Cinco transformações que devem ocorrer nos diagnósticos nos próximos anos

De um minilaboratório no seu celular a nanorrobôs circulando pelo seu corpo, as novas tecnologias podem trazer profundas mudanças na medicina
Amostras serão analisadas de forma mais rápida e eficiente – Foto: Bruno Alencastro

A medicina diagnóstica tem passado por muitas mudanças. O avanço da tecnologia proporciona computadores cada vez mais potentes, capazes de processar um amplo volume de dados em um curto intervalo de tempo – o que gera grande impacto numa área tão baseada nesse tipo de informação.

As transformações devem ocorrer nos próximos anos e atingir todo o processo, da marcação de exames, passando pelas técnicas de coleta e de avaliação, até a entrega dos resultados.

Conheça cinco tendências na área de medicina diagnóstica que devem ocorrer nos próximos anos.

1. Centralização e automação

Os laboratórios passarão a ter grandes estruturas, possibilitando a realização de diversos exames no mesmo lugar. Equipamentos com total automação serão capazes de fazer análises de forma ainda mais rápida.

Nessas grandes plataformas, a utilização de metodologias moleculares também será cada vez mais comum. “É uma mudança no tipo de metodologia utilizada e principalmente naquilo que você tá investigando. Cada vez mais, a gente está olhando o DNA ou outros marcadores moleculares que refletem o estado de doença e de saúde das pessoas”, explica Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa, maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina.

A automação dos processos reduz o custo de mão de obra e permite testar múltiplos parâmetros na mesma amostra. “Até pouco tempo você precisava de um tubo de sangue para cada teste. Hoje já é possível fazer todas as análises com uma amostra só”, diz Gasparetto.

Parte dessa transformação já está em curso – na Dasa, 30% a 40% de todos os exames laboratoriais são totalmente automatizados e feitos em grandes plataformas. A expectativa é que esse processo ocorra em mais áreas da medicina diagnóstica, como a hematologia e a genômica.

2. Exames em casa

Os chamados point of care (PoC) são exames feitos fora do laboratório até na casa dos pacientes – assim como os testes de gravidez comprados em farmácia. Pequenos dispositivos que podem ser acoplados ao celular funcionarão como um minilaboratório capaz de analisar amostras de saliva, urina e hálito, por exemplo. O resultado é enviado diretamente para o médico ou laboratório.

“Será possível realizar muitos exames, de glicemia a HIV até marcadores que podem ser detectados no hálito, como a bactéria que causa gastrite e está relacionada ao câncer de estômago. O número de coisas que a gente vai ser capaz de fazer é ilimitado”, afirma Gustavo Campana, diretor médico da Dasa.

Além de comodidade, rapidez e praticidade, esse tipo de exame pode evitar contaminações. Pessoas com suspeita de influenza (o vírus da gripe), por exemplo, não precisariam mais ir a um hospital ou laboratório para realizar o teste, evitando a propagação da doença.

3. Diagnósticos mais avançados por AI

A medicina diagnóstica é baseada em dados, e o desenvolvimento da inteligência artificial (AI) está trazendo muitos ganhos para a área. Cada vez mais específicos, algoritmos processam exames de imagens em alta velocidade e detectam alterações que olho humano não é capaz de perceber.

Técnicas como o machine learning permitem que o computador aprenda com o erro e melhore seu desempenho ao longo do tempo. O resultado são diagnósticos muito rápidos e precisos, que proporcionam ganhos para pacientes e demais players de saúde.

4. Nanorrobôs de DNA

A ideia de ter robôs em escala nanométrica (na casa dos milionésimos de milímetro) circulando pelo corpo ainda parece bastante futurista, mas os estudos para torná-la real tem conquistado muitos avanços.

Baseados em DNA, os nanorrobôs podem ser inseridos no corpo e realizar operações sob comando, como liberar uma molécula. Eles também são capazes de distribuir medicamentos, o que tornaria os tratamentos muito mais assertivos e com bem menos (ou até nenhum) efeitos colaterais.

Entre outras aplicações, na medicina diagnóstica, os nanodispositivos podem ser programados para coletar informações sobre certas partes do corpo, níveis de toxinas e outras substâncias no organismo.

5. Espectometria de massas

Essa técnica de análise é a principal tendência da medicina diagnóstica laboratorial, pois garante exames com melhor acurácia e menos interferências.

“A identificação e quantificação por espectrometria de massas é realizada pela razão massa/carga dos hormônios que precisam ser analisados. Assim, a técnica permite que cada hormônio seja identificado e quantificado isoladamente, sem intervenções”, explica Campana.

Dessa forma, os exames passam a ter mais qualidade: com menos efeitos de reação cruzada, há melhora em especificidade, precisão e exatidão do resultado entregue ao paciente.