta que hoje há ainda grande dificuldade na captura das informações: o CFO se vê mais garimpando dados e elaborando relatórios, do que assumindo uma postura mais estratégica, de análise e aplicação de todo o material apurado.
Em um futuro próximo, teremos dados mais estruturados, relatórios disponíveis para cada uma das áreas de negócio e forte automatização. “O CFO que não se preparar para essa nova realidade irá perder rapidamente sua relevância na organização”, conclui.