Albert Einstein
O físico Albert Einstein era um adepto da hipnoterapia. Reza a lenda que o pai da teoria da relatividade passava por sessões de hipnose todas as tardes para se concentrar e colocar em prática suas ideias.
Pode soar meio inacreditável que um simples gesto com as mãos seja suficiente para colocar uma pessoa em transe. Mas a hipnose realmente tem esse poder e é levada a sério por médicos, cientistas, psicólogos e até policiais, que recorrem aos seus benefícios como apoio a tratamentos e até para solucionar crimes.
Clique no vídeo e entenda como a hipnose evoluiu ao longo dos anos.
Beta: São emitidas de 13 a 25 ciclos de ondas por segundo. Nesse estado a pessoa está alerta (consciência total).
Alfa: São emitidos de 8 a 12 ciclos de ondas por segundo. Nesse estado a pessoa está muito relaxada (princípio do estado de hipnose).
Teta: São emitidos de 4 a 7 ciclos de ondas por segundo. Esse estado é associado às memórias da pessoa (hipnose profunda).
Delta: São emitidos de 5 a 3 ciclos de ondas por segundo. Nesse estado é possível tratar insônia (sono profundo).
Uma pesquisa realizada na Inglaterra constatou que a predisposição para ser hipnotizado depende da conexão entre os dois hemisférios cerebrais.
No estudo, foi constatado que aqueles que têm os hemisférios cerebrais trabalhando de forma equilibrada são menos suscetíveis.
Já aqueles com um dos dois hemisférios dominantes, são mais suscetíveis à hipnose.
A atividade em áreas do cérebro associadas à razão diminuem, aumentando nas regiões onde se guardam imagens (lobo occipital), emoções (amigdala) e memória (hipocampo).
A hipnose pode ser autoinduzida, quando a pessoa aplica a técnica em si mesma, ou alter-induzida, quando é aplicada por terceiros.
A pessoa hipnotizada entra em um estado de devaneio, que permite que imagens, sentimentos e informações aflorem, se reagrupando no giro do cíngulo anterior.
Este “conteúdo” segue, então, para córtex pré-frontal, quando chega ao consciente da pessoa hipnotizada.
A hipnose afeta o giro do cíngulo anterior direito, responsável por levar informações de sentidos à parte racional.
Reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, a hipnose é uma ferramenta de apoio ao diagnóstico e tratamento médico.
Quando o hipnotizador pede que movam a mão direita, o córtex motor é acionado e todos se preparam para mover a mão.
Na vez da mão esquerda, podemos perceber o mesmo ocorrendo novamente no córtex motor.
Em pessoas hipnotizadas, o córtex motor manda sinais para o precuneus, área envolvida no imaginário mental e memórias. Fingidores não usam o precuneus.
O cérebro conta com diferentes níveis de atividade, medidos de acordo com os ciclos de ondas por segundo. São eles que determinam se estamos alertas, relaxados ou dormindo. Os ciclos são divididos em beta, alfa, teta e delta.
Há diferentes correntes de estudo, o que significa que é possível encontrar diferentes opiniões e constatações sobre o assunto. Há aqueles que acreditam que todo mundo é hipnotizável em algum estágio, outros que diferentes porcentagens da população são suscetíveis. Entre os testes mais comuns estão a Escala Stanford e a Escala Grupal de Harvard.
Na vida real, a hipnose é um pouco diferente do que vemos na ficção. Ninguém perde a memória ou faz tudo o que o hipnotizador manda. Geralmente, a hipnose é feita por meio de estímulos monótonos e repetitivos, que levam ao relaxamento do corpo e da mente.
Existe uma parcela muito pequena da população – estimada entre 5% e 10% - capaz de chegar a um transe mais intenso, que em alguns casos resultam em amnésia e alucinações.
A hipnose já tem sido utilizada com sucesso no tratamento de dores crônicas, insônia, enxaqueca, obesidade, vícios, fobias, doenças da pele e até cancer. A prática ajuda a combater a somatização, que é quando a doença se manifesta ou se agrava devido a um distúrbio emocional.
Estudos demonstram que é possível saber se uma pessoa realmente está hipnotizada ou apenas fingindo a partir de imagens do cérebro. Os padrões cerebrais de quem está hipnotizado (amarelo) são diferentes de quem não está (vermelho) ou que finge estar (verde).
Desde o século passado, a hipnose é usada para tratar doenças e vícios. Entenda como essa técnica funciona e em que casos ela é usada como uma terapia importante em prol da cura.
Ver maisVocê está olhando para um ponto fixo, e, de repente, tudo o que está ao seu redor desaparece. É assim que a sensação hipnótica começa. Dali em diante, a pessoa perde a noção do tempo e fica sob o “comando” do hipnotizador. Durante a hipnose, o cérebro passa por um fenômeno neurológico que altera a consciência e afeta diretamente a relação entre as diversas áreas cerebrais. Esta terapia faz com que o cérebro lembre de fatos esquecidos, ignore a dor ou ainda associe vícios, como álcool e cigarro, a situações desagradáveis que vão mudar o comportamento da pessoa.
A maioria dos seres humanos pode ser hipnotizada, mas apenas se quiser. Segundo um estudo da Universidade de Stanford, apenas 25% da população não pode ser hipnotizada. O psicólogo formado pela Universidade de São Paulo e especialista em hipnose Guilherme Raggi explica que quem “sonha acordado” com mais frequência costuma ser mais hipnotizável. Mas que a capacidade de entrar em transe, mesmo com treinamento constante, diminui enquanto se envelhece. “É importante salientar que a capacidade de alguém ser hipnotizado depende de suas disposições pessoais, sua crença em relação ao fenômeno, a motivação para a experiência, a relação que ela estabelece com o hipnotizador e as técnicas usadas.”
Durante o estado hipnótico, praticamente todas as áreas do cérebro são afetadas, com destaque para as partes frontais do córtex. Essas áreas, responsáveis pelas funções de planejamento e execução dos comportamentos, permanecem inibidas durante os procedimentos. “É isso que dá a sensação de ‘passar parte do próprio controle’ para o hipnotista”, diz. A Associação Americana de Psicologia classifica a hipnose como um estado de consciência que mantém o foco da atenção em algo, reduzindo a consciência periférica.
A hipnose foi criada no século XVIII pelo médico alemão Franz Mesmer (1734-1815), que a usava para curar doenças. Sigmund Freud (1856-1939) também utilizava tratamentos hipnóticos. Ele, assim como seu mentor, o médico francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), faziam uso da técnica para atender seus pacientes; mas, tanto aluno como professor, pararam de hipnotizar seus pacientes depois que descobriram o aumento dos surtos psicóticos como efeito colateral da prática.
Atualmente, a hipnose tem obtido mais espaço em várias áreas médicas. A prática é aceita pelos conselhos brasileiros de psicologia, medicina e odontologia desde 2000, 1999 e 1993, respectivamente. Nos tratamentos feitos por psicólogos, a hipnose é apenas uma parte da consulta tradicional, dura menos de uma hora. Há ainda a possibilidade de controle do próprio paciente, que é orientado a fazer a auto-hipnose para dar continuidade ao tratamento.
A hipnose é uma terapia “limpa”, que não recorre a medicamentos, procedimentos físicos ou uso de equipamentos. Em geral, as terapias deste tipo são condicionadas à avaliação biopsicossocial e duram entre seis e 12 sessões. “Um tratamento para alguém que tem transtorno de estresse pós-traumático vai ser essencialmente diferente do que o de alguém que quer parar de fumar.” Isso porque podem ocorrer reações inesperadas durante o processo. A pessoa pode ouvir barulhos ou sentir cheiros muito mais intensamente do que em qualquer outra situação. “Também já vi aparecer uma segunda personalidade em uma pessoa durante o transe”, conta Raggi.
Para o tratamento de dependentes químicos, por exemplo, a hipnose é usada como terapia coadjuvante. Assim após uma boa avaliação da situação do indivíduo, dos seus recursos psicológicos e da sua rede de apoio social, ela pode ser usada para associar o uso da droga com algo desagradável e assim aumentar a importância de aspectos bons (como a saúde, a relação com a família). A ideia é fazer com que o cérebro entenda que aquilo não é bom, mas esse resultado talvez não fosse conseguido com a mesma eficiência em uma “conversa racional”.