As novas tecnologias vêm transformando profundamente os mais diferentes mercados. Um dos setores mais afetados é o financeiro, que não apenas enfrenta as revoluções causadas pelo crescimento das fintechs como também encontra clientes e investidores cada vez mais antenados com os produtos e as normas do segmento. Esse cenário exige um novo perfil de profissional de investimentos. “Hoje, o profissional consegue se diferenciar ao saber analisar e interpretar as informações financeiras e as tendências de mercado e colocar num contexto mais amplo – tanto em
termos nacionais como globais – para entender e atender melhor seus clientes”, afirma Mauro Miranda, CFA, presidente da CFA Society Brazil, entidade que reúne profissionais no País detentores da certificação CFA (Chartered Financial Analyst), desenvolvida pelo CFA Institute e uma das mais cobiçadas por profissionais da área.

 

Reconhecida pela sua dificuldade de obtenção e pelo grau de conhecimento sobre o mercado que é exigido nas provas, a certificação vem chamando a atenção de empresas do setor, como bancos, corretoras e gestoras de fundos de investimento. “O principal diferencial do profissional detentor da certificação CFA é que, ao se preparar para os exames, ele consegue obter uma visão mais ampla do segmento de gestão de investimentos e planejamento patrimonial, seus produtos e serviços”, afirma Miranda. Segundo o executivo, para as empresas, é muito importante ter profissionais que consigam entender e analisar produtos de renda fixa, renda variável, derivativos, ações, investimentos alternativos, commodities, e private equity, entre ou tros, mesmo que cada profissional tenha uma área mais específica de especialização.

 

Alta empregabilidade

A certificação Chartered Financial Analyst (CFA) começou nos Estados Unidos em 1963 e hoje está presente em mais de 150 países. São cerca de 165 mil profissionais certificados em todo o mundo. No Brasil, a CFA Society Brazil atua desde 2004 e possui mais de 1,2 mil associados. Todas as provas são desenvolvidas e ministradas pelo CFA Institute, com sede nos Estados Unidos, instituição bastante rigorosa com relação aos requisitos necessários para um candidato obter a certificação. (veja quadro).

 

O CFA Institute relata que, em média, os alunos informam dedicar de 300 a 330 horas de estudo para cada um dos três níveis do Exame CFA. “Passar nas provas exige muita dedicação. As estatísticas mostram que, de cada 100 candidatos que iniciam o processo, apenas 13 recebem certificação, que só é obtida após a aprovação no terceiro nível do programa do CFA e a comprovação de experiência profissional relevante”, esclarece Miranda. “O lado bom é que, mesmo em um mercado em retração, esses profissionais costumam ser os mais procurados para posições em finanças e investimentos, tendo em vista sua qualificação.”No Brasil, além de estudarem por conta própria, os interessados podem fazer cursos preparatórios na própria CFA Society Brazil. Com turmas de até 35 alunos, a entidade oferece programas de 138 horas/aula, focados no conteúdo das provas. “Como a procura é crescente, com aumento de cerca de 13% ao ano no número de candidatos, as turmas estão sempre lotadas”, lembra o presidente da entidade no Brasil.

 

Como obter a certificação
O candidato precisa passar por três etapas:
1- Ser aprovado nos três níveis do exame CFA;
2- Comprovar 4 anos de experiência profissional em atividade relacionada ao processo de gestão de investimentos;
3- Associar-se ao CFA Institute e aderir ao Code of Ethics and Standards of Professional Conduct do CFA Institute.
Os três níveis de exames apresentam as seguintes características:

 

◦ Nível I – 240 questões de múltipla escolha, voltadas para o entendimento das ferramentas de investimento;
◦ Nível II – 120 questões de múltipla escolha baseadas em 21 mini-estudos de casos e com foco na precificação de ativos;
◦ Nível III – 60 questões de múltipla escolha baseadas em mini-estudos de casos e mais um número de questões que requerem respostas discursivas e analíticas, com foco em gestão de carteiras e planejamento patrimonial.