Por que somos tão importantes em produtos para cabelo

Quando o assunto é cabelo, o Brasil é um mundo de diversidade. Em muitos países europeus, a população apresenta poucos tipos de fios. Na Holanda, por exemplo, são cerca de três. Aqui, temos liso, ondulado, encaracolado, crespo, seco, com raiz oleosa, ponta ressecada, oleoso, loiro, ruivo, castanho…. Esse é um dos principais motivos de o mercado de produtos capilares ter tamanha importância no Brasil. “A diversidade e a miscigenação do povo brasileiro fazem com que sejamos uma das mais ricas sociedades em termos de tipos de cabelos”, observa Valcinir Bedin, professor de dermatologia e presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC).

A antropóloga Lígia Krás, pesquisadora de comportamentos e tendências, aponta algumas razões para nosso apego maior ao cabelo. “Somos um povo muito cuidadoso com a higiene do corpo todo. Inclusive, nos orgulhamos disso em comparação com os hábitos de outros países”, ela lembra. Outro motivo importante é a expressão de identidades distintas. “A progressiva, as luzes, a pintura, a hidratação… são cuidados que revelam buscas simbólicas. ”

Os brasileiros costumam lavar o cabelo diariamente. A médica tricologista Ana Carina Junqueira ensina que, do ponto de vista da higiene e saúde dos fios, é suficiente lavá-los dia sim, dia não. Já uma frequência menor que essa pode acabar causando acúmulo de partículas de sujeira, fragilizando a haste e tornado o fio quebradiço. “Os poluentes do ambiente alteram a cor e a textura da haste, piorando a sua aparência”, diz o professor Valcinir.

Consumo e tributos

A importância do cabelo se reflete no tamanho do mercado. De acordo com dados da empresa de pesquisas Kantar, o Brasil movimentou R$ 5,6 bilhões em produtos capilares em 2016. Mas o acesso a esses itens vem sendo dificultado nos últimos anos por aumentos de impostos, algo que vem atingindo todo o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Para ter uma ideia, desde 2015, 18 estados elevaram o ICMS de produtos do segmento. No Paraná, por exemplo, a alíquota sobre xampu teve elevação de 50%, passando de 12% para 18%. E houve aumento também na carga tributária federal. Essas mudanças acabaram provocando elevação nos preços e contribuído para a redução no consumo, fazendo com que o Brasil, que já foi o segundo maior mercado global de produtos para cabelo, caísse duas posições. Ainda assim, a quarta colocação é um ótimo resultado para um País com a oitava economia mundial.

De todos os produtos consumidos aqui, a maior parte se refere aos chamados pós-xampus, categoria que inclui os tratamentos feitos após a limpeza do cabelo. Segundo a dermatologista Ligia Kogos, o motivo está relacionado com o consumo das mulheres. “As brasileiras, em sua maioria, têm cabelo escuro e encaracolado, mas sonham em ser loiras e ter fios lisos. Para isso, passam por processos químicos que causam muitos danos aos cabelos”, explica. Acabam utilizando, portanto, muitos produtos de reparação capilar.

Há também razões climáticas. “Em alguns lugares, faz muito calor e as pessoas tomam muito sol e banho de mar; em outros, faz frio e se usa muito secador. Em todos os casos, o cabelo acaba sofrendo”, analisa a antropóloga Lígia Krás. Para reparar esses danos, a indústria brasileira investe muito em inovação e no lançamento de novos produtos – temas que serão abordados em outras reportagens sobre os cuidados com os cabelos que serão publicadas neste espaço nos próximos meses.

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