Além das reduções de custo, iniciativas de eficiência energética reduzem emissão de carbono e preservam recursos naturais
19/12/2019A busca de eficiência energética, além dos ganhos econômicos, tem relação direta com a sustentabilidade e meio ambiente. De um lado, podem ajudar na preservação de recursos naturais e na redução das emissões de carbono. De outro, podem ajudar a evitar mudanças climáticas. O gerente comercial da CPFL Soluções, José Roberto de Fabre, explica que a primeira vantagem dos projetos de eficiência energética é o fato de estarem ligados a fontes de energia limpas. “Quando uma empresa gera sua própria energia em um processo limpo, ela já está contribuindo para a sustentabilidade”, afirma. Um exemplo claro desta relação foi apresentado em agosto deste ano durante o Fórum Permanente: Clima e Saúde, realizado na Unicamp. Um estudo da International Energy Initiative Brasil (IEI Brasil), chamado Projeto Kigali, calculou os benefícios de cinco cenários de eficiência energética projetados a partir da adoção de diferentes valores de Padrão Mínimo de Eficiência Energética (PMEE) para os condicionadores de ar do tipo split system no Brasil.
Esses cenários foram comparados com a atual situação dos sistemas de condicionamento de ar brasileiros e, no cenário que adota a melhor tecnologia disponível no mercado, seriam economizados 16 TWh de eletricidade anualmente até o ano de 2035 e seriam reduzidas 60 milhões de toneladas (Mt) de carbono em emissões de 2021 a 2035. O Projeto Kigali é baseado na Emenda de Kigali do Protocolo de Montreal, que prevê a substituição dos gases com alto potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) dos ares-condicionados e a implementação de novos padrões de eficiência energética para esses equipamentos.
Os benefícios para o meio ambiente são claros, mas Fabre lembra que, apesar do aumento crescente dos projetos de eficiência, ainda não são suficientes para estimular novas iniciativas energéticas. “Existe um crescente interesse pelos modelos de eficiência energética, mas ainda muito mais motivados pela economia direta nas contas das empresas do que pela sustentabilidade”, explica o executivo, lembrando que as empresas brasileiras ainda contam com custos elevados para algumas soluções de eficiência energética.
“Acredito que, pela maturidade do tema, as multinacionais apresentam uma maior familiaridade para discussões e investimentos em projetos sustentáveis, como, por exemplo, reduções de níveis de carbono atrelados a redução do consumo de energia e utilização de fontes renováveis. As empresas nacionais estão cada vez mais aderentes a implantação de sistemas sustentáveis, porém, devido aos custos de implantação, este aumento está acontecendo de forma cautelosa”, diz Fabre. Um exemplo de incentivo que promove a implantação de projetos de eficiência Energética é o Programa de Eficiência Energética (PEE) da Aneel, que determina que as distribuidoras desenvolvam projetos de eficiência energética em suas áreas de concessão. “Esse é um incentivo que está contribuindo muito com a expansão dos projetos e da cultura sustentável”, compara.
PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem) – o Inmetro inicia as discussões que vão criar as etiquetas de eficiência, encontradas hoje em todos os eletrodomésticos vendidos no mercado
1985Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) – criado para promover a racionalização da produção e consumo de energia
1991Conpet (Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural) – em o objetivo de racionalizar o consumo de derivados de petróleo e gás natural
1993Selo Procel – certifica os aparelhos eletrodomésticos mais eficientes em termos energéticos
2000PEE (Programa de Eficiência Energética das Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica) – estabeleceu obrigações para que as distribuidoras investissem em eficiência energética
2001Lei da Eficiência Energética (Lei n° 10.295) – determina a existência de níveis mínimos de eficiência energética para máquinas e aparelhos consumidores de energia