Modelo de geração distribuída permite desonerar o sistema energético e aumentar a flexibilidade e a eficiência das empresas usuárias
08/11/2019Historicamente, o modelo brasileiro de energia elétrica está baseado na geração em grandes usinas Hidroelétricas com transmissão por meio de linhas em alta tensão e posterior distribuição em baixa tensão para os consumidores finais. Esse modelo exige altos investimentos em usinas de grande porte, considerando que muitas delas estão localizadas distantes dos centros de consumo, o que demanda também elevados investimentos para fazer chegar energia aos consumidores. Nesse cenário, nasce a opção de descentralizar e optar por modelos de usinas menores a partir de fontes alternativas, que dá origem ao conceito de Geração Distribuída (GD).
Segundo dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, o Brasil possui atualmente 110.752 micro ou mini-usinas com 1,3 GW de potência instalada. Pelo potencial do País, a GD ainda se encontra em estágio inicial de implementação e é majoritariamente composta por usinas de uso de fonte solar fotovoltaica – UFV, com cerca de 1 GW de potência instalada. Com enorme capacidade de expansão, o Brasil pode se beneficiar do crescimento da geração distribuída para além do setor elétrico, com geração de empregos e desenvolvimento econômico. Em um exemplo, estudos do Ministério do Meio Ambiente estimam que, a cada megawatt instalado por ano, sejam criados aproximadamente 30 empregos diretos e 90 indiretos.
Para Rafael Gustavo Garcia, engenheiro especialista em geração distribuída da CPFL Soluções, os estímulos à geração distribuída se justificam pelos potenciais benefícios que tal modalidade pode proporcionar ao setor. Entre eles, estão o adiamento de investimentos em expansão dos sistemas de transmissão e distribuição, o baixo impacto ambiental, a redução no carregamento das redes, a minimização das perdas e a diversificação da matriz energética.
Para as empresas que buscam alternativas ao modelo tradicional as vantagens são também bastante atraentes. “Para quem busca otimização dos custos e está à procura por soluções de energia limpa e fontes renováveis, a GD acaba sendo uma excelente alternativa”, afirma Garcia. “Além disso, certificações verdes internacionais, como o LEED [Leadership in Energy and Environmental Design], estão cada vez mais na pauta das companhias que buscam alternativas com menor emissão de carbono e impacto ambiental, como energia solar, biomassa e eólica, que podem ser atingidas pela geração distribuída.”
José Roberto de Fabre, gerente comercial da CPFL Soluções, lembra que outro ponto atrativo para as empresas nesse momento é que, fornecedores como a CPFL, oferecem um modelo de Negócio em que é possível implantar e gerenciar usinas para os clientes sem que eles precisem arcar com custos da implementação. “Oferecemos a possibilidade de estudar a melhor alternativa – ou as melhores alternativas, em caso de estruturas maiores –, desenhar o projeto, implementar e depois alugar a estrutura montada. Assim, as empresas não necessitam investir nem se descapitalizar e ganham em gestão e eficiência”, diz Fabre.
O desafio do setor no momento se dá por conta de melhorias que precisam ser feitas na regulamentação atual, que seguem a Resolução Normativa nº 482/2012. Desde o início deste ano, a Aneel vem realizando audiências públicas para debater mudanças na regulamentação e no mês de outubro finalizou consulta pública iniciada em setembro para, a partir das contribuições, definir a nova regulamentação que deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2020. Fabre, da CPFL Soluções, lembra que as alterações na regulamentação podem ser bastante impactantes para o setor. “Para empresas como a CPFL, que têm uma história centenária no setor elétrico, e visam sempre relações de longo prazo com seus clientes, mudanças que venham atender melhor às necessidades de todos os elos da cadeia – usuários, distribuidores, geradores e transmissores – serão benéficas para toda a economia”, diz o executivo.
Atualmente, as principais fontes de GD são: biomassa, eólica, fotovoltaica, mini-hidrelétrica e termelétrica.