Uma viagem no tempo para explicar os hábitos de higiene do brasileiro

O jornalista Eduardo Bueno é o autor de um dos principais livros que buscam explicar como os brasileiros desenvolveram seus hábitos de limpeza. A obra Passando a limpo: História da higiene pessoal no Brasil, lançada em 2007 e patrocinada pela Kimberly-Clark, parte do início da civilização, passa pela chegada de Pedro Álvares Cabral e desembarca nos anos recentes para explicar alguns dos hábitos adquiridos, como o de tomar banhos todos os dias. “Neste livro, pude contar a história do Brasil pela ótica da limpeza, um aspecto que muitas pessoas desconhecem”, comenta o jornalista.

Veja algumas histórias curiosas que explicam costumes atuais, selecionadas pelo autor.

A limpeza que vem do berço da civilização

Os cuidados com a higiene pessoal são muito antigos. Registros arqueológicos mostram que na Mesopotâmia, há mais de 6 mil anos, já se sabia da importância da limpeza para a manutenção da saúde. E no Egito Antigo já se faziam misturas à base de cinzas e argila, geralmente perfumadas, para usar como sabão em banhos diários de membros das famílias dos faraós.

O legado indígena para os brasileiros

Os índios que habitavam o Brasil quando os portugueses atracaram no litoral do País foram responsáveis por transmitir muitos dos hábitos de higiene que ainda permeiam a cultura nacional. Todos se depilavam, cortavam e lavavam os cabelos. Para isso, usavam produtos vegetais como o óleo de andiroba e extrato de pitanga, que ainda hoje são usados na indústria de higiene pessoal. Também veio deles o costume de tomar banho diariamente, ato que os portugueses evitavam. “Nessa época, os europeus tomavam de um a dois banhos por ano, e apenas por recomendação médica”, conta Eduardo Bueno. “Eles achavam que a abertura dos poros que acontecia após o banho seria a porta de entrada para a ‘peste’ responsável por deixar tantos de cama”.

A inspiração francesa

O famoso período conhecido como Belle Époque fez florescer importantes transformações culturais no continente europeu. Anos depois, na década de 1950, o Brasil copiou o modelo francês, adicionando algumas nuances tropicais.  Nessa época, cremes, pomadas, sabonetes e xampus conquistaram os banheiros dos lares brasileiros, cômodo que ganhou importância central na produção de uma boa aparência. Os metais, louças e azulejos com superfícies lisas e polidas que decoravam o espaço remetiam à limpeza e funcionalidade, marcas desse período.

A indústria americana

A consolidação dos hábitos de higiene no Brasil está entrelaçada à entrada de empresas americanas após a segunda guerra mundial e durante o governo do então presidente Juscelino Kubitschek, que promoveu a abertura econômica do País.  “Foi por meio de grandes indústrias dos Estados Unidos que os brasileiros tiveram acesso a produtos como desodorante, creme de barbear, absorventes íntimos etc. A presença dessas empresas foi determinante para estabelecer os altos padrões de higiene que temos hoje”, explica Eduardo Bueno.

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