O Brasil foi um dos pioneiros em estampar na embalagem dos alimentos e bebidas os dados referentes ao produto, como a tabela nutricional. Com o tempo, cresceu a demanda por informações mais claras sobre os nutrientes que compõem os alimentos. Por isso, desde 2014 a Anvisa está trabalhando para criar uma nova regulamentação, com a participação dos diversos segmentos da sociedade brasileira, incluindo o setor produtivo.

A Rede Rotulagem, formada por entidades do setor de alimentos e bebidas, propõe um modelo que traz informações completas sobre os alimentos, com a utilização das cores do semáforo, e estimula a adoção de hábitos saudáveis de consumo, sem alarmismo ou proibições.

Para discutir esse assunto, convidamos para um bate-papo (foto acima, da direita para a esquerda) João Dornellas, presidente executivo da ABIA- Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, a nutricionista Vanderli Marchiori, secretária-geral da Associação Paulista de Nutrição Esportiva e o advogado Vitor Morais de Andrade, professor do curso de direito da PUC de São Paulo. Clique aqui e assista a todo o debate.

Democratização do conhecimento
Um dos pontos principais abordados durante a conversa foi a importância do acesso à informação nutricional. “Ela é imprescindível para que o consumidor tenha capacidade de tomar as suas decisões sobre o que deve ou não levar para casa, de acordo com o seu estilo de vida, sem alarmismos”, diz o presidente da ABIA, João Dornellas. A necessidade de fazer com que os dados estampados nos rótulos sejam acessíveis para todos também é uma preocupação. “Acredito que o novo modelo deve ter uma simbologia universal, como as cores do semáforo, para indicar as quantidades de certos nutrientes que têm impacto direto na saúde, em especial açúcares, gorduras saturadas e sódio”, defende a nutricionista Vanderli Marchiori. Outro tema que mereceu destaque foi a base da declaração dos nutrientes. “O ideal é que sejam consideradas as porções dos alimentos que costumam ser consumidas pelas pessoas, já que ninguém come 100 gramas de margarina de uma vez, por exemplo”, completa a nutricionista. (Veja quadro abaixo)

Não basta informar, tem que educar
O acesso ao conhecimento nesse caso é uma preocupação bem antiga. “O interesse dos consumidores vai evoluindo. Se analisarmos o Código de Defesa do Consumidor, que tem quase 30 anos, esse sempre foi um dos temas mais relevantes. Mas temos que avaliar se essas informações estão sendo passadas de maneira que realmente auxiliem as pessoas no seu cotidiano”, ressalta o advogado Vitor Morais de Andrade. De fato, é importante que a população seja educada para conseguir compreender o que está escrito nas embalagens. “E essa educação é obrigação de todos, do governo, da indústria e dos próprios consumidores”, ressalta Andrade.

Assim, além de entender os dados que estão apresentados nos rótulos, as pessoas poderão interpretá-los e utilizar o seu conhecimento para ter uma alimentação mais saudável, mesmo quando estiverem comendo fora de casa ou ingerindo itens que não vêm embalados.

Informações devem destacar açúcar, gordura saturada e sódio
Proposta da Rede Rotulagem defende modelo que visa à educação alimentar do brasileiro e a uma dieta balanceada, sem proibições

As gôndolas dos supermercados oferecem tantas opções que as pessoas costumam ficar em dúvida sobre qual item devem colocar no carrinho. As palavras e os números estampados na embalagem do alimento não ajudam muito nesse caso, pois não apresentam as informações adequadas às necessidades e ao estilo de vida atual. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está conduzindo um processo de mudança da rotulagem nutricional, e a Rede Rotulagem, que reúne entidades ligadas ao setor de alimentos e bebidas, propõe um novo modelo de rótulo, com mais clareza para ajudar o consumidor a escolher os alimentos e ter uma dieta balanceada.

Veja os detalhes da proposta:

Aprovado pelo consumidor
A população aprova essa proposta. Uma pesquisa realizada pelo Ibope mostrou que 7 entre 10 brasileiros preferem o modelo de rotulagem apresentado em porções, com cores e mais completa. Além disso, a ideia apresentada pela Rede Rotulagem foi considerada mais clara e didática por 65% dos entrevistados; para 89% deles, o modelo incentiva escolhas alimentares mais nutritivas. Já 66% acham que ela facilita a comparação entre os produtos, enquanto 70% dizem que, com as medidas caseiras, compreendem melhor as informações nutricionais. Ou seja, não faltam razões para que a rotulagem proposta seja colocada em prática.