Fazer um curso superior exige preparo financeiro. Os gastos são elevados para pagar as despesas de mensalidades, material didático, alimentação e transporte.

Embora buscar uma bolsa de estudos seja a primeira opção para a maioria dos candidatos, nem sempre a pontuação no vestibular é suficiente para um desconto total no valor do curso. Porém, se antes isso seria considerado o fim do sonho do diploma, o aumento de opções de financiamento universitário nos últimos cinco anos vem ajudando quem não tem recursos para dar o primeiro passo para uma carreira.

Segundo Paulo Presse, coordenador da área de estudos de mercado da consultoria Hoper, no início desta década as opções de financiamento universitário eram mais restritas, e o grande destaque era, até então, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal. Contudo, após mudanças nas regras desse programa, outras opções passaram a surgir no cenário. “Há instituições de ensino que fazem seu próprio parcelamento universitário, além dos bancos, que também passaram a oferecer crédito com foco nos estudos, como Bradesco, Santander, Itaú, Banco do Brasil e Caixa, por exemplo”, explica.

Crescimento de vagas no mercado de trabalho
De acordo com o consultor, mesmo que parte da renda fique comprometida por um certo tempo em razão do financiamento, o aumento de salário que uma pessoa pode ter no Brasil após a graduação é tão positivo que usar esse recurso para pagar o curso compensa. Dados do Mapa do Ensino Superior, levantamento feito pelo Semesp, mostram que a oferta de empregos formais para pessoas com graduação superior no País cresceu cerca de 9% entre 2013 e 2016, enquanto as vagas paras pessoas com apenas ensino médio ou fundamental caíram em 8% no mesmo período.

Regras bancárias
No caso dos bancos, alerta o consultor, o financiamento tem regras semelhantes às de outros tipos de empréstimo e exige os mesmos cuidados. “Há um conjunto de informações que o estudante precisa ter para tomar a decisão de contratar o crédito de um banco. Ele precisa ter cuidado para solicitar uma avaliação de orçamento, ponderar o que ele consegue efetivamente pagar e durante qual período irá se comprometer com isso.”

Com ou sem bolsa?
De acordo com dados do Semesp, nas instituições privadas, o custo médio da mensalidade para o ensino superior presencial é de R$ 1.000. Financiar esse montante nem sempre é possível; por isso, muitas instituições trabalham agregando mais de uma modalidade à forma de pagamento do curso, ou seja, ofertando uma bolsa de estudos parcial e financiando o restante do valor. “Além das bolsas ofertadas pelas próprias universidades, também existem instituições que oferecem descontos em parceria com vários cursos e que permitem a comparação dos valores de maneira mais simples. Atualmente há mais de dez opções desse tipo, como o Quero Bolsa e o Educa Mais Brasil, para citar algumas das mais conhecidas”, explica Presse. Uma vez que tenha conseguido uma bolsa parcial, o estudante pode recorrer aos bancos ou a outras instituições financeiras para pagar o montante que faltar.

Passo a passo para conseguir crédito
Planejamento é a palavra de ordem para quem busca financiamento. Saiba o que fazer e por onde começar.

Quanto pagar?
Segundo Paulo Presse, da Hoper, quem deseja estudar precisa fazer primeiro uma análise profunda das finanças pessoais. “É preciso saber quanto do orçamento mensal pode ser dedicado ao pagamento da mensalidade, não apenas no curto prazo, mas durante todo o período que durar o financiamento”, explica.

O que tentar primeiro?
Quem tem nota no Enem deve optar primeiro pelo Sisu (que oferece vagas em universidades públicas) e depois pelo ProUni (que fornece bolsas de estudos em universidades privadas), orienta Presse. O Fies aparece na sequência entre as opções para esse público. Quem não fez Enem pode tentar o financiamento direto na instituição de ensino, em uma instituição privada ou em bancos.

Quando posso tentar?
O ideal é definir o recurso antes mesmo de fazer o vestibular. As instituições de ensino costumam colocar essas informações em destaque em seus sites, mas, se for o caso, marque uma visita presencial. Quem já é estudante e está com dificuldade de pagar o curso também pode buscar esse recurso para pagar o que falta até a graduação.

Em todos os casos, lembre-se sempre de ler atentamente as regras e ter em mãos os documentos pessoais atualizados. Isso irá ajudar a agilizar o andamento das conversas.

Os tipos de financiamento

Fies
A modalidade é a mais conhecida entre os estudantes. Trata-se de um financiamento público ofertado pelo governo federal. É restrito a alguns cursos e tem limite de oferta em cada região.

Crédito na universidade
Algumas instituições de ensino oferecem crédito a seus estudantes e facilitam o parcelamento das mensalidades em mais vezes. Em geral, essa é uma boa opção porque pode ter juros baixos ou até mesmo zero.

Financiamento bancário
Bancos como Santander, Itaú e Bradesco, por exemplo, oferecem crédito com juros especiais para estudantes. Nesse caso, funciona como um empréstimo comum: o banco vai analisar a documentação do estudante e definir a melhor oferta para aquela opção. Segundo Rodrigo Capelato, do Semesp, nessa modalidade nem sempre é possível financiar o valor total da mensalidade.

Instituições privadas
Empresas como o PRAValer, o PEP e a Catho trabalham com ofertas diferenciadas para o crédito estudantil. Nesse caso, ele pode ser solicitado em um grupo de faculdades cadastradas, e o estudante pode ponderar as condições de pagamento no curto e médio prazo, conseguindo atingir juro zero em alguns casos.