Produtos que protegem do tempo seco e frio

Embora tenho chovido um pouco nos últimos dias, este tem sido um dos invernos de maior estiagem da história. O Sul e o Sudeste chegaram a ficar mais de 50 dias sem chuva – e em São Paulo não se via um mês de julho tão seco desde 1943, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A falta de umidade é um dos fatores que mais agridem o corpo humano, com destaque para a pele e o cabelo, que mantêm contato direto com o mundo externo (veja no quadro nesta página por que isso acontece). A boa notícia é que, segundo os especialistas, é possível protegê-los dos efeitos negativos da estiagem com a adoção de alguns cuidados e o uso dos produtos certos.

Segundo o dermatologista Daime de Villa, do Centro Médico e Spa de Longevidade de Gramado (RS), a primeira precaução é com a hidratação do corpo. Ele recomenda ingerir, pelo menos, dois litros de água por dia, além de manter uma alimentação rica em líquidos e nutrientes importantes. E faz um alerta: não tomar banho muito quente (o ideal é a água em torno de 24ºC) ou demorado, que agride ainda mais a pele e o cabelo.

Para o dia-a-dia

A dermatologista Carla Bortoloto indica o uso de hidratantes, de preferência, aplicados logo após o banho, quando os vasos sanguíneos dilatados e a superfície úmida potencializam a absorção dos agentes umectantes. Os especialistas recomendam também uso diário de protetor solar e esfoliantes de pele uma vez por semana.

Por ser uma região sensível, os lábios também sofrem com a baixa umidade do ar. Para evitar rachaduras e inflamação no local, a indicação é a utilização de hidratantes labiais ou até mesmo os multifuncionais, como batons com hidratante com protetor solar.

A indústria de higiene pessoal e cosméticos, uma das que mais investem em inovação no País, oferece produtos com diversas substâncias para proteger a pele, inclusive a do couro cabeludo. A lista inclui desde itens já tradicionais, como ureia, ceramidas, aquaporinas e lanolina, até ativos modernos, como vitamina E e alantoína, que hidratam e restauram a barreira lipídica da pele seca e sensível.

O cabelo merece cuidados específicos. Segundo o dermatologista e tricologista Valcinir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), o ideal é lavá-los com menor frequência (no máximo, dia sim, dia não).

Cuidado integral

Nos últimos anos, os cosméticos para tratar o cabelo e o couro cabeludo evoluíram muito. Foi-se o tempo, por exemplo, em que os xampus anticaspa deixavam os fios ásperos e opacos. Hoje, eles conseguem proteger contra a dermatite seborreica, causa da caspa, e ao mesmo tempo controlar a oleosidade e a hidratação dos fios.

No tempo muito seco, os especialistas recomendam usar máscara para hidratação do cabelo uma vez por semana. O dermatologista Adriano Almeida, diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo, afirma que a indústria disponibiliza atualmente diversas opções para combater o ressecamento.

“Os cosméticos ricos em ativos naturais, como óleo de coco, de argan, assim como as máscaras ricas em manteigas de Karité, de cupuaçu, entre outras, estão cada vez mais eficientes”, ele afirma. “Mas merece destaque a utilização de ativos como silicone volátil na formulação dos produtos. Eles apresentam excelentes resultados para a hidratação e a recuperação da fibra capilar.”

O tricologista Luciano Barsanti, diretor médico do Instituto do Cabelo e presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia, concorda. Segundo ele, além da hidratação, a indústria vem avançando sensivelmente no desenvolvimento de produtos que reparam a cutícula e restabelecem o equilíbrio eletrostático dos fios, evitando o chamado efeito frizz. “Esses xampus contam com substâncias orgânicas e naturais como o muru muru e macadâmia, além de aminoácidos como a arginina e a cistina, que atuam no realinhamento da camada externa do cabelo”, ele explica.

Os especialistas lembram ainda de duas outras frentes de inovação da indústria: o uso de polímeros, uma matéria-prima multifuncional que protege tanto o cabelo quanto a pele de agressões externas; e a nanotecnologia, que torna a aplicação dos ativos ainda mais precisa. Tudo para proteger as pessoas dos efeitos nocivos do clima seco, do frio e de outros agentes agressores e proporcionar a elas mais saúde e sensação de bem-estar.

Entenda como a estiagem e o frio agridem o corpo

O dermatologista Cristiano Kakihara, de São Paulo, explica que a combinação entre tempo seco e frio, característica do inverno brasileiro, prejudica demais a pele. Segundo ele, quando a quantidade de água dos tecidos cutâneos diminui, há perda de parte de suas capacidades funcionais. “Ocorre a alteração da composição química do manto hidrolipídico, camada de gordura existente na superfície da pele que tem a função de manter a hidratação e proteger o organismo de infecções”, explica Kakihara. Ou seja: a pele ressecada torna-se sensível e reativa a qualquer agressão externa. Para piorar, o frio reduz a transpiração, diminuindo a produção de hidratantes naturais pelas glândulas sebáceas. E, para completar, as pessoas costumam tomar banhos quentes e demorados, que ressecam ainda mais a pele. O resultado são coceiras, áreas esbranquiçadas, aspereza e aumento do risco de irritações e dermatites.

Impacto nos fios

Com o cabelo, o problema é semelhante. Segundo o tricologista Luciano Barsanti, o fio capilar é formado por três camadas: a medula (parte interna), o córtex (intermediária) e a cutícula (superfície externa). “A disposição das estruturas da cutícula se assemelha a escamas de peixe e sua função é revestir o córtex e criar uma barreira de proteção às agressões externas, como baixa ou alta umidade do ar, sol e vento”, conta. Porém, um longo período de estiagem pode provocar o desgaste das cutículas, a perda gradativa das estruturas intercelulares e a desidratação da fibra capilar. “O ar seco provoca, ainda, o aparecimento de uma eletricidade estática nos fios, que os deixa eriçados. Os cabelos ficam ressecados, frágeis, opacos, difíceis de pentear e com bastante frizz. Além disso, a baixa umidade, associada ao clima frio, também altera a saúde do couro cabeludo, que pode se tornar mais oleoso e apresentar dermatite seborreica, também conhecida como caspa”, alerta o médico.

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