Jornada ESG

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Estadão Blue Studio

Práticas de governança são vitais na busca por investimentos

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18 de julho de 2017

As empresas brasileiras têm vivido, e vencido, um grande desafio: dar continuidade aos seus negócios em meio à crise econômica. Para avançar no mercado, há a necessidade de identificar oportunidades de captação constantemente.

O mercado de capitais sempre foi uma importante fonte de capitalização e de vigor para os negócios. Para colher os seus benefícios, as empresas precisam se estruturar, de forma robusta, em termos de controles internos, governança corporativa, gestão de riscos, comunicação com o mercado e transparência nas demonstrações financeiras.

“O profissional de Relações com Investidores (RI) tem um papel fundamental na articulação estratégica desse processo”, afirma Fernando Augusto, sócio-líder da área de Capital Markets da Deloitte.

Recente pesquisa desenvolvida pela Deloitte, em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI): “Jornada da Captação – transformação financeira na busca de recursos” mostra que, para 47% das empresas de capital aberto participantes, o IPO (oferta pública inicial de ações) foi a melhor maneira de captar recursos na oportunidade.

Para 46% dessas companhias, houve aumento do valor da empresa, percebido pelos stakeholders, após três meses da abertura de capital. Na visão de Fernando Augusto, este resultado sinaliza maturidade do mercado brasileiro, que reconhece este ganho de valor como resultado das adequações às regras e normas que as empresas devem realizar, para que passem a ser listadas em Bolsa, e que estimulam a governança, compliance e transparência.

Caminho: aderência às melhores práticas

Segundo a pesquisa, 32% das organizações de capital fechado entrevistadas declararam a intenção de, futuramente, fazer uma oferta inicial em bolsa. Diego Barreto, conselheiro do IBRI, avalia: “se considerarmos a realidade do País, que vem passando por uma série de instabilidades, trata-se de um resultado extremamente positivo”.

Fernando Augusto concorda, e complementa, destacando a cultura empresarial brasileira, formada essencialmente por companhias de controle familiar: “sempre houve certa resistência do empresário, ou dono, que enxergava na abertura de capital o risco de perder o controle da empresa. Por isso, o resultado sinaliza boas perspectivas”.

Por outro lado, 82% das empresas de capital fechado afirmaram que suas organizações não conhecem – ou conhecem parcialmente -, os procedimentos necessários para realização de um IPO, o que é visto como oportunidade.

“Algumas empresas de capital fechado já contam com uma estrutura de governança compatível às de capital aberto. A questão da transparência tem sido muito observada. Independentemente de a empresa passar por um IPO ou não, há a preocupação de criar essa estrutura, de contar com informação financeira auditada, um relatório financeiro robusto. É essencial entender, e melhorar, a velocidade desses reportes ao mercado”, ressalta Fernando Augusto.

De acordo com o levantamento, 31% da amostra de empresas de capital fechado participantes possui faturamento igual ou superior a R$ 500 milhões. Além disso, 81% dessas empresas possuem demonstrações financeiras auditadas por auditor independente e 84% das organizações de capital fechado apresentam sistemas de controles internos, enquanto 68% contam com uma prática de auditoria interna.

Quando se chega ao conselho fiscal, apenas 22% das organizações de capital fechado entrevistadas declararam ter esta instância – indicando que há práticas de governança que ainda precisam ser adotadas, para que a empresa possa ter seus papéis negociados no mercado de capitais, tais como: estabelecimento de conselhos e comitês, estruturação das áreas de Relações com Investidores, além de controles internos.

Veja todos os resultados da pesquisa

Desafios e oportunidades

A conjuntura econômica atual é o fator que mais tem afastado as organizações do mercado de capitais atualmente: o indicador foi lembrado por 79% das empresas fechadas participantes do estudo.

Edmar Prado Lopes Neto, presidente do Conselho de Administração do IBRI, destaca o importante papel dos RIs neste cenário. “Estamos lidando com um mundo cada vez mais complexo. O RI precisa entender os desdobramentos dos diferentes assuntos em discussão no País, além de avidez por informação. Vários fatores acabam afetando diferentes negócios da companhia, e ele deve conhecer bem essas duas pontas”.

“As empresas brasileiras têm passado bem, diante da crise que o País atravessa. O Brasil deixou de ser ‘investment grade’, e as companhias estão aí, com liquidez, funcionando. O trabalho do profissional de RI é justamente esse: explicar, atrair investidores”, pondera Edmar Prado.

“Toda dificuldade deve servir de estímulo. As empresas que enxergarem essa realidade como oportunidade, poderão sim ter uma vantagem competitiva, no médio e longo prazo”, conclui.

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