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10 campos de protagonismo da enfermagem na saúde

Cuidado integral, pesquisa clínica e consulta de enfermagem: a área de atuação de enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem é ampla e merece destaque

Quando a sociedade se conscientiza da importância do trabalho desses profissionais, todos ganham. Isso porque ao compreender o papel de cada um numa equipe multiprofissional, as pessoas sabem o que esperar em todas as etapas da assistência. “A enfermagem é a categoria que está 24 horas por dia ao lado do paciente e, também, a que acompanha todas as fases da vida das pessoas”, ressalta Renata Pietro, presidente do Conselho Regional de Enfermagem, o Coren-SP. “Além disso, a categoria é uma grande força motriz do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo fundamental para estruturação de seus pilares, como a universalização do acesso”, acrescenta. A seguir, conheça dez atividades que fazem parte desse universo e entenda por que é cada vez mais importante valorizar a contribuição desses profissionais na prevenção de doenças e promoção à saúde.

1. Aplicar terapias alternativas
Usar técnicas como acupuntura e reiki para amenizar dores físicas e emocionais está entre as atribuições dos enfermeiros. Para fazer esse trabalho terapêutico, eles passam por curso de especialização e adquirem autonomia para atuar em consultórios e clínicas, hospitais e postos de saúde. Em Itaquaquecetuba (SP), a implementação de um projeto de acupuntura em pouco tempo propiciou melhoras significativas em pacientes de reumatologia e ortopedia. “As pessoas não faltam às consultas e já observamos uma diminuição na automedicação característica de quem sente dor”, conta a enfermeira Simone Claro Silva. “É muito gratificante saber que até a procura pelo pronto-atendimento caiu bastante depois que iniciamos o trabalho”, ela comemora.
2. Salvar vidas em resgates
É o tipo de prestação de socorro que exige técnica, agilidade e muito controle emocional. Seja se deslocando em ambulância, motocicleta ou helicóptero, o enfermeiro que participa de resgates tem formação em Atendimento Pré-Hospitalar (APH), de forma a assegurar atendimento rápido, transporte adequado e suporte de vida até a chegada ao hospital. Para fazer parte de equipes de resgate pelo ar, é preciso se preparar com cursos que ensinam, entre outras coisas, técnicas de segurança de voo. Já o atendimento sobre duas rodas, as chamadas motolâncias, vitais para ganhar tempo em casos como atropelamentos, paradas cardiorrespiratórias e engasgos, exige ter no mínimo dois anos habilitação para motocicletas e curso para desenvolver habilidades como equilíbrio no asfalto ou fora de estrada.
3. Atender a quem tem muito pouco
Ao lado de psicólogos, dentistas, médicos e assistentes sociais, profissionais de enfermagem levam conforto e dignidade para pessoas em situação vulnerabilidade social. Preconizado pela Política Nacional de Atenção Básica, o trabalho se dá em duas frentes: nos chamados consultórios na rua, montados a cada dia em diferentes pontos das cidades, e por equipes móveis que fazem um rastreamento de quem precisa de cuidados de saúde. É a equipe de enfermagem quem faz a abordagem, ouvindo e acolhendo. Um trabalho fundamental e diversificado, que cobre do pré-natal de gestantes ao acompanhamento de pessoas hipertensas e com diabetes, além do atendimento de dependentes químicos, indivíduos com doenças sexualmente transmissíveis (DST), tuberculose e outros problemas de saúde.
4. Ter um consultório próprio
Vem ganhando força a abertura de clínicas e consultórios de enfermagem. A partir de regulamentação do Conselho Federal de Enfermagem (resolução nº 568/2018), o enfermeiro está autorizado a atender em espaços privados, oferecendo cuidado a idosos, assistência a partos, orientação para aleitamento materno, entre outras atividades. Virgínea Mendes Matias Rodrigues foi uma das que enxergaram nessa opção um ganho de autonomia e a possibilidade de dedicação ainda maior aos pacientes. “Nas consultas, faço o levantamento dos problemas e consigo propor um tratamento personalizado”, descreve. Como enfermeira especialista em dermatologia, Virgínea aprofunda seus conhecimentos em um mestrado sobre laserterapia. Com os bons resultados alcançados em seu consultório, ela já se tornou referência para quem possui feridas pós-operatórias ou lesões crônicas.
5. Acompanhar da gestação à hora do parto
A assistência da enfermagem obstétrica é fundamental no desafio de fazer diminuir as taxas de cesáreas desnecessárias e humanizar o parto. Tudo começa no pré-natal, com orientação às gestantes sobre os benefícios do parto normal. Mais adiante, o enfermeiro atua na triagem, quando é feita a avaliação para checar a frequência de contrações, a dilatação e outros dados relativos à evolução do trabalho de parto. Se não houver indicação de cesárea ou indício de complicação, os enfermeiros obstetras e obstetrizes estão habilitados a trazer a criança ao mundo. Para se capacitar para isso, após a graduação em enfermagem, os profissionais fazem especialização com carga horária mínima de 360 horas, ou na modalidade residência, com duração de dois anos. Também há a graduação que forma profissionais obstetrizes, que têm atuação exclusiva nesta área.
6. Ter diferentes formações
De acordo com a complexidade, as funções atribuídas às equipes de enfermagem exigem diferentes qualificações. O auxiliar, depois de passar por um curso de um ano e meio de duração, está apto a realizar tarefas como esterilização de materiais e a realizar curativos simples, além de preparar pacientes para exames e cuidar de sua alimentação, higiene e segurança. O técnico de enfermagem, por sua vez, precisa ter concluído o Ensino Médio para então poder ingressar em curso específico de cerca de dois anos, do qual sairá capacitado a atuar inclusive em centros cirúrgicos e UTIs. Já o enfermeiro, após a graduação em curso superior, supervisiona todo o trabalho de enfermagem e pode trilhar diferentes especializações, a exemplo de cardiologia, oncologia, obstetrícia e saúde pública.
7. Amparar as vítimas de violência sexual
Na sua maioria mulheres, as vítimas desse tipo de agressão precisam de acolhimento para expressar seus sentimentos, relatar os acontecimentos, esclarecer dúvidas e passar por exames para diagnosticar seu estado físico e emocional. No atendimento, além do preparo técnico, o olhar especial da equipe de enfermagem faz toda a diferença. O profissional explica os procedimentos a serem realizados, providencia medicações de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e, também, zela pela preservação das provas de violência, para encaminhamento às autoridades competentes. Assim, a enfermagem, além de promover o cuidado, atua para diminuir o sofrimento de quem passou por tamanho trauma.
8. Atuar nas campanhas de vacinação
Uma das maiores conquistas de saúde pública no Brasil, o calendário de imunização tem no enfermeiro uma contribuição indispensável. Seu trabalho não se resume ao manuseio, administração e registro das vacinas aplicadas. O time de enfermagem supervisiona toda a movimentação, checa a dosagem das vacinas, assim como seus estoques, atividades cruciais principalmente diante de surtos e epidemias. Isso sem contar seu papel na educação e conscientização da população, ainda mais em tempos de fake news, que vêm derrubando o índice de vacinação no País.
9. Tratar feridas crônicas
De acordo com a Associação Brasileira de Estomaterapia (Sobest), há mais de 15 milhões de pessoas necessitando de auxílio para lidar com lesões crônicas, fístulas, drenos e cateteres. Para amparar essa população, entram em cena os enfermeiros estomaterapeutas – cerca de 4 mil no Brasil –, com conhecimento científico e habilidades técnicas para assistir a pacientes estomizados, ou seja, aqueles que passaram por uma abertura cirúrgica no corpo, caso da traqueostomia. Os enfermeiros com essa formação trabalham ainda na prevenção e tratamento de escaras, as lesões na pele de pessoas acamadas por longos períodos, além de feridas crônicas de diferentes origens. O trabalho, que é exclusivo da enfermagem, conta com a participação de técnicos e auxiliares que, além de realizar curativos, orientam os pacientes e seus familiares, explicando os procedimentos e alertando sobre os cuidados com as lesões.
10. Desenvolver pesquisa científica
É graças ao empenho de enfermeiros pesquisadores que se aperfeiçoa a prática clínica com descobertas capazes de aliviar o sofrimento e melhorar o prognóstico de tratamentos. “Minha inquietude em relação aos incômodos dos pacientes na hora de introduzir as sondas nasogástricas me fez buscar alternativas para melhorar as náuseas e a sensação de sufocamento comuns ao procedimento”, relata a enfermeira Soraia Samira Peixoto Queirós. Foi assim que ela testou sua hipótese: a de que a ingestão de picolés de frutas facilitaria a passagem do tubo, por aumentar a salivação e causar adormecimento na garganta. A comprovação científica desses efeitos está em sua tese de mestrado. “Houve uma redução de 90% das queixas. Tanto que o método virou política institucional do hospital Albert Einstein”, comemora.
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