Do xampu da vovó até os dias de hoje

O cabelo é uma paixão nacional. Não à toa, esse é um mercado em constante evolução. As indústrias que atuam no segmento de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos aplicam 2% da receita em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos – é o segundo setor industrial que mais investe em inovação no País. Ao longo das últimas décadas, esse segmento empresarial vem oferecendo ao público produtos com substâncias cada vez mais eficientes para a tarefa de cuidar dos fios. Confira a linha do tempo com alguns dos principais marcos desse desenvolvimento.

Anos 60: limpo, mas difícil de pentear

Na década de 60, os xampus usavam como ativos detergentes bem simples. Já eram muito eficientes na limpeza, mas alguns aspectos de sua composição, como o pH alcalino, tornavam os cabelos de muitas pessoas difíceis de pentear.

Anos 70: bem-vindos os condicionadores

A indústria lançou xampus mais suaves, com pH mais equilibrado, mantendo um excelente poder de limpeza. E desenvolveu um produto pós-lavagem com quartenário de amônia, substância própria para dar maciez e facilitar o penteado. Nasciam ali os condicionadores. “Matérias-primas que limpam, utilizadas em xampus, têm carga negativa. Os ingredientes condicionantes que desembaraçam o cabelo possuem carga positiva, neutralizando a carga presente nos fios”, explica o farmacêutico e cosmetólogo Lucas Portilho, diretor da pós-graduação do IPUPO Educacional. A marca Neutrox, lançada em 1974, foi precursora nesse segmento.

Anos 80: surgem os primeiros 2 em 1

Em busca de praticidade, foram lançados os xampus 2 em 1. “Inicialmente, eles focavam o público masculino, que não consumia condicionadores”, lembra Lucas. Foram desenvolvidas moléculas com carga positiva que se comportavam de forma estável mesmo em fórmulas de xampus, onde existiam matérias primas com carga negativa.

Anos 90: fio de cabelo desvendado

Graças aos microscópios eletrônicos, os pesquisadores puderam enfim identificar a estrutura química do cabelo, formado predominantemente por uma proteína chamada queratina. A partir de então, o ritmo de inovação acelerou. Segundo o professor de dermatologia Valcinir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), a primeira mudança foi simples: “A indústria passou a criar xampus e condicionadores da mesma linha. Isso foi importante porque o xampu é um desengordurante e o condicionador devolve um pouco dos lipídeos retirados. Se eles não atuam em dupla, essa devolução pode não ser equilibrada”.

A farmacêutica Mika Yamaguchi lembra ainda que os anos 90 marcaram o início do mercado de produtos étnicos e o lançamento dos cremes para pentear. Sugiram também os tratamentos com queratina para restaurar o fio e as primeiras pesquisas com uma substância que viria com tudo na década seguinte: o silicone.

Anos 2000: ativos tecnológicos

Dar brilho, reduzir o frizz, proteger os fios. Esses foram alguns dos benefícios proporcionados pela entrada do silicone na composição de muitos produtos capilares. “Inicialmente, ele formava um filme e se acumulava nos fios, deixando o cabelo sem volume”, recorda o cosmetólogo Lucas Portilho. Mas isso também virou passado. “As novas versões não causam mais esse efeito”, afirma.

Nos anos 2000, os produtos se tornaram específicos, diferenciados, para atender necessidades particulares de cada tipo de cabelo. Quem imaginou que o condicionador fosse morrer por causa dos xampus 2 em 1 se enganou. Ele não só continuou vivo como gerou uma irmã chamada “máscara capilar” – uma forma ainda mais potente contendo ativos de tratamento. Sugiram as versões sem enxágue. “Depois, apareceram as ampolas, com ingredientes ainda mais concentrados”, conta Lucas. Os óleos vegetais vieram com tudo –  o de Argan, por exemplo, virou um sucesso mundial.

 Anos 2010: o cabelo pode tudo!

O aumento da eficiência dos tratamentos capilares estimulou a criatividade na hora de criar penteados com ferramentas térmicas como secador, chapinha, modelador. E isso estimulou a criação de novos produtos estilizadores e protetores, específicos para cabelo liso, misto, oleoso, crespo, quimicamente danificado. “Existem inclusive ativos que regeneram a fibra capilar de dentro para fora, como o Luna Matrix System, um grande sucesso no início dos anos 2000”, lembra Lucas. Para atuar ainda mais fundo na saúde dos fios, a indústria desenvolveu produtos próprios para o couro cabeludo. “É uma visão de saúde integral. De tratar o cabelo como um todo”, diz a farmacêutica Mika Yamaguchi.

As inovações não param. Há alguns anos, a indústria lançou produtos com uma molécula batizada de FiberHance, tão pequena que consegue penetrar no fio e devolver seu aspecto original mesmo após descolorações e outras químicas. Outra novidade, segundo Lucas Portilho, foi o “ácido hialurônico para cabelo com efeito 7 em 1: hidratação, volume natural, frizz free, mais resistência, proteção contra poluição, brilho e suavidade”. Como se vê, ciência, tecnologia e indústria estão unidas há décadas na missão de cuidar cada vez melhor da paixão dos brasileiros pelo cabelo.

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