Por muito tempo, o único caminho para conseguir uma vaga no ensino superior era se inscrever em vestibulares realizados uma única vez
concentrados no segundo semestre, o que exigia certo malabarismo para equilibrar as datas das provas e controlar a ansiedade. Contudo, recentemente as faculdades passaram a diversificar as datas e também os mecanismos de seleção, realizando seus processos seletivos em diferentes datas. Esse fluxo beneficia principalmente quem não tem como se planejar com um semestre de antecedência para entrar na faculdade e ainda aqueles que decidem começar o ano dando início à meta de estudar.

De acordo com um levantamento do Semesp, organização que representa parte das instituições privadas de ensino superior em São Paulo, das mais de 9 milhões de vagas ofertadas em cursos universitários de todo o Brasil, cerca de 2,7 milhões não são preenchidas. “Essas, chamadas de vagas remanescentes, são de cursos que não tiveram o número suficiente de aprovados ou que vão surgindo ao longo dos meses por desistência”, explica Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

As universidades, tanto públicas quanto privadas, ofertam essas oportunidades de diferentes maneiras, sendo que o método mais comum são as listas de espera. Nesse sistema, quem fez o vestibular e não foi chamado na primeira turma espera um prazo para ver se alguma cadeira do curso não é preenchida.

“Faculdades de direito, veterinária e na área de saúde, em geral, são mais procuradas, portanto as listas de espera costumam ter poucas vagas. Já nos cursos de administração, comunicação, licenciaturas e engenharia, a chance de ser chamado em algum momento pode ser maior”, afirma Capelato.

Há vestibulares que trabalham também com a nova opção de curso. Nos processos seletivos organizados pela Nucvest, por exemplo, que aplica as provas da PUC-SP e da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, o candidato que não passar na primeira chamada pode concorrer a vagas remanescentes em cursos diferentes do que ele escolheu inicialmente. Ao contrário de outros vestibulares para vagas não preenchidas, essa opção só é válida para quem já está participando do processo seletivo e não conseguiu vaga na primeira opção selecionada.

Porém, essas não são as únicas chances. A partir de fevereiro, as universidades privadas concluem as chamadas de alunos em lista de espera e começam a oferecer as vagas remanescentes para novos candidatos, incluindo quem não fez nenhum vestibular antes. Com isso, as opções se abrem, sendo possível fazer a prova tradicional em uma sala com outros candidatos ou até marcar uma data específica para a prova de acordo com a agenda do candidato. O interessante para quem está procurando estudar, segundo Capelato, é que “a abertura de novas turmas e de novos processos de seleção pode ser uma boa oportunidade para quem busca maior desconto na mensalidade”.

Mudança de ares
Quem está começando essa busca deve ficar atento às regras dos editais, alerta Marcelo Pavani, diretor do curso pré-vestibular Oficina do Estudante. Isso porque muitas vezes o que é anunciado como vaga remanescente é, na verdade, um tipo de processo de transferência entre cursos – e acontece especialmente nas universidades públicas. “Por exemplo, quando a Fuvest ou a Unicamp anunciam um edital de vagas remanescentes, é preciso prestar atenção para o fato de que só poderá concorrer quem já é universitário.”

Ou seja, apenas as pessoas que já estão cursando o ensino superior poderão se candidatar, e o processo geralmente inclui uma prova e uma análise de currículo para adequar o que o aluno já estudou à grade curricular de seu novo curso.

Embora essas opções sejam mais restritas, elas podem ajudar quem não está contente com o que ou onde está estudando. A vantagem é que a migração pode ser feita entre instituições públicas e privadas e também de um curso para o outro, abrindo um novo leque de oportunidades.

Onde buscar uma nova chance

Lista de espera
São vagas que ficam disponíveis para quem participou de um processo seletivo desde o começo, mas não passou na primeira turma. De acordo com a pontuação obtida na prova, a pessoa poderá esperar para ser chamada na segunda, na terceira ou às vezes até na quinta lista de selecionados.

Vestibular fora de época
Costuma ser realizado a partir de fevereiro, e em algumas universidades acontece ao longo do semestre. Nesse caso, é preciso escolher uma instituição, ficar atento às novas datas e se inscrever na prova para aproveitar a oportunidade.

Vestibular agendado
É indicado para quem não consegue participar da prova na data anunciada pela universidade. Basta o aluno buscar a faculdade de seu interesse e se cadastrar para fazer o teste na melhor data. Diferentemente do vestibular comum, na versão agendada o candidato possivelmente fará a prova sozinho ou em pequenos grupos.

Transferência de curso
Quem já é universitário, mas não está contente com o curso atual, pode aproveitar a movimentação nas universidades e tentar uma vaga remanescente.
É possível migrar tanto de curso quanto de universidade, e o interessante é que a mudança pode ser feita entre instituições públicas e privadas.